Dia 18

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Depois do meu passeio de ontem com Noah, voltamos para a casa da minha avó que estava dormindo, então nem a acordamos.

Decidi faz o café da manhã hoje então chamei Jacob para me ajudar, fizemos torradas, e café e pegamos também um pouco do bolo de ontem. quando tudo estava pronto resolvi chamar minha vó para comer, bati na porta do quarto, mas não ouvi respostas, que estranho já são 10:00 da manhã ela nunca acorda tarde, bati novamente e nada, comecei a ficar preocupada e abri a porta, e a encontrei deitada na cama, com seu edredom favorito, me sentei ao seu lado

-Bom diaaaa, vamos tomar café ?- pergunto rindo, mas ela nem mesmo se moveu, então ponho a mão em seu braço que estava estranhamente gelado, o sorriso murchou- Vovó vem, eu e Noah que fizemos o café para você- digo novamente balançando seu braço, quando de repente por impulso resolvo chegar sua respiração, ponho a mão embaixo de seu nariz mas não consigo sentir nenhum ventinho, um desespero me alcança começo a tremer e gritar por Noah

-NOAH, NOAH CORRE AQUI RÁPIDO - grito sem forças e escuto os passos pesados e apressados do garoto

-aí Deus- ele diz ao ver a cena, senta do meu lado

- Noah ela não tá respirando, ela não tá - digo em meio de soluços

- a gente tem que ligar pra ambulância- Noah responde pegando o celular na mesma hora e ligando - oi, eu sou americano, sim, sim, estamos na rua xxxxx prédio 15 apartamento 709 venham rápido por favor - ele desliga ao fim da ligação vem comigo, ele me puxa pela mão e me abraça forte, começo a chorar alto demais  e sinto suas mãos fortes me segurarem para não cair

                                      EM MEMÓRIA DE ELIZABETE OLIVES 

         É com muita dor que a familia anuncia a perda da amada Elizabete "vovó". A neta agradeçe a todos que puderem comparecer ao funeral realizado neste mesmo dia, temos felicidade e alivio em comunicar que a partida foi tranquila e  cercada de muito amor. 


ao chegarmos perto do cemitério, paro o carro e fico apenas observando o enorme portão de metal que me separava de minha amada vó, a unica coisa entre eu e ela, entre a nossa última despedida, Sina me abraça fortemente durante um longo período, todos estavam sendo muito solidários comigo e com Noah, ele passou pouco tempo com a minha avó mas mesmo assim se apegou pelo visto e para piorar ainda vou ter que esvaziar o apartamento dela sozinha. Quanto mais eu me aproximava do portão mais eu sentia um frio na barriga, e não foi um frio bom, foi um frio terrível, péssimo, horripilante mesmo, mas por incrível que pareça eu não chorei nenhum momento, nem mesmo quando o médico veio dar a noticia, na verdade chorei quando a encontrei , mas não chorei depois disso, acho que não me dei conta que acabou, minha única familia acabou, já era. Apertei a mão de Sina com força e olhei para Noah que também estava do meu lado que, coitado, estava com uma cara tão arrasada que parecia que havia sido a avó dele.

 Entramos no cemitério e a cada passo alguém vinha me dar os pesames, andamos lentamente até a parte gramada aonde havia o jazido da minha familia, o enorme buraco no chão estava coberto por um palquinho aonde estava apoiado temporariamente o caixão de minha avó, aberto como ela sempre desejou, ela sempre disse que queria ver o céu, para poder achar o caminho mais rápido, mas enfim, ela estava linda, seu vestido azul coberto por flores brancas, me aproximei da caixa de madeira pesada e passei a mão em seus cabelos brancos, sua bochecha extremamente gelada, da mesma forma que estava ontem a noite, a boca fechada e seus olhos azuis como o mar que nunca mais voltaria a ver, também estavam fechados. Algo  dentro de mim so queria sacudi-la e mandar ela levantar, mas fiz o contrário, me afastei e sentei em minha cadeirinha na primeira fileira  que rapidamente foi ocupada pelos meu amigos.


  - Vamos orar- o padre diz e todos fecham os olhos

-acho que temos que fechar os olhos e fingir que estamos rezando algo, certo?- uma voz rouca fala por cima do meu ombro, abro apenas uma fresta do olho direito e vejo um home de terno branco, me viro bruscamente ao ver a figura familiar de meu irmão, ainda chocada não consigo falar nada, apenas fico o observando por alguns segundos, então volto a me virar para frente e sacudo a cabeça como se estivesse alucinando, dou mais uma olhada para trás e ele sorri para mim, ok ele esta aqui de verdade. Fiquei com medo de olhar novamente e ele ainda estar ali, então passei o resto do enterro olhando fixamente o padre ou as vezes o Noah.

Acabou, o caixão esta a sete palmos no chão, minha vó esta no caixão, acabou.

- gente podemos ir para o apartamento dela? vocês me ajudam ?- pergunto e todos concordam com a cabeça

- claro amiga a gente ta contigo- Hina fala batendo no peito duas vezes me fazendo rir, fomos andando até a mini van e no caminho passo pelo meu irmao, João (mais tarde vocês vão descobrir mais sobre ele calma)  que acena com a cabeça, mando um dedo do meio em resposta e sigo meu caminho.

 passo pelo porteiro do prédio que me cumprimeta com um sorriso tristo, pelo visto todos gostavam muito da vovó, como somos muitos tivemos que nos dividir entre o elevador de serviço e o social, eu, Noah, Sina, Sabina, Bailey e Krys tivemos que ir juntos no social, apertei o número 7 com um aperto no peito de " é a ultima vez que vou apertar isso" e as portas se fecham, essa foia viagem mais aguniante  de elevador que eu ja fiz, sinceramente. Chegamos no sétimo andar, pego a chave dourada e abri a porta de madeira, a casa com cheiro de chocolate me deu um conforto enorme

- então gente, vamos nos separar,  tem ciaxas de papelão em todos os lugares,  peguem tudo que conseguirem, vamos deixar apenas os móveis ok?- pergunto a todos ja prendendo o cabelo- eu vou ver meu quarto, qualquer coisa me gritem- finalizo indo em direção ao meu antigo quarto, entro no mesmo e começo a arrumar tudo, primeiro abro meu guarda roupa afim de pegar algumas roupas antigas, vou pegando uma a uma e dobrando direitinho para caber na caixa não muito grande que eu havia pego. Acabei achando um vestido azul que eu amava usar quando era pequena, parei para fita-lo por alguns minutos e lembrar da minha infância

- você amava esse ai né? eu lembro da gente correndo pela Quinta atrás dos quadriciclos- uma voz rouca soa atrás de mim, me viro no susto e novamente encontro os olhos castanhos tão parecidos com os meus 

- Oque você quer João, já não estragou coisas o suficiente?- digo ríspida, não to muito afim de dar brecha para ele quase 10 anos depois do que aconteceu

- calma, calma, não vim estragar nada, vim pro funeral da minha avó- ele responde com as mãos para o alto

- então ja pode ir- retruco no mesmo tom

- Não precisa me tratar assim também- João pede passando a mão no meu cabelo, arranco sua mão com força

-você matou meus pais,  fugiu e me largou sozinha  e agora quer que eu te trate bem ?- respondo elevando a minha voz

- nossos pais- ele corrige- e eu não matei ninguém-

- ah não ? se você não fosse tão irresponsável não tinha batido a moto e não teria feito eles sofrerem um acidente indo te buscar correndo POR QUE ACHARAM QUE VOCÊ TINHA MORRIDO SEU IMBECIL-  finalizo gritando

- cara quer saber? to nem ai ta? eu vim aqui tentar resolver e você so sabe gritar comigo eu...- o corto bem no meio

- sai daqui, vai embora- digo curta e grossa

- ta bem, eu só vim deixar isso aqui- ele fala jogando um envelope branco em cima da minha cama e foi embora, pego o pequeno envelope e abro-o e vejo fotos de ontem, quando eu estava fazendo o bolo com Noah, a gente sorrindo, se beijando e pela primeira vez, chorei.

HEAVEN- Noah Urrea-Where stories live. Discover now