The omen of Triton

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A TEMPESTADE BALANÇAVA O NAVIO como se ele fosse de brinquedo

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A TEMPESTADE BALANÇAVA O NAVIO como se ele fosse de brinquedo. O convés ia sendo engolido pelas grandes ondas do mar impiedoso enquanto a tripulação se escondia nas cabines abaixo da sala do capitão, e homens e mulheres sentiam um medo tão forte que chegava a empalidecer seus rostos queimados do sol.

Yixing e outros marinheiros tentaram puxar o mastro e manter o curso da embarcação, mas o tempo e as ondas não os ajudaram. As velas balançavam sem piedade; apesar disso, não se rasgaram: o vento as puxava violentamente de um lado para o outro com rapidez, produzindo um som semelhante aos trovões, o que foi visto como um mal sinal pelos passageiros.

“Nós vamos morrer!”, gritou um, saindo das cabines. “Vamos ser jogados para os monstros dos mares!”, reverberou outro. O pânico se instalou sem dificuldade, já que a situação contribuía para que esse medo se enraizasse facilmente. Depois de semanas viajando pelo mar do sul da China, aqueles homens apenas poderiam se dar o luxo de sonhar em virarem iscas de monstros marinhos.

A ventania forte fez Yixing perceber que eles se encontravam contra esta, situando-se na zona perigosa da tempestade e sendo guiados por ela. Ele comandou a mudança de posição das velas, para que assim o vento não arrastasse o barco e os afundasse de vez no mar. Cerca de dez homens subiram nos mastros e redirecionaram, enfrentando o temporal, todas as velas.

O barco, apesar de ainda afetado pela forte chuva, aprumou o rumo. Se tivessem sorte, o desvio que fizeram para chegar na Malásia não levaria tanto tempo quanto o curso que eles haviam planejado antes. Os marinheiros voltaram aos seus postos, assim como Yixing, que recebeu um olhar furioso do capitão por ter dado ordens sem a permissão dele.

O rapaz, no entanto, não deixou que aquela demonstração de desaprovação o afetasse. Nada mais preocupava Yixing; ele passou pelo inferno para ficar imune ao resto do mundo e suas catástrofes, então era de se esperar que não desse importância a um velho cheirando a peixe podre. Na sua cabeça, a posse da roda do leme não fazia de ninguém um bom capitão — principalmente um que arriscava a vida dos passageiros.

Para amenizar o lado do capitão, Yixing também cheirava a peixe e frutos do mar. Talvez até mais do que o velho rabugento. Ele costumava passar desde o primeiro raio do sol até o último glance de luz à beira da água, jogando redes e linhas, pegando peixes e outros animais vistos como especiarias pelos europeus, como camarões e lagostas. Isso rendia uma quantia boa de dinheiro nas mãos do rapaz, apesar de períodos de seca o deixarem faminto e desesperado.

Quando os rios secavam e o mar era a única opção, Yixing juntava seus poucos pertences e aceitava o emprego de limpar o convés por seis semanas. Depois de dois anos seguidos sem precisar lamber o chão de um navio, ele pensou que nunca mais fosse pisar em um. No entanto, cinco semanas atrás, não havia o que pescar. A proa, então, era a resposta.

O céu nublado atenuou a tempestade. Minutos longos se passaram, mas restou apenas a garoa molhando o deque gentilmente, lavando-o como se fosse uma árvore e deixando pequenas gotas de orvalho pela embarcação. As nuvens, porém, não os deixaram. Aparentemente elas iriam ficar e a tripulação inteira estava de bem com isso, contanto que um temporal não caísse sobre eles de novo.

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