Após Cale ter sido oficialmente apresentado como filho caçula de Ereghast, era hora de Guyel e Alinys partirem. Hyacinth, que também se encontrava em Keonna, abraçou e chorou junto à filha. Ereghast passou a se transformar em Gaspar, podendo assim ficar no tamanho ideal para abraçar Alinys.
A despedida foi dolorosa para Cale, mas segurou suas lágrimas para mostrar a gêmea que confiava nela.
Gaspar constatou com Guyel a possibilidade de visitas ao submundo. Contudo a saída de Alinys naquele mundo jamais poderia vir acontecer novamente.
Assim que partiram, os demais semideuses – e novos deuses – ficaram em volta de Cale o parabenizando. Laden, o mais fiel dentre os demais, se emocionava em saber que o novo deus supremo havia mostrado tamanha força em uma luta. Estava orgulhoso.
Começaram então a falar sobre os artefatos, onde Cale colocou cada um deles em um pedestal em volta dos tronos. Usando a última energia que conseguia, fez uso de cada objeto para lhe emprestar magia, apenas o suficiente para que runas antigas fossem escritas no chão.
Da mesma forma como seu pai havia ficado, Cale adquiriu escrituras em todo o corpo, até o rosto, assim lançando uma magia que atingiu a todos. Fosse de proteção, paz e felicidade, Cale apenas deixou que os mais preciosos sentimentos fossem entregues para a natureza, humanos e criaturas.
- Mas Brediana, qual é o seu artefato? - Questionava Enryn.
De imediato Brediana corou, e acabou sendo rodeada pelas demais semideusas e deusas. O seu pedestal havia ficado vazio, pois o artefato não era um objeto concreto. Na mente da semideusa, a cena do beijou se repetiu, não conseguindo responder as perguntas das mulheres eufóricas.
Toda a questão do ritual de ascensão de Cale teve de ficar para mais tarde. O rapaz usou tanta magia, que não aguentou as feridas.
Cale havia cuspido mais sangue e perdido a consciência.
Algum tempo depois
O templo do deus do trigo fora reformado pelo povo quando o milagre acontecera. Vulcões em volta de todo o continente haviam entrado em erupção em uma noite, assustando e destruindo casas dos humanos. Uma oração fora feita para os deuses, porém quem ajudou os humanos foram os novos deuses, os herdeiros.
Cada um ajudou em sua região, seja controlando a lava e a impedindo de avançar, ou de proteger os humanos. Ao final de toda a catástrofe, trigo nascera por cima da lava. Uma coisa completamente inexplicável, mas que de alguma forma encantou os humanos.
Nas proximidades de Othea, em um pequeno sítio, mulheres estavam aglomeradas sobre a cerca suspirando encantadas com a visão que tinham. Estava sem camisa, como era de costume, o charme maior eram os muculos e as cicatrizes e algumas runas antigas que não saíram de seu corpo, que as enlouqueciam por completo.
Hyacinth e Gaspar observavam a cena e riam, agradeciam a natureza por certas coisas se manterem iguais.
Quando ouviram o som dos cavalos, Gaspar abria do sorriso brincalhão. Aproximou-se da cerca e gritou:
- Alerta da fera!
Os gritinhos femininos ecoavam enquanto as mulheres se decidiam entre fugir ou apreciar mais a vista que tinham. Ele agora tentava puxar a raiz que não queria sair da terra de jeito nenhum, e sua força fazia seus músculos ficarem mais chamativos, assim como as veias saltadas por seus braços.
Assim que Brediana descera do cavalo e vira as mulheres permanecerem no cercado, não tardou em fazer esfera de água e as molharem por completo. Das poças, conseguira fazer com que enguias fossem confundidas com cobras e espantar a mulherada por completo.
- Chegou com estilo!
- E ele nem se toca – Bufou Brediana para o sogro, indo em passos decididos até Cale.
- Quer apostar quanto que ele vai desarmar ela rapidinho? - Sussurrava Gaspar para a esposa, que ria graciosa.
- Ora mas é claro que vai, ele herdou isso de mim.
O casal ria deixando os mais jovens sozinhos em meio a terra, mesmo que estivessem curiosos para saber de alguma coisa.
Ao chegar perto de Cale, Brediana suspirou e tentou ao máximo se conter. Não apenas por ele estar sem a camisa, ou por lhe direcionar aqueles olhos roxos brilhantes e... ela suspirou
- Brediana! - O rapaz fora correndo até a esposa, a erguendo ao ar e a girando fazendo-a rir.
Havia desarmado e dizimado a fúria com sucesso.
- Estava rodeado de mulheres, de novo.
- Está brava comigo? - O rapaz ainda segurava a moça em seus braços, abrindo um sorriso largo – que esposa mais ciumenta, essa minha.
- Talvez eu possa ficar menos brava... e te contar um pequeno segredo.
Cale soltou da esposa e assentiu, apenas pegou de sua camisa e a vestiu deixando o trabalho de lado por algum tempo. Retornando para dentro da casa de seus pais, eles se sentaram para tomar o café da tarde que Hyacinth havia preparado.
Os quatro conversaram e brincaram por um tempinho, aproveitando o final da tarde. Gaspar gargalhava e brincava com Cale, enquanto Hyacinth contava sobre quando havia conhecido o deus e se casado com o mesmo.
- Cale já devemos retornar – Brediana tocara no ombro do marido e selou-lhe os lábios. - Deve descansar antes da reunião de amanhã.
- Ah certo. Parece que devemos pensar em algo para Nuria – Cale comentara com o pai – Guyel havia dito que cuidaria do pai, e que avisaria quando ele despertasse. Chegou a hora.
- Com certeza ser um deus supremo não é uma tarefa fácil. Tome a decisão mais sábia depois de escutar os demais.
Gaspar ainda aconselhava Cale vez ou outra. Antes do anoitecer, o casal partira para Keonna sobre as costas do dragão. Diferente do pai que tivera de esconder sua relação para o seu bem e a de Hyacinth, Cale e Brediana moravam em Keonna.
De lá poderiam visitar quem quisessem, resolveriam quaisquer problema e ainda cumprir com seus compromissos como divindades.
Quando chegaram no templo, Brediana entregara uma carta com o selo de um raio. Cale sabia que se tratava da irmã, da qual não tinha mais visto desde que fora declarado o deus supremo. Saudoso, abriu a carta e a leu, sorrindo e rindo com as novidades que era contadas.
- Alinys está feliz?
- Ah claro, ela tem um reino inteiro para mandar – Brincava Cale, continuando a ler a carta – parece nossos sobrinhos herdaram o jeito de Guyel, boa sorte para ela.
- Ou seria boa sorte para as crianças?
- É um mistério.
- Talvez nós também precisemos de um pouco de sorte...
Cale olhou para Brediana, segurou seus dedos beijando os mesmos. O esposo acariciou o ventre da mulher e sorria infantilmente.
- Queria dizer que os deuses nos protejam, mas...
- Abençoados pela natureza, apenas.
E assim se encerrava o primeiro capítulo da história de Cale Arkalis, o novo deus supremo de Keonna.
Fim
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O trono de Ereghast
FantasyOs treze deuses principais de Keonna estão enfraquecendo depois de milênios cuidando do planeta. Agora, cada um deles procura por seu herdeiro, até se atentarem ao fato de que o trono de divindade suprema estava prestes a ficar vazio Com deuses amb...