A Lenda das Azaléias

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"Azaléia (Rhododendron simsii): Azaléias são flores muito perfumadas que variam o significado de acordo com a cor. As brancas significam romance, e as rosadas simbolizam o amor à natureza, elegância e felicidade. De acordo com o Feng Shui, as azaleias simbolizam delicadeza."


Era uma vez... Na verdade, mais uma vez que, logo quando a tarde caía, era possível ouvir o grito animado das crianças ao verem a figura marcante de gibão colorido caminhando pelo vilarejo de Wheatfield, procurando por um lugar espaçoso e sem muita movimentação. Os pequenos corriam atrás dele até que parasse para abraçar todas elas de uma vez só e fazê-las sentar ao chão de terra para contar-lhes mais uma de suas histórias.

— Hoje irei lhes contar uma história de reis, de rainhas, de reinos e muita, muita magia. E principalmente, a história da mais bonita das magias: a magia do amor! — Junmyeon disse enquanto gesticulava entusiasmado e cativante como sempre, andando próximo da pequena plateia em formato de meia-lua para que prestassem atenção.

Ele era o contador de histórias da vila, das vilas, talvez o melhor de todo o reino. Sempre à tarde corria dos campos de Wheatfield em que trabalhava com a família para passar nos vilarejos próximos e fazer a alegria das crianças ao final daquele dia cansativo, já que algumas delas já faziam pequenos trabalhos, assim como ele. Vestia um gibão puído, feito num tecido verde oliva e azul escuro por uma generosa alfaiate da vila, mãe de uma das crianças que lhe assistia, preso por um cinto de couro, do mesmo material que suas sandálias gastas e, de vez em quando, aparecia também com bonecos de retalhos e máscaras de couro desgastado. Naquele dia, apareceu com um ramo de flores rosas bem delicadas em mãos e exibiu-as para as crianças antes de voltar a falar.


— Dessa vez, vou contar a história dessa linda flor — acariciou as pétalas com cuidado. — Ela se chama Azaléia e vem de um reino muito, muito distant- — E então foi interrompido pela chegada chamativa de mais uma criança, que se arrastou no chão de terra para se sentar o mais rápido possível e não perder mais nenhum segundo da história. — Não se preocupe, estava começando agora mesmo. Seus pais não ficarão preocupados com seu sumiço, Yifan? — E o garoto, ofegante que só, fez que não com a cabeça com um sorriso travesso.


A resposta era exatamente o contrário: sim, seus pais sempre ficavam preocupados com os sumiços repentinos. Até porque, Wu Yifan era apenas o príncipe do reino de Aubermans e quem estivesse envolvido com seu sumiço teria de conversar com o rei e a rainha. . Estavam vivendo uma época de paz e calmaria, e ainda assim continuava preocupante. Porém, o que o rei faria com um garoto já em seus catorze anos que corria de seus afazeres reais para escutar os contos de Junmyeon no vilarejo? As visitas se tornaram tão corriqueiras que todas as vezes que ele sumia naquele horário o rei, sem muito alarde, mandava uma dupla da cavalaria real buscar o garoto, mas esperava o término da história para não haver reclamações posteriores. O menino alto demais, apesar de ser apenas dois anos mais novo que o contador de histórias, conseguia se misturar com os outros pequenos por sempre correr do castelo sem sua coroa, com os trajes mais simples e as pernas levemente feridas cortadas pelo mato, pedras ou trombadas que dava por aí por ser tão desajeitado. Apesar dos pesares, Yifan gostava de suas lições de etiqueta, treinos de batalha, e de entender sobre as negociações e almejava ser um rei tão generoso e próspero como o pai, mas não abria mão daquele momento mágico onde viajava para o mundo da imaginação.


— Como dizia, a história que vou contar hoje é sobre essa flor, a Azaleia. Era uma vez... — E bastou aquelas três palavrinhas mágicas para todos ficarem em total silêncio e de olhinhos atentos no mais velho. — Em um reino muito, mas muito distante, havia um grande rei que trazia prosperidade a sua terra. Era humilde, honesto, bondoso, e ainda se saia vitorioso em todas as guerras. Mas, ainda assim, ele não era feliz. Isso porque ele sonhava todos os dias com uma linda mulher, porém ela existia apenas em seus sonhos. — E junto de sua expressão triste, todas as crianças suspiraram pesarosas e até fizeram um biquinho com pena do rei. — Um dia, voltando de mais uma guerra, o rei avistou as flores mais belas que já tinha visto com um vendedor e, completamente encantado, não demorou para plantá-las no castelo. Pouco tempo depois, ele não acreditou no que viu. — As crianças se perguntavam "O quê? O quê?" ansiosas pra saber a resposta. — Ele finalmente encontrou a mulher que ele tanto sonhava, e se apaixonaram perdidamente. E, como recomendado pelo vendedor, os dois deveriam beber todos os dias um chá feito das pétalas das flores, para assim ficarem cada dia mais apaixonados e viveram felizes para sempre!

Era Uma VezWhere stories live. Discover now