Coração em Perigo(Degustação)

Capítulo 3

—Bom dia, Dalson, eu o deixei esperando?

—Não senhor. – Tessa sorri de modo cínico, puxa uma cadeira e se acomoda abrindo seu tablet. Se tem uma coisa que me impressiona é a rapidez com que digita nessa coisinha que eu mal sei usar.

Por uma hora escuto o homem, ele é bastante seguro, sabe defender seu projeto e tem ótimos argumentos, parece bastante interessante, me comprometo a analisar os números e dar uma resposta na próxima semana, parece bom seu plano, posso falar com o financeiro e investir um pouco nisso.

Assim que deixo a sala de reuniões minha mente voa para próxima tarefa e meu dia vai correndo de um problema para outro sem hora para acabar.

— Sua mãe ao telefone. – Tessa me avisa perto das quatro da tarde. – Ela não vai desistir.

Pego o telefone depois de um suspiro, Tessa vira as costas deixando minha sala. Tem vezes que ela simplesmente não me dá escolhas e detesto isso.

—Alô!

— Filho, que saudade.

—Eu também, mamãe. A vida está tão corrida. Como você está?

— Nada bem. – Um alerta dispara em meu cérebro.

—O que está sentindo? Sua enfermeira está aí com você?

—Está sim, ela diz que estou razoável, mas sei que não estou nada bem, liguei porque... você sabe, com setenta e cinco anos, todo dia pode ser uma despedida.

—Mãe, que absurdo, diz isso só para me deixar preocupado. – Ela adora esse drama e não tem uma vez que não me deixe apavorado.

— Nunca faria isso com você. Por que não vem jantar comigo?

— Porque estou tão ocupado, mamãe.

—Que pena, mandei preparar um jantar especial, mas tudo bem, só liguei mesmo para dizer que o amo caso algo me aconteça, jamais esqueça isso.

— Não vou me esquecer, te amo. – Ela desliga e respiro fundo fechando os olhos um instante, tanta coisa para fazer, me levanto pegando meu celular. Deixo a sala apressado. – Tessa, vamos até a casa da minha mãe.

— Gareth, ainda tem...

—Eu sei, vamos resolvendo as coisas no caminho. – Tessa pega a bolsa enquanto chamo o elevador, ela vai mexendo no tablet com a cabeça baixa até o carro, se acomoda ao meu lado e dou partida pensando que a agenda foi para o espaço, devia ter ido visitar mamãe no domingo, mas preferi jogar tênis e dormir um pouco, sabia que ela usaria isso contra mim.

— Você sabe que ela está ótima e isso é só chantagem emocional? – Tessa me pergunta quando deixo a garagem.

— Sei, mas uma ponta de dúvida sempre fica.

— Falei com Melinda hoje cedo, para avisar sobre o pagamento das enfermeiras e as compras do supermercado, ela está ótima, rimos uns dez minutos juntas.

—Eu sei que sempre caio nessa. – Reclamo enquanto ultrapasso um carro para ganhar tempo. – Devia ter ido almoçar com ela domingo.

—O cordeiro estava uma delicia. – Olho para o lado sem acreditar em como elas ficaram amigas, não costumo encontrar Tessa na casa da minha mãe, mas sei que ela frequenta a casa como convidada quase que semanalmente.

—Ela ama cozinhar.

—Vamos trabalhar. – Tessa diz se acomodando. – Vou transferir o que posso para amanhã, se não demorar muito ainda dá para manter os compromissos de depois das sete, vai jantar com o diretor da Collins e a esposa. Tem que chegar até as nove.