Prólogo

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– Que colar mais lindo, tia!

– Já falei que não quero que me chame de tia.

– Desculpe, madame Min.

– Melhorou. Não é porque somos vizinhas e você é minha cliente mais assídua que eu sou sua tia, entendeu?

– Entendi.

Nina ficou parada no mesmo lugar, cabisbaixa. Queria muito pegar o colar, queria muito que não tivesse que pagar por ele, porque a ultima sessão tinha tirado todo o seu dinheiro e enfiado milhões de duvidas em sua cabeça. Não deveria se atrasar durante Marte Retrógrado, nem cortar caminho pelo ferro-velho e muito menos correr, ou o Destino ia se aproximar dela mais rápido do que ela gostaria.

– Pode pegar o colar.... – bufou a idosa. Estava sentada num puf vermelho, cheio de lantejoulas coloridas e espalhafatosas. Não estava usando a roupa usual de Madame Min, já que aquela consulta havia sido de urgência no meio da madrugada, mas parecia bem chateada com alguma coisa.

– Aconteceu alguma coisa, ti... Madame Min?

– Coisas da terceira idade, minha querida.

– Que tipo de coisa? Quantos anos você tem?

– Mais do que posso contar. E menos de cem.

Nina olhou para a velha senhora e desejou saber o que aquelas rugas escondiam. Não se atreveu a perguntar o que mais poderia acontecer na vida de uma pessoa naquela idade, mas ficou exultante ao pegar o colar. Tinha um cristal dourado com uma gota de ouro encrustada dentro, como se fosse uma estrela dentro de outra estrela.

– O que esse cristal faz?

– Nada, é só um colar. – respondeu a velha, já ficando entediada de novo. Olhou para Nina e para as cartas que havia acabado de colocar para ela e teve uma ideia. – Mas antes de levar eu preciso energizar o cristal.

– Mas você disse que não é nada...

– Não importa o que eu disse, me dá ele aqui. – falou esticando a mão e desviando o olhar. Já que ia morrer naquele tédio, que fosse um tédio que a fizesse rir. Assim que a menina colocou o cristal em sua mão, Min Seo fechou os olhos e deixou que toda a sua ancestralidade pudesse falar por si. Sentiu a energia do universo fluindo de seu corpo para a pequena pedra e abriu os olhos a tempo de ver a careta descrente da menina. Sorriu. Aquilo ia ser muito interessante. Muito mesmo. 

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