Capítulo Um: Um Rito de Passagem

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6 Anos depois

Capítulo Um: O Rito de Passagem

Estou caminhando no meio do Bosque das Árvores Falantes, um nome que faz referência ao barulho das folhas das árvores quando o vento sopra forte, o que ele costuma fazer com frequência. A julgar pela posição da lua, já deve ser mais de meia-noite. Meu aniversário de dezoito anos não poderia ser mais emocionante, depois de três anos passados no total isolamento da mãe natureza, finalmente posso voltar para casa, apesar de que, minha situação não vá melhorar muito.

Quando eu tinha doze anos minha mãe venceu uma batalha histórica. Eram praticamente cinco homens do exército inimigo para um do exército dela, mas eles tinham o motivo: a morte fresca do meu pai e uma mulher capaz de tudo por justiça como líder e estrategista: minha mãe. Vencemos e a Rainha Clarissa foi obrigada a assinar um acordo de trégua para não ameaçar seu reino, quem era a barganha da negociação? Eu!

Meu casamento com o Príncipe mais novo, Ricardo foi selado aos meus doze anos e desde então, eu e mamãe vivemos por um só propósito: A Coroa do Reino de Serra Branca. Fui treinada manhã, tarde e noite, durantes seis dias por semana, por três anos seguidos, e por fim mandada para sobreviver no Isolamento. Os treinamentos variavam de luta até etiqueta de Corte, tudo para que eu me torne uma arma indestrutível e preparada para praticamente qualquer desafio.

Vou me casar. Estou prestes a cumprir minha missão. Vingar a morte de meu pai. Desunir a Grande Casa D'Ouro. Me tornar Rainha. Em apenas três semanas meu destino traçado desde a infância finalmente começaria a se cumprir. Mamãe já planejou tudo, assim que chegar vou passar pela Cerimônia de Nomeação e logo no dia seguinte embarcarei rumo ao centro político do Reino e depois selarei meu compromisso nupcial, em uma imponente Igreja Catalizadora, viajarei noites inteiras para essa porcaria, mal posso esperar.

Assim que me aproximo da Colina, a mesma em que minha mãe declarou meu futuro para sempre, um dos Cavalheiros dela vem apressadamente ao meu encontro:

-Minha Lady Lua Negra, foi-me exigido que eu a escolte de volta para casa.

-Não preciso de nenhuma escolta, tenho pena do corajoso que atravessar meu caminho no dia de hoje.

-Eu imaginei que fosse dizer isso. - Só então reparei que nunca havia visto esse homem antes, provavelmente uma aquisição nova enquanto estive fora. -Infelizmente são ordens expressas e devo cumpri-las, mas posso segui-la discretamente se preferir.

-Ordens de Milady ou do meu padrasto? - Eu detestava aquele homem, era só mais um joguete de Lady Cinza, um casamento de fachada para fortalecer nossos exércitos, um treinador exigente e extremamente habilidoso em combate, ainda que minha opinião particular seja a de que ele nunca será digno de ocupar a posição do meu pai, como marido, padrasto, treinador, e nem ao menos como soldado.

-São de sua mãe, Lady Cinza, fez questão de me dá-las pessoalmente. - Ele é um homem de poucas palavras, esse novo soldado e corajoso, já que pronuncia a palavra mãe. Não gostei de ele estar aqui, detesto quando ela faz isso, me incumbe de algo e depois manda auxiliares, como se eu não fosse capaz de fazer qualquer mínima tarefa sozinha.

-O Senhor, meu Lorde, logo aprenderá que costumo ignorar as ordens de minha Lady mãe, assim como vai perceber que detesto menções públicas de nossa ligação parental e se tentar, mesmo assim me seguir, acabará por ganhar um lembrete bem doloroso do que acabo de lhe dizer.

-Na verdade não sou Lorde, Minha Senhora, apenas Capitão de sua Guarda Real, farei como me pediu. - Antes que eu pudesse ao menos pensar em responder, saiu cavalgando tão rápido como chegou. Um plebeu na minha Guarda Real? Definitivamente mamãe deseja provocar a Rainha Clarissa.

Lâmina SombriaМесто, где живут истории. Откройте их для себя