0.1 | Prólogo.

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O silêncio predominava nossa sala enquanto eu copiava o assunto passado pela professora, tentando entender o que aquelas fórmulas queriam dizer e representar. Batuquei o lápis contra a superfície do caderno espesso, emitindo um som baixo e que logo se tornou frequente devido ao meu costume de se perder em ações semelhantes a isso, tudo por causa da carga de energia que eu acumulava e precisava expressar de algum modo.

Claro, tudo se dava por conta da ansiedade predominante em meu sistema. O que, particularmente, me deixa excepcionalmente estressado.

— Ei, Jinnie, me passa a resposta da questão quatro? — Heejin, uma de minhas amigas, indagou atrás de mim. Remexo-me na cadeira para lhe olhar com atenção, vendo a mesma esperar meu veredito. Suspiro de modo derrotado e mostro para ela qual seria a resposta. — Valeu. Não sei o que eu seria sem você.

— Você ainda seria uma garota bonita, talentosa e excepcionalmente chata. Então, ainda seria você. — respondo um tanto quanto risonho, apenas para sentir seu lápis cor de rosa me cutucar com força no braço. — Ai, isso doeu.

— E era para doer mesmo, seu desgraçado. — senti ferocidade em suas palavras, embora sua feição fosse um pouco oposta disso. Heejin é muito fofa, tem uma estatura mais baixa e sempre me lembra aquele gato bebê que aparece no Tom e Jerry. Encarei ela com atenção, e ficamos assim por quase três minutos quando eu acabei piscando meus olhos.

— Da próxima pede pro Jongho a resposta. — e com uma atitude super madura, eu dei língua para ela e me virei para frente. Escutei a professora repreender-me, alegando que não era momento para conversas paralelas e eu somente acatei seu pedido de silêncio. Até porque eu não vou com a cara da diretora e não desejo tomar um cafézinho consigo, como nossa coordenadora dizia às vezes.

Instantes após ter recebido um breve sermão por causa de Heejin, a professora avisa que sairá por alguns minutos para resolver uma situação na coordenação. Quando tive certeza de que ela não voltaria tão rápido, levei minha cadeira para o lado de Heejin e a mesma me olhou com uma expressão totalmente cética. Sorri adorável e tentei me aproximar dela, logo falhando, pois a mesma me empurrou para o lado.

— Sai daqui, falso, vai lá com o Jongho. — ela diz totalmente séria, o que era algo estranho para mim quando vinha dela. Jongho, o qual estava um pouquinho mais afastado das nossas bancas, se virou para ver o que era e havia confusão em seu olhar.

— Vocês já estão discutindo? Não são nem nove horas direito. — comentou o garoto para nós dois. Observei Heejin revirar os olhos, mesmo que tivesse ficado calada diante disso, ela bem sabia que acabávamos discutindo vez ou outra. Jaemin, que sentava perto de Jongho, logo disse:

— Eu nem me impressiono mais. Esses dois aí são como Tom e Jerry, igualzinho. — comentou o garoto de fios rosados. Revirei meus olhos diante disso, nem era tão verdade assim. Ok, talvez tenha um certo fundo de verdade nisso tudo. — Ei, quem de vocês trouxe doce hoje? — ele pergunta um tanto quanto curioso, e, timidamente, Jongho levanta a mão direita. — Divide comigo no intervalo?

E todos os dias eram a mesma coisa. Alguém do nosso quarteto trazia comida, só que além de repartir com todos, existia o elemento X da questão: Na Jaemin. O garoto cuja finalidade se resumia em ficar questionando quem do grupo havia trazido doce — ele amava isso, tipo, muito — e ficava pedindo para nós. Sua mãe sempre dizia que ele não podia exagerar, mas isso era o mesmo que nada, ele sempre exagerava.

Heejin pediu educadamente — leia-se agressivamente — que eu colocasse minha cadeira de volta ao seu devido lugar, a contragosto, eu cedi. Escutei a mesma rir de mim, optei por não rebater — até porque Heejin é baixa, mas sabe bater nos locais que machucam. O restante da aula até que se passou mais calmo, eu ainda não entendia tão bem aqueles cálculos, mas sigo tentando.

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