Com os olhos presos agora no animal, Changkyun concordou suavemente com a cabeça, tentando ser tão delicado e gentil como sua mãe. Ajoelhou-se em frente a roseira, tomando o cuidado para não ferir os joelhos com as pedrinhas próximas, posicionando seu rostinho o mais perto que conseguia do casulo. Ele arregalou os olhos, transbordando surpresa, quando percebeu que aos pouquinhos a borboleta abria suas asas, se preparando para o primeiro voo de sua vida. Sussurrou, emocionado e inocente, que queria aprender a voar também.

Sua mãe, finalmente soltando o galho e limpando o sangue no vestido já imundo de lama, terra e água, acariciou seus fios macios com a mão limpa.

— Você queria ser como uma borboleta?

— Ou como um pássaro! Eles são tão irados! — "Irado" era a nova palavra do vocabulário ainda um pouco limitado de Changkyun. Ele havia aprendido com um dos primos mais velhos no último natal e, repentinamente, tudo havia se tornado "irado" para ele. Yunhee sempre ria com aquilo, enquanto seu marido revirava os olhos, divertido, mas tentando ensinar outras palavras que Changkyun pudesse usar no lugar daquela.

— Hm, você seria um pássaro muito irado, filho. Para onde você iria se pudesse voar como nossa amiga aqui? — A borboleta naquele instante já voava ao redor deles. Em determinado momento, ela pousou no topo da cabeça de Changkyun e o fez pular animado no mesmo lugar, o que, evidentemente, fez com que o animal voltasse a voar. Ele não se importou, feliz em vê-la novamente alçando voo e seguindo em direção às flores próximas.

Changkyun era só uma criança naquela época, ainda protegido no casulo que era aquela fazenda e as palavras doces de sua mãe, contudo, ele já demonstrava uma característica marcante em sua personalidade. Não havia nada em Changkyun que fosse egoísta. E ele amava ver os animais voando para longe, pois, em sua cabecinha infantil, todos mereciam a liberdade. Sua teoria, embasada apenas em seu coração puro, quase o fez soltar todos cavalos caríssimos da fazenda em determinada noite. Felizmente, os donos dos animais, apenas riram e o garantiram que eles eram sim felizes ali quando encontraram o pequeno revolucionário aprontando.

Im nunca acreditou, mas seu pai o proibiu de ajudar com a fuga dos seus amigos cavalos mais uma vez. E Changkyun precisou obedecê-lo, uma vez que seu pai ficou realmente muito, muito bravo naquele dia. O garotinho entendeu que havia passado dos limites, ainda que não soubesse qual era o propósito de deixar os animais presos naqueles estábulos sem graça e não soltos pelos jardins, como ele. Adultos às vezes eram tão difíceis de entender.

Menos sua mãe.

Ela era incrível.

— Eu não voaria para longe, mamãe — Ele a respondeu com tranquilidade, sem precisar pensar muito, lançando-se na grama e buscando por uma flor que havia caído recentemente da roseira, levando-a em direção ao nariz. Surpresa, Yunhee não precisou perguntá-lo o motivo, pois, falante como era, Changkyun logo explicou suas palavras. — Aqui é meu lugar favorito do mundo todo! Eu tenho você, o papai, meus amigos e todas essas flores.

— Você realmente gosta delas — Yunhee concordou amavelmente, observando o filho abrir os braços na grama e movê-los para cima e para baixo, como se estivesse na neve formando uma figura – como ele costumava fazer nos invernos. O rosto da criança estava radiante, tanto pela sinceridade em suas palavras e felicidade genuína quanto pelo sol do final da tarde que iluminava suas feições tão parecidas com as de Yunhee.

O coração da mulher apertou-se ao pensar que não estaria ali no próximo verão.

— Mamãe, você não disse qual animal seria. Você precisa escolher um também — Changkyun disse repentinamente, recordando-se do assunto anterior e voltando nele. Ele era uma criança curiosa e estava entrando em uma fase de muitas perguntas. Seus questionamentos sempre arrancavam risadas dos seus pais ou dos chefes deles. Changkyun não entendia a graça, mas gostava de pensar que era realmente muito divertido. — Uma borboleta?

Flores de Inverno ♡ changkiDove le storie prendono vita. Scoprilo ora