Pt1: Confusão

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PT 1: CONFUSÃO

Algo estava extremamente desconfortável dentro de si. Mesmo que sua mente repetisse inúmeras que o motivo para se manter ali se resumia em pura diversão, um sentimento desconhecido apontava que aquilo poderia não ser a verdade.
Com a distância de dez passos, Xue Yang observava o caminhar tranquilo de Xiao Xingchen, sem ser percebido. Como esperado, o mesmo caminho estava sendo percorrido, mas mesmo assim, Xue yang fazia questão de segui-lo sempre que Xiao Xingchen ficava responsável para comprar alguma coisa.
Sua "diversão" por um ano e meio realmente era aquilo?

Inferno. Quem ele queria enganar? Não se tratava de diversão porcaria nenhuma, na verdade...
Xue Yang havia se acostumado a conviver com ele.
Sim, essa era a verdade. E qual o problema nisso? Não é como se todo ódio e remorso em seu coração fosse diminuir por isso, e no final das contas, ainda continuavam sendo inimigos.
Xue Yang afastou seus pensamentos quando viu que três crianças na faixa dos 10 anos colocaram cascas de banana pelo caminho a frente dos passos de Xingchen, com óbvia intenção de travessura estampado eu seus rostos. Vendo a ação, seus próprios passos diminuíram e seus punhos cerraram inconscientemente.

"Bem, E daí se ele escorregar e cair?"

Seu pensamento, no entanto, não foi acompanhado de seu corpo. Antes que pudesse travar a própria língua, gritou para o jovem cultivador em advertência. – Espere!
Ouvindo sua voz, Xingchen parou e se virou lentamente para trás. – A-Mei?

Sem outra opção, Xue Yang se aproximou irritado, tanto pela brincadeiras das crianças quanto por ter que se revelar.
Quando chegou próximo o suficiente, ele lançou um olhar de ódio e sorriso
maquiavélico para os três e logo eles juntaram as cascas do chão, se escondendo atrás de uma das tendas de comida.
– Porque está aqui? Hoje é meu dia de comprar mantimentos.

– Estava entediado e vim andar por ai. – Ele mentiu.
Antes que Xingchen tivesse a oportunidade de perguntar outra coisa, Xue Yang encerrou o assunto. – Bem, não
importa. Vamos embora, já estou ficando com fome.
Xiao Xingchen sorriu e assentiu, e quando estavam longe o suficiente das crianças, Xue Yang parou. – Acho que perdi alguma coisa no caminho, volto depois.
– Quer que eu te acompanhe?
– Não precisa, apenas volte, não vou demorar.
Dito isso, ele voltou o caminho, os braços cruzados enquanto andava, a excitação percorrendo seu corpo. Os pirralhos não passavam de crianças travessas mas ele não se importou. Quando avistou, os três já estavam brincando na rua novamente,
como se nada tivesse acontecido. Todos congelaram quando o viram.
Xue Yang se agachou o suficiente para ficar da mesma altura das crianças e sorriu, nem um pouco gentil. – Se fizerem mais alguma gracinha com aquele jovem cultivador, eu mato vocês e jogo seus corpos para os cachorros. Entenderam?
O medo e pavor foram estampados no rosto dos três, que assentiram com urgência. Mesmo que sua vontade fosse cumprir com o que havia dito, não queria chamar atenção para si no momento, então deixaria passar. Com o aviso dado, ele retomou seus passos de bom humor, mas logo o sentimento foi aniquilado para trazer nada além de pura vontade de matar.
Xiao Xingchen estava cercado por 4 jovens sorridentes e cheias de intenções.
– O jovem mestre é tão gentil por ter nos ajudado! Porque não se junta conosco para uma refeição? – Uma delas falou.

Mas que diabos estava acontecendo ali???

– Como um mestre bonito e gentil pode estar por aqui? De onde veio? – A outra jovem perguntou.
– Estou morando por perto. – Xiao Xingchen respondeu gentilmente sem a mínima noção de que estavam com outros interesses.
– Então podemos visita-lo? – A mais jovem segurou o braço de Xingchen. – Será uma honra fazer companhia ao jovem mestre! Diga que sim, sim?
Antes que  respondesse, Xue Yang se apressou para o local e puxou
o braço da jovem.
Eu deveria matar essas vadias, pensou.
Sem palavras, Xue Yang pegou o pulso do cultivador e o puxou por todo o caminho
de volta. Como não houve objeção, Xingchen sabia que se tratava dele.
Quando finalmente chegaram na cidade Yi, Xiao Xingchen forçou a parada. –A-mei, me solte.
– NÃO! – A voz soou de forma ameaçadora.
Ouvindo seu tom, Xingchen puxou seu braço a força e ao ver o vermelhidão profundo em seu pulso, Xue Yang arregalou os olhos e devido a isso foi capaz de colocar a cabeça no lugar. Ao invés de machucar as vadias, acabou ferindo a pele dele.
– Qual o problema? – Xingchen perguntou.
Certo, talvez nem mesmo ele soubesse a resposta pra isso. Tudo o que lhe moveu foi a enorme raiva de vê-lo sendo assediado e tocado por pessoas desconhecidas.
Os motivos? Dane-se os motivos, ele procuraria por isso depois.
– Elas estavam tentando te roubar! – Disse por fim.
O tom permaneceu calmo ao responder. – Eu saberia se tivessem feito isso. Elas estavam apenas agradecendo por afastar um malfeitor.
– Você é um tolo! – Xue Yang disparou. – Por que precisa ficar bancando o herói e ajudar todo mundo? Nem é capaz de sentir ações maliciosas na voz de alguém, como poderia saber se estava sendo roubado ou não?
A expressão e Xingchen foi confusa, mas ainda assim ele sorriu. – Vou tomar cuidado da próxima vez, obrigado por se preocupar.
O ato fez com que Xue Yang perdesse suas próprias palavras e voltasse para o casarão ainda irritado. Ele realmente não conseguia entender de onde Xiao Xingchen tirava tanta bondade, sem se importar para quem era direcionada.

confusão: a história não contada de xue yangWhere stories live. Discover now