10. QUEBRA-CABEÇAS

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— Eu te vi... — Ela ergueu o dedo e apontou a própria janela.

Deu mais alguns passos na direção de Bucky então, saindo da segurança da marquise seca para se aventurar na chuva forte. Também estava descalça, usava uma regata de algodão escura e shorts da mesma cor e do mesmo tecido, roupas de dormir claramente... Bucky não sabia se era certo vê-la naqueles trajes, mas Savannah não parecia preocupada.

— Tudo bem? — Ela perguntou, parada a uns cinco passos de distância, a chuva encharcando seu cabelo ruivo e escorrendo por sua pele clara.

As orbes azuis de Bucky focaram no semblante preocupado e ele se perguntou como alguém podia ser tão boa para se preocupar com um completo estranho, a ponto de sair na chuva apenas para ver como ele estava...

— Claro, é só... — Não terminou, não havia nada que pudesse dizer a Savannah, a verdade era algo que tinha que carregar sozinho e a mentira era algo que ela não merecia ouvir. — Você não devia estar aqui fora na chuva, vai se resfriar.

— Você também. — A resposta dela veio acompanhada de um sorriso calmo que por algum motivo deixou Bucky ainda mais triste. Ele lembrou que não veria Savannah outra vez depois daquela noite.

— É... você tem razão. — Fingiu um sorriso, então deu um passo para trás. — Eu já estou voltando. Você devia voltar também.

Mais três passos, se afastou dela, dizendo a si mesmo que era o certo e sensato e deu as costas pra voltar para o próprio bloco.

— James? — Savannah chamou, e ele parou onde estava, porque certamente nunca mais alguém lhe chamaria daquela forma. Olhou por cima do ombro e ela deu um sorriso travesso. — Quer ir em um lugar comigo?

— Agora? — Perguntou, confuso com aquele convite inusitado.

— Não é longe. — Savannah acenou com a mão e não esperou resposta antes de caminhar para o fundo do prédio.

Bucky pensou em se esquivar daquilo, em apenas voltar para o apartamento e esperar amanhecer para partir definitivamente. Mas Savannah já estava metros à frente e ele convenceu a si mesmo que talvez não houvesse mal nenhum em passar alguns últimos minutos com sua vizinha, já que não a veria nunca mais.

Ela saiu pelos fundos do prédio e atravessou a rua sem se importar com a chuva ou com o fato de estar descalça e de pijama, contornou o terreno do prédio lateral e logo encontrou a escada de incêndio, começando a subir como se o lugar lhe fosse bem conhecido.

Bucky a seguiu, incerto sobre se podiam mesmo estar ali. Foi uma escalada longa, porque ao contrário do prédio em que moravam, aquele outro tinha pelo menos dez andares. Ele se impressionou com o fato de Savannah ter subido todos os lances sem parecer cansada com isso.

Por fim chegaram ao telhado do lugar, nada mais que um espaço cinzento e sem graça, com poças de água acumuladas em toda a parte, por causa do pavimento malfeito na laje.

— O que estamos fazendo aqui? — Bucky questionou, confuso com aquele passeio estranho.

— Dizem que quando a gente vê as coisas de cima elas ficam mais claras. — Savannah apontou, se aproximando da borda.

Só então Bucky lançou um olhar para a vista... Dali podiam enxergar grande parte do bairro e até um pouco mais que isso, porque lá no longe, bem no fundo, as luzes do píer também podiam ser vistas.

Estava longe de ser uma imagem que estamparia um cartão postal, muito pelo contrário, era apenas uma grande selva de pedra iluminada artificialmente, mas ainda assim tinha alguma coisa ali, algo que Bucky não soube entender ou decifrar naquele momento.

INVERNO ARDENTE | Bucky Barnes ✓Where stories live. Discover now