Amélie

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É a terceira noite em que você dorme aqui em casa.
Vou ser honesta, fui dormir com medo mais uma noite.
Não medo do escuro, ou da natureza. Muito menos de algum monstro.
Estava com medo de acordar e não te ver.

Já havia te perdido uma vez e não gostaria de te perder de novo.
Ainda mais pelo fato de que você está aqui, não porque eu fui te procurar e achei, mas porque você veio.
E você é preciosa demais para eu te perder tão fácil.

Felizmente, acordei e, caminhando quase que na ponta do pé para não fazer barulho, vi você deitada na cama.
Como se eu tivesse sido eletrocutada, meu coração voltou a bater.
Amélie, não consegui esconder o sorriso que meus lábios deram sem minha permissão.

Indo para a cozinha, lembrei-me da primeira vez que eu te vi.
Quando você passou pela minha porta, lembro de você passar por ela como se você já tivesse feito isso muitas outras vezes.
Você não estava receosa, tímida.
Eu estava tão ludibriada pelo seu brilho que, na hora, nem percebi.
Chega a ser precipitado eu dizer isso, mas eu já te amava naquele momento.

Quando você acordou e viu-me sentada a mesa com ela recheada de comida, você deu um sorriso meio que de quem não quer deixar a outra pessoa triste
Estranhei na hora, mas nem liguei muito, deixei que você escolhesse seu lugar, e você se sentou naquele com vista para a janela.
Você estava quieta, apenas olhando o campo vazio da manhã com um olhar distante.
Ficou assim por um bom tempo, até que você se vira para mim delicadamente e diz, com um olhar desesperado: "Eu te amo."

a flor mais delicadaWhere stories live. Discover now