James lhe deu um daqueles olhares confusos e ela sorriu de canto. Ele nunca entendia. Por mais que já tivesse explicado quem era o Senhor Grey, certamente James não foi capaz de conectar a figura devassa do personagem literário, com a figura do dono da motocicleta...

— Um ricaço. — Explicou qual era a intenção do comentário, apontando para a moto em seguida. — É uma Harley Davison afinal, coisa cara.

— Ah, não... Nada de ricaço. — James negou em um movimento curto. — Ele só gostava muito de motos.

Havia uma profunda tristeza em suas orbes azuis... Naquele ponto Savannah já havia percebido que os olhos de seu vizinho eram muito expressivos, seu rosto e sua postura pareciam esconder emoções muito bem, mas o azul cristalino era como um livro aberto o tempo todo.

Ele tinha a atenção na moto ainda, como se estivesse preso em uma recordação antiga, enquanto Savannah aproveitava aquele momento de distração para reparar em seu perfil. Ambos gotejavam no chão seco abaixo da marquise e o vento soprava frio, mas Savannah até tinha esquecido disso enquanto seus olhos escorregavam por James.

Tinha algo nele, não apenas a beleza evidente, algo mais profundo talvez... Algo que Savy não entendia plenamente, mas estava lá. Mesmo por trás do cabelo comprido e da barba, ele era lindo, isso era evidente, mas ao mesmo tempo, apesar do mistério que o cercava, James também era de alguma forma muito fofo...

— Seu casaco está se mexendo. — Savannah declarou, assim que notou isso, enquanto os olhos castanho-esverdeados seguiam naquela direção.

James tirou a mão direita do bolso e puxou o zíper da jaqueta, Savannah reparou que diferente da esquerda essa não estava coberta por uma luva. Ele tinha dedos longos e grossos, típica mão de homem forte, com o bônus de ter muitas veias aparentes, adorava veias...

Sa mente vagou sozinha se perguntando que outras partes do corpo de James teriam tantas veias saltadas, e o que mais ele podia fazer com aquelas mãos...? Mas Savannah bloqueou esse pensamento, quando uma pequena bolinha de pelos branca surgiu de dentro da jaqueta.

Um gatinho.

— Olá amiguinho... — Ela deu um passo para mais perto, vendo os olhos azuis do filhote se abrirem.

Estava todo molhado, e era tão pequeno e fofinho. James o pegou com a mão direita, para tirá-lo totalmente da jaqueta e Savannah ergueu o olhar.

— Então você é do tipo de gosta de gatos? — Sorriu ao perguntar. A diferença de altura dos dois dava a Savannah uma visão privilegiada dos lábios de James quase ocultos pela barba.

Beijáveis... Fodidamente beijáveis.

— Na verdade eu não sei... — Ele respondeu, parecendo alheio aos pensamentos nada puritanos de Savy. — Minha irmã era alérgica, então eu nunca pude ter um.

Ela notou que era a primeira coisa sobre o passado que James falava e ele pareceu notar isso também, logo depois que as palavras saíram de seus lábios. Savannah sentiu o desconforto emanar do corpo masculino, houve uma tosse quase forçava e então James deu um passo para trás.

— Eu encontrei esse pequeninho na ponte, em uma caixa junto com os irmãos mortos. — Ele continuou a explicar, como se precisasse esquecer o passado e focar no gato de novo. — Eu só não podia deixa-lo lá sozinho.

Porra, como um homem tão sexy desses consegue ser tão fofo? Savannah pensou, enquanto sorria deslumbrada, às vezes sentia que era até pecado pensar aquelas coisas de seu vizinho, porque ele era sempre tão educado e inocente. Nunca entendia suas piadas de duplo sentido.

INVERNO ARDENTE | Bucky Barnes ✓Where stories live. Discover now