Stara

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Nos últimos cinquenta anos, desde que os primeiros filhos de Etherium deixaram seu planeta natal para explorar as estrelas, os caças élficos sempre foram a melhor opção para o mapeamento da superfície de novas terras.

E era em um desses caças que Stara se encontrava. Apesar de que sempre teve as melhores notas na academia de voo, as as simulações em realidade virtual eram bem diferentes de pilotar um autêntico caça Eldar modelo 5000. Na claustrofóbica cabine, um oceânico painel de botões se estendia sobre o cockpit, comprimindo o espaço de visão em uma pequena janela de mais o menos um metro por cinquenta centímetros. Na parte superior, uma foto dela pequena junto de sua mãe. Através do vidro uma luz intensa se tornava cada vez mais clara. Stara estava entrando em orbita. 

Pra você mãe. Ela pensou.

um chiado no rádio indicava que alguém entraria em contato.

"É agora ou nunca bonitinha." disse uma voz feminina.

"Entendido." Stara respondeu "Vamos tentar manter formação."

Stara não gostava das provocações de Maia desde que a conhecera na academia de voo. Ela rezava aos antigos deuses para que a convivência com aquela elfa arrogante fosse curta, mas desde que elas haviam sido designadas para o mesmo esquadrão, Stara entendera que deveria aceitar, afinal, como dizia o velho mago "Tudo acontecia exatamente da forma que deveria acontecer" e agora elas eram irmãs de voo, deveriam cuidar uma da outra como uma família, assim como todos os pilotos Eldar.

O caça começou a sacudir como uma britadeira lunar. Stara imaginava que o calor do lado de fora fosse o mesmo ou talvez maior do que o das forjas anãs de Etherium. Um som grave e metálico invadiu suas alongadas orelhas élficas. A luz pálida começou a diminuir e deu lugar a um lindo céu roxo. A entrada fora bem sucedida, e lá em baixo, a piloto conseguia avistar grandes planícies rochosas que terminavam em um enorme vale com pequenos acidentes no solo.
Um chiado indicava que mais uma mensagem chegava no rádio.

"Conseguimos meninas" disse Azira, a elfa que completava o trio de reconhecimento.

"Vamos pousar naquele vale, logo depois das rochas." disse Stara.

"Vocês ouviram a capitã, vamos lá!" completou Maira.

Stara ignorou o deboche. Azira percebeu. Na verdade todos na academia percebiam a implicância vinda de Maira para Stara. Ninguém disse mais nada, e os caças se dirigiram ao vale que se encontrava a cerca de dois quilômetros de distancia, abaixo das nuvens avermelhadas daquele céu purpura.

Os caças pousaram com um suave movimento vertical devida as turbinas que direcionavam a propulsão. De baixo deles, grandes círculos enegrecidos se formavam no chão devido a temperatura.

A cabine deslisou para trás. Stara desafivelou os cintos de segurança em cruz, retirou o capacete cromado (que exibia o simbolo da Eldar Industries nas laterais, uma grande estrela de nove pontas representando os primeiros nove reis élficos.) que libertou seus longos cabelos ruivos, soltou o respirador do rosto, se levantou e em um ágil salto e se tornou o primeiro Etheriano a pisar na superfície daquele planeta.

o nome era Antar, devido as nuvens as quais foram avistadas na atmosfera da primeira vez que o planeta fora visto pelos satélites Etherianos, e lembravam as grandes chamas do mítico dragão Antar.

As naves formavam um grande triangulo no solo e as três elfas se encontravam no centro. Azira tinha geologia como sua segunda especialidade nos processos de colonização espacial, tudo ao seu redor a deixava maravilhada. Era naturalmente uma elfa da floresta, de reluzentes cabelos louros e grandes olhos azuis. Já Maira, era uma Alta elfa de cabelos negros, olhos vermelhos e porte físico visivelmente mais robusto do que as outras duas, o que combinava com sua especialização em bestiários evolutivos, se qualquer ser surgisse ela deveria identifica-lo como hostil ou não. Seu rosto dificilmente demonstrava admiração por qualquer coisa que se encontrava diante dele. Os olhos âmbar de Stara contemplavam as duas. A piada de Maira não era de toda fantasiosa, ela de fato era a líder do grupo, e deveria designar as tarefas das outras. A humildade da elfa dificultava um pouco as coisas. A visível indignação da colega dificultava mais ainda.

"Saquem as armas, meninas, não sabemos o que nos rodeia por aqui." comandou Stara.

As três sacaram, em perfeita sincronia, um semi arco de seus coldres. Uma curiosa ferramenta que claramente é uma evolução do arco e flecha, porém, como o nome diz, ele tem a forma de um meio arco com uma empunhadura e um gatilho que quando puxados para trás, em um movimento semelhante ao de um arco tradicional, são destravados e prontos para um disparo de energia laser.

"Azira pode implantar um mapeador remoto aqui mesmo." continuou Stara "Maira, sincronize seu dispositivo e prepare para catalogar o máximo possível de formas de vida."

"Como preferir vossa alteza."

Ela ignorou o deboche.

Cada uma delas de dirigiu a seu respectivo caça e de um compartimento localizado próximo ao trem de pouso retiraram seus objetos de trabalho. Azira carregava uma antena metálica de mais o menos um metro de comprimento, com uma luz vermelha em uma extremidade e uma grande agulha negra na outra. Maira pegou um cilindro reluzente, semelhante a um pergaminho, se o papel fosse feito de um cristal. Stara trouxe até junto das duas uma pequena barra de metal que servia para medir os recursos necessários para manter vida inteligente no planeta, como fontes de água potável e quantidade de alimentos.

Azira instalou a grande antena de mapeamento no chão. Maira abriu o cilindro (de fato era um pergaminho, um pergaminho digital) e começou a configurar o sistema junto da rede de mapeamento remota. Stara caminhou até dois metros de distância das colegas e enterrou o chip de reconhecimento bem fundo no chão.

"Em mais o menos 12 horas tudo estará pronto" ela disse ao terminar "Até lá, vamos fazer uma pequena ronda na região."

Com arcos em punho, as três elfas se dirigiram para a região norte de onde haviam pousado, na direção de uma grande formação rochosa que lembrava muito as antigas habitações anãs dos países nortenhos de Etherium, não fossem os pequenos veios negros brilhantes se formando em sua superfície, ocasionando em um efeito bonito quando tocadas pela opaca luz daquele céu, que agora mergulhava em escuros tons de azul.

Andaram por alguns minutos e quando estavam diante do emaranhado de pedras perceberam que em sua base, alguns sulcos negros terminavam em pequenas aberturas ligadas ao solo.

"Pelos deuses!" disse Azira "É uma cadeia de cavernas."


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⏰ Last updated: Feb 25, 2020 ⏰

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