C A P I T U L O _ 2.2

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Sentindo o corpo doer e o braço formigando, acordei mais uma vez encarando o céu escuro através da janela.

Aquela noite não estava sendo uma das mais fáceis com aquele pé d'água que continuava a cair lá fora.

Sentindo a garganta seca, resolvi me levantar afim de tomar um copo de água e movimentar um pouco meu braço e meu corpo pra ver se ao menos assim eu conseguia me convencer que ainda estava na faixa dos meus 20 e pouquinhos e não nos 80.

Entrei na cozinha mantendo a casa no escuro em que estava e enchi um copo com água do filtro mesmo, até ouvir o barulho da porta se abrindo lentamente fazendo meu corpo gelar por imaginar qualquer outra possibilidade que não fosse o idiota do Guto tentando passar despercebido.

Deixando a bolsa no canto da sala, ele tirou a jaqueta aparentemente encharcada e sacudiu os cabelos jogando água pra tudo quanto é canto, inclusive em mim, que acabei soltando um resmungo automático.

_ Que droga!_ Ele quase gritou no susto por não ter me notado parada na porta da cozinha o observando aquele tempo todo._ O que está fazendo aqui garota?_ Perguntou em seu tom ignorante antes de se jogar no sofá, tirando o tênis.

_ Não é como se eu te devesse satisfação._ Reclamei já sem muita paciência antes de voltar pra cozinha na intenção de guardar meu copo, até vê-lo passar por mim.

Ele abriu a geladeira como se procurasse algo comestível lá dentro, e com a claridade pude reparar no belo hematoma pouco abaixo do seu olho, e o lábio inferior com um corte.

_ Arrumando brigas por aí a uma hora dessa?_ Acabei deixando escapar atraindo a atenção indesejável do garoto que me olhava como se quisesse me fuminar com os olhos.

_ Isso não é da sua conta._ Rosnou bebendo água no gargalo da garrafa me fazendo soltar uma careta de nojo, por pensar que eu sempre bebi água dali, e se aquilo fosse um costume dele?

_ Tem razão, mas tenho certeza que Tia Sandra vai adorar ver essa sua cara mal feita, ainda mais destruída._ Tá, eu sabia que naquele momento eu estava brincando com fogo.

Mas depois de tudo o que aquele garoto já me aprontou, incluindo aquele dia no estacionamento da Faculdade. Eu que não perderia a oportunidade.

Esperando por uma resposta bem mal educada da parte dele, me surpreendi quando ele se limitou a revirar os olhos e fazer uma careta, pouco antes de tocar o lábio como se só então se desse conta do machucado ali.

_ Quer ajuda?_ Perguntei por impulso, apenas para me arrepender logo em seguida.

_ Como se eu realmente precisasse de você pra alguma coisa. Alias, por que se mete tanto na minha vida? Ainda não aceitou que eu nunca vou querer nada com você?_ Perguntou me fazendo sentir pequenas farpas me acertando.

Eu não sentia nada por ele, isso já tinha ficado no passado, mas só de pensar que um dia eu já havia cogitado tal possibilidade me fazia sentir uma perfeita idiota.

O encarei com ódio e uma imensa vontade de estapea-lo até não sentir mais minhas mãos, mas se fizesse isso apenas estaria mostrando que estava abalada.

Eu não facilitaria assim a vitória daquele inútil.

Respirei fundo.

Minha Melhor DecisãoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant