Capítulo Vinte e Sete

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Boa leitura :)

- Os rapazes sabem sobre tudo isso envolvendo a sua família? – Perguntei a Nick.

Havia passado um dia desde que ele abriu o jogo comigo e falou tudo o que estava acontecendo. Decidimos que amanhã Nick iria ligar ao pai dele e contar sobre as ameaças. Essa seria a melhor solução, e quem sabe dessa forma poderíamos viver a nossa vida com um pouco de tranquilidade.

Tudo isso fora decidido pela manhã, e pelo resto do dia Nick e eu ficamos juntos conversando. Falamos sobre tudo, desde os estúpidos conselhos que Hadassah me deu ao longo dos anos, até sobre os sentimentos dele com a Alessandra. Agora estamos juntos na cama, após uma sessão de sexo exaustiva.

- Não, eles brincam, mas nunca contei tudo para eles. Tem coisas que nós não compartilhamos, apesar da forma que somos unidos. Eu sei que eles também têm algum segredo, mas não fico chateado, eu os respeito assim como eles a mim. – Nick respondeu, enquanto acariciava de leve o meu ombro.

Estava com um lado do rosto descansando bem encima do seu coração, amava ouvir as suas batidas ao mesmo tempo que estava envolvida pelo braço de Nick.

- Acho que nunca nos conhecemos verdadeiramente. – Medito. – Apesar de acharmos que sim, aparentemente todos tinham uma parte oculta.

- Eles não conheciam você de verdade, eu também não. Sei que tinha uma ideia distorcida da pessoa que você é.

Me mexi até que fiquei com ambas as mãos sobre o peito de Nick, e o queixo descansando encima delas. Assim podia encará-lo.

- Tinha, mas agora não tem mais, e é isso que importa. Não tem como ter um futuro se você vive acorrentado ao passado. – Falei e Nick me deu um leve sorriso.

- Você é uma mulher incrível. – Declarou.

- Mais do que a Alessandra? – Ergui uma sobrancelha. Foi uma provocação, não tinha mais semente da discórdia naquele terreno.

- Já conversamos sobre isso. Ela é uma mulher incrível...para o Rob.

- Rob? – Pisquei surpresa. – Tipo o tio do Aaron?

- Esse mesmo.

- Mas como? Nick, preciso saber.

- Eu não sei como, nem quando. Só soube do final, Luke me contou.

- Luke sempre foi um fofoqueiro.

- Ele achou que eu ainda gostava dela, e que poderia ficar chateado.

- E ficou?

Nick respirou fundo e fechou por um instante os olhos, e depois me encarou.

- Fiquei surpreso, não chateado. Muita coisa já tinha acontecido, ou os meus sentimentos por ela nem eram tão fortes como eu imaginei.

- Fico feliz em ouvir isso. – Declarei e me aproximei para beijar os lábios dele. Depois voltei a me aconchegar em seus braços.

- Ciumenta, Valentina Leroy?

- Não, somente cuidando do que é meu.

Nick soltou uma risadinha.

- Você é demais.

Me desvencilhei dos seus braços e fiquei sentada na cama.

- Eu sei. – Dei uma piscadela, e sai da cama.

- Onde pensa que vai? Estava preparando um número de mágica.

- Um número de mágica, uh?

- Isso, os dedos mágicos. Desaparecem e reaparecem. – Fez um movimento de entra e sai com dois dedos. – E ainda dançam, a dança do dedilhado.

- Onde posso comprar as entradas desse espetáculo?

- Ao sul. – Nick apontou para a parte debaixo do seu corpo. Uma parte que já estava erguendo o lençol. – Na tenda da bilheteria.

Gargalhei jogando a cabeça para trás.

- Preciso me hidratar um pouco, antes de pagar a entrada e gozar do espetáculo. – Disse e vesti uma camisa que Chase me emprestou.

- Acho que eu preciso também. – Nick disse, e já ia começar a se levantar.

- Não, deixa que eu pego. Não irei demorar.

- Okay, mais não demora mesmo.

- Sim, senhor.

Sai do quarto e praticamente corri pelo corredor e escada. Quando entrei na cozinha levei um susto gigantesco com a sombra que estava junto ao balcão da cozinha. Um gritinho estrangulado saiu dos meus lábios, e dei passos para trás quando a sombra se ergueu.

- Não precisa gritar, sou eu. – Era a voz do Chase.

A luz acendeu-se e então pude vê-lo com clareza. Os cabelos longos amarrados num coque desleixado, a barba por fazer. Levei a mão ao coração, esperando que assim ele se acalmasse.

- Você me assustou. – Acusei.

- Sinto muito. – Ele disse e voltou a se aproximar do balcão da ilha. Lá estava uma garrafa de bebida alcoólica e um copo. – Estava curtindo a escuridão.

- Hum... eu só vim buscar água.

- Fique à vontade. Mi casa és su casa.

Fui a geladeira e tirei de lá uma jarra de vidro, que coloquei na ilhar, e então fui buscar um copo, que ficava num armário alto. Quando me virei, Chase estava me olhando, mais precisamente a minha bunda. Ele soube que foi pego e ergueu as mãos em rendição.

- Culpado.

- Idiota. – Revirei os olhos. Já ia saindo, quando ele falou novamente.

- Nick é muito sortudo, depois de tudo ele ainda conseguiu você.

- Como se você soubesse o "tudo".

- Vai por mim, gatinha, há poucas coisas que eu não sei dentro do nosso mundo.

- Hum.

- Não me leve a mal, estou feliz por ele, Nico é o mais legal dos quatro para mim. Nem tão melodramático quanto Aaron, nem tão sério quanto Elijah e nem muito imprudente quanto Luke. – Falou e deu um gole na bebida, diretamente da garrafa. Chase estava bêbado.

- Acho melhor você ir para cama.

- Mas no fundo ele é um pouco parecido com as pessoas desse meio que nós fazemos parte. Você é parecida comigo, soube disso em todas as vezes que nós conversamos ao longo dos anos.

- Chase...

- Quando vi você olhando ele, fiquei chateado, até com raiva. Pensei que estava apaixonado por você, mas aí lembrei que para isso é necessário um coração. – Ele soltou uma risadinha. – Então, percebi que me sentia protetor com você, como um irmão. Por isso ajudei Nick a trazer você para cá.

- Obrigada. – Sorri.

- Não precisa agradecer, no fundo eu acho que vou me foder no final de tudo isso. É isso que acontece quando se é bonzinho demais.

- Chase, você está bêbado, acho melhor ir para cama.

- Sim, estou bêbado, certo? Vou para a minha biblioteca.

Ele passou por mim cambaleando, era um longo trajeto até a biblioteca. Franzi a testa em preocupação.

- Precisa de ajuda?

- Não, já fiz esse caminho mais bêbado do que estou agora. Vá para Nick, eu vou ficar beeem.

- Tem certeza?

Chase não respondeu, de costas, meneou a cabeça e ergueu a garrafa. Acho que foi um sim. Fiquei olhando até ele desaparecer no corredor do térreo, e só então subi as escadas e fui para o quarto. Horas depois acordei em meio a fumaça, e Nick olhando-me assustado.

- Valentina, acorda, a casa está pegando fogo!

NickOnde as histórias ganham vida. Descobre agora