Parte10

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Sofi se pegou pensando naquele último momento no terraço do hotel. Seu corpo se esquivando do golpe que seria fatal e seu impulso de empurrar o Ninja para a morte. A sequência era uma sucessão de imagens sem som. Yumi gritando qualquer coisa inaudível, o corpo imóvel no canteiro, ninjas saltando pelos terraços vizinhos, uma van preta recolhendo o corpo e, quando se deu conta, Yumi estava novamente ao seu lado, ajudando-a descer pelas escadas do hotel.
Ela despertou de suas memórias e com dificuldade disse as palavras que não queria que se tornassem reais:

– Eu matei um homem. Ele está morto, não é? Não tem como ter sobrevivido àquela queda. – Questionou, recebendo um leve acenar de cabeça como resposta.

– Ainda não entendi uma coisa, por que os outros ninjas, samurais, sei lá, recuaram quando eu empurrei o cara de cima do prédio? – Perguntou atordoada.

– Ele era o último Heishi. Os outros ninjas eram mercenários, estavam cumprindo ordens e com a morte dele o trabalho acabou. Você está livre, Sofi! – Exclamou aliviada, sorrindo de peito aberto pela primeira vez naquele dia.

– Queria te pedir um favor, não suma da minha vida. Eu preciso de uma irmã tanto quanto precisava de uma protetora, só não sabia disso até esse dia louco começar. – Desabafou Sofi.

Yumi assentiu e sentou-se ao lado da irmã.

As duas ficaram um longo período caladas, sentadas lado a lado, observando a arquitetura do Memorial da Imigração Japonesa, a estátua de Buda, as carpas no lago, até que Sofi rompeu o silêncio:

– Eu gostaria de conhecer o Japão em breve. Você iria comigo? – Perguntou

– Claro, Sofi. – Respondeu Yumi.

– E você acha que eu poderia aprender essa coisa de Onna Bugeisha, ser uma samurai também? – Perguntou timidamente.

Yumi sorriu, acenou positivamente com a cabeça e falou:

– Está no seu sangue, Minamoto. Você nasceu Onna Bugeisha!

MinamotoWhere stories live. Discover now