— Fui atrás do meu pai.

— Sina ele deixou bem claro que não vai ajudar a gente com nada.

— Você não entendeu Noah... É ele que está com nossa filha. - Nunca vi Noah mais bravo do que está agora, o vaso que a mãe dele nos deu agora está em cacos espalhados pelo chão, mas por algum motivo não fico com medo, me aproximo e agarro ele com os dois braços, ele fica praticamente imóvel, se não fosse pelo seu corpo tremendo.

— Onde ela tá Sina?

— Ele não quis me dizer, pediu pra encontrar com ele em duas horas.

— Por que ele fez isso?

—Pra se vingar Noah. - Eu estou tão cansada que não consigo nem chorar, a raiva dentro de mim está consumindo toda minhas energias.

Depois dos meus oito anos eu vi minha mãe pouquíssimas vezes, ela saiu de casa depois de cansar de viver com aquele homem, ele nunca levantou a mão pra ela, mas lembro como se fosse hoje de todas as brigas e as vezes que ele trancava ela no quarto, e eu sempre acreditava na história da minha mãe ser uma pessoa muito doente, e por isso eu não podia entrar ou ela sair.

Sempre que eu chegava da escola eu sentava de um lado da porta e ela do outro, eu contava como tinha sido meu dia e ela sustentava a mentira do meu pai.

Quando ela fugiu meu pai usou todo o poder que ele tem trabalhando no consulado pra tirar ela do país, e ainda conseguiu a minha guarda.

Minha mãe não tinha muito o que fazer então foi embora, ela voltou umas três vezes escondida e ilegalmente enquanto Richter estava viajando pra me ver e aí desapareceu.

— Ele não vai machucar ela vai? - Seu rosto está inteiro molhado eu passo os dedos enxugando.

— Não, acredite em mim eu fui criada por aquele homem, e ele nunca encostou um dedo em mim, ele não tem coragem de machucar a propria neta. - Isso não acalma ele nem um pouco.

— Eu quero ela aqui Sina, aqui comigo. - O interfone toca, nenhum de nós dois nos mexemos por alguns segundos, até tocar uma segunda vez e Noah fazer um gesto de que tá tudo bem, na medida do possível é claro.

— É o Andrey. - Falo pra Noah depois que autorizo o advogado a subir, depois que Josh foi soltou a algumas semanas atrás não tínhamos mais o visto, por mais que Sofya ainda estivesse saindo com ele.

— Alguém deve ter chamado ele pra ajudar. - Noah está sentado no sofá com a cabeça apoiada nas mãos.

Logo alguém bate na porta e eu abro.

—Sofya? Andrey?

— A gente pode entrar ? - Não respondo apenas saio da frente e eles entram.

— A gente já sabe onde ela tá. - Noah não queria eles ali agora, nem eu na verdade.

— Sabem? - Eu explico toda a história pra eles, Noah agora está de pé de frente pra porta que dá pra varanda, em nenhum momento da conversa ele se manifesta.

— Ele não tem direito nenhum, vou pedir já um... - Enquanto Andrey nos explica vai pegando o celular e discando pra alguém.

— Se você não quer perder seu emprego, para agora. - Puxo seu braço tirando o celular do seu ouvido.

— Mas vocês vão fazer o que ? Entregar ela? - Sofya me olha sem entender.

— Ela tem razão, a gente fica parado enquanto Richter está com nossa filha?-  Noah ainda está de costas pra gente.

— Vocês precisam entender que ele trabalha pro governo, com o poder que ele tem a gente não pode.

— Então a gente senta aqui e fingi que tá tudo bem até ele cansar de ser escroto ? - Sei que Noah está nervoso, quem não está? Mas pensar assim não ajuda em nada.

— Eu vou me encontrar com ele e ver o que ele quer com isso... depois a gente decide o que faz, me escutem por favor eu sei com quem estou lidando. - Tento acalma-los.

— Bom a filha é sua. - Sofya claramente não concorda comigo, se levanta e vai em direção aos quartos.

— Eu dou esse tempo de hoje pra vocês, não vou ficar de braços cruzados. - O advogado diz me encarando, virei a vilã  da história agora, é minha filha okay.

— Cara se você quer dar uma de advogado vai embora, ninguém te chamou ou contratou seus serviços aqui. - Noah vai pra cozinha em passos largos.

A porta do quarto de Aimê está aberta, Sofya havia entrado lá, ando até o cômodo e paro na entrada.

— Eu sei que ela é sua filha... Mas...

— Ela é da família, eu sei,  tá todo mundo muito preocupado, sei como vocês amam nossa pequena e quão grata eu sou por isso... Mas agora a gente sabe onde ela tá e sabe que ela tá bem.

— Assim como você não tá bem longe dela, ela não tá bem longe de você, presta atenção Sina você tem a gente aqui e ela tem quem ?

– Ela tem a gente também, estamos com ela não estamos? Acredite quando eu digo que eu queria ela mais que tudo deitada nesse berço, ou mesmo gritando na porta do banheiro enquanto eu tomo banho, mas se eu me desesperar agora não vou ter forças pra lutar por ela.

Aquilo de eu não conseguir chorar acaba e eu desabo ajoelhada no chão, minha mãe e minha filha não saem da minha cabeça, nesse momento eu queria as duas comigo.

BY CHANCE/ BeauanyWhere stories live. Discover now