alma de balão

187 28 36
                                    

a serenata suave que entorpece meus ouvidos
a escuridão abrangente que vagueia por meus olhos
a brisa que flue pelo meu corpo
e, finalmente, a minha alma navegante que desliza em sonhos cristalinos

as águas me convidam para desfrutá-las
elas me circulam, me tocam, me preenchem
aqui embaixo é tão tranquilo, parado e flutuante
nada mais existe, nada mais importa, apenas eu

tudo começa com uma gota
ela me toca e se transforma em mim
ela causa ondulações pequenas em meu ser
cada gota que me pertence me machuca

a dor rasga o véu da ilusão
estou novamente presente em minha realidade
a luz do dia é nauseante e o ar é pesado
minha casca se acostuma mais uma vez com o meu retorno

por que não posso flutuar como em meus sonhos?
por que me mandam manter os pés no chão, mas almejar os céus ao mesmo tempo?

creio que devemos ser como balões
podemos chegar até a mais longínqua nuvem
porém, em algum momento, sempre devemos voltar à terra

eu sou águaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant