Capítulo 53 - As mãos por trás do alinhavar

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Notas iniciais 

Matéria que fiz sobre as costureiras das quadrilhas juninas.


As mãos por trás do alinhavar

As costureiras carregam um papel fundamental nos grupos juninos, elas confeccionam e criam as vestimentas e os adereços usados pelos dançarinos. Os vestidos juninos ganham destaque nas apresentações e complementam o encanto para o público, mas antes dos trajes caírem nas graças da população, as verdadeiras protagonistas, as costureiras estão no modo de criação e inspiração. Cada peça ganha vida a partir de sua imaginação e o sonho torna-se realidade. E para elas o orgulho de ver a sua obra de arte esbanjando beleza nos palcos não tem preço e é esse o momento que elas se encontram com a autoestima, mulheres negras de baixa renda recebem atenção pelo seu talento e compreende sua importância.

Taty Ton começou a costurar por causa de sua mãe, observando-a surtiu a vontade de começar o oficio, assim como ela Taty entrou no mundo das costuras juninas, primeiro como dançarina em 2010, segundo Taty não sentia a confiança de costurar sozinha, assim começou a ajudar a mãe nos vestidos. Só foi em 2011 que ela começou profissionalmente, não só com as roupas femininas, as masculinas também. Apesar de só terem visibilidade no período junino, para elas é o ano todo, pois são dias e noites de dedicação e esforço.

Em 2013 Taty se casou e apresentou e ensinou ao marido o mundo das agulhas, tecidos e tesouras, hoje os dois costuram Taty com os vestidos e o marido com as anáguas. O local de trabalho é em casa, em um quartinho simples repleto de rendas, bordados e fitas.

"No começo trabalhava em uma empresa multinacional e intercalava o emprego com o trabalho de costura em casa. Atualmente vivo só com a costura, apesar de todas as dificuldades, financeiras, sociais é um trabalho muito importante e gratificante; São noites de sono perdidas, mas que valem a pena no final".

A desigualdade social existente nessa classe é mais uma barreira a ser enfrentada, a autoestima de Taty e de tantas outras mulheres carregam em sua identidade. Ter o seu trabalho visto e valorizado traz um prestígio que vai além dos aplausos, apesar da celebração só acontecer por um período gradual (o mês de junho) para elas é o ano todo, é a vida de cada uma. É a identidade cultural de uma região.

O papel das costureiras vai além da confecção, em suas peças elas desempenham o papel de contar uma história. Essas personagens que ficam por trás das cortinas observam seu trabalho ser admirado por muitos.


Notas finais

Ter produzido essa matéria foi enriquecedor de diversas formas, espero que tenha te encantado da mesma maneira que me encantou.  

Manuscrito - Princípios, Meios e Fins.Where stories live. Discover now