"Intenção"

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P.O.V Nicole

Pisquei algumas vezes tentando não morrer de tédio ao atualizar o relatório do último caso solucionado pelo Dolls, era isso que eu recebia por pedir folga para ir ao escritório do advogado. Relatórios e mais relatórios.

- Estou curioso para saber o que este computador te fez para estar tão furiosa com ele. - ergui os olhos do teclado para ver o Doc ajeitando seus cabelos antes de pôr o chapéu. - Está assim por causa da bronca que levou por faltar?

- Eu estou bem.  - tentei sorrir mas não deu muito certo. - Só preciso descansar um pouco, mas nem na minha casa tenho sossego.

- Me chamou para ir lá só por que não quer aguentar a pequena Earp sozinha? - sorri sem graça afirmando com a cabeça que sim.

- Mas sabe que não resisto a esse bigode charmoso também não é!? - ele piscou para mim antes de sair da porta do meu escritório.

Ainda faltava alguns minutos para que eu me livrasse do trabalho então terminei aquele relatório o mais rápido possível.

Não havia muitos crimes em Purgatório, e os que aconteciam era cometidos sempre pelos mesmos bêbados.

Era um lugar perfeito para se ter uma família, mas a minha antes de virar realidade se transformou num inferno, e eu estava casada com o próprio capeta.

Meu celular vibrou sobre a mesa e como previ a Poppy mandou mensagem avisando que esperava por minha carona para levá-la até minha casa já que o Dolls iria na moto do Doc.

Waverly me mataria, eu não queria aborrecê-la, mas quando convidei os rapazes a Poppy estava ao lado e por educação estendi o convite a ela, mas eu sabia que era uma péssima idéia.

Desliguei o computador e caminhei para fora do escritório, Jeremy me olhou como se eu tivesse cometido um crime, sorri para ele mesmo assim, não era por que ele se voltou contra mim depois da separação que eu havia deixado de gostar dele.

- Estava quase indo te buscar. - Poppy veio em minha direção pelo corredor e segurando meu braço me arrastou para fora antes que eu pudesse dizer algo. - Estou ansiosa para conhecer seus amigos.

- Uh, então.. - sorri sem graça parando em frente ao meu carro. - Acho que eles também estão. - Waverly vai te matar. Era o que eu realmente queria dizer.

- E sua ex? - a ouvi perguntar assim que entramos no carro. Ex parecia uma palavra forte dita por outra pessoa. - Ela está bem com a gente? - que a gente era este?? Apertei o volante em minhas mãos evitando fazer contato visual com ela.

- Waverly não liga que eu receba alguns amigos em casa, e o Doc é praticamente seu cunhado. - respondi da melhor maneira possível,  era uma mentira, mas ela não precisava saber que o pequeno ser que chegaria em casa do trabalho a qualquer momento poderia matá-la de uma forma tão impressionante que fazedores de arte satânica ficariam surpresos.

- Que bom então! - ela se ajeitou no banco e colocando sua mão sobre minha coxa deu um leve aperto, engoli a seco sem reação.

Para minha sorte, ou para meu azar, chegamos a minha casa em poucos minutos, a moto do Doc estava estacionada na frente e o barulho da televisão indicava que ele havia usado a chave reserva para entrar.

- Pode ir entrando na frente. - avisei a mulher grudada em meu braço como chiclete, ela obedeceu e então aproveitei para me certificar de que a Waverly não estava chegando.

Adentrei a casa e ali mesmo na porta congelei, os rapazes estavam na sala assistindo algum filme sangrento mas o que me chamou atenção foi o fato da Waverly estar só de biquíni com uma toalha em torno do pescoço e um falso sorriso nos lábios para a Poppy.

- Cadê a sua roupa? - pronunciei assim que parei de encarar seu corpo, me aproximei rapidamente dela puxando a toalha e cobrindo seu corpo, Dolls olhou para trás apenas para me enfurecer mais ainda. - Preste atenção no filme, você não perdeu nada aqui! - murmurei tentando cobrir o que a toalha não tapava com as mãos.

- Eu fui tomar banho de piscina com algumas colegas depois do trabalho. - abaixei os olhos encarando a Waverly por alguns segundos. - Você pode me soltar agora para que eu vá me vestir?

- P-Posso. - limpei a garganta me afastando dela. - Não é problema meu isso. - tentei dizer com indiferença, ela assentiu com a cabeça e subiu as escadas, me esforcei em não olhar muito para sua bunda.

Ninguém pode me culpar, estou há meses na seca.

- Para de babar e venha tomar uma cerveja conosco. - cocei a nuca caminhando até o sofá com a Poppy.

Bebi uma garrafa inteira em poucos goles, nem havia percebido que estava com tanta sede, por sorte, Dolls puxava assunto com a Poppy e até mesmo explicava algumas partes do filme que eu sequer conseguia prestar atenção.

De vez em quando olhava o topo da escada, não esperava que ela se juntasse a nós já que a sala era o meu lado da casa, mas estranhamente eu queria vê-la, com pouca roupa, ou nenhuma, mas isso eu negaria até a morte se perguntassem.

- O filme está no fim e duvido que você saiba o que está acontecendo. - Doc sussurrou baforando um hálito carregado de álcool, o modo como suas piscadas eram lentas e seu sorriso parecia bobo denotava o quanto estava bêbado.

- Vou mandar uma mensagem para a Wynonna te buscar parceiro. - bati a mão em seu joelho e me levantei do sofá.

Pegando o celular avisei a Wynonna que morava ao lado que o Doc precisava de ajuda para ir, Dolls entendeu o recado e piscou para mim, ele poderia dar uma carona para a Poppy na moto do Doc, do jeito que estava nem daria por falta dela.

Subi as escadas devagar ainda podendo ouvir a porta bater logo após a televisão ter sido desligada, ainda estava cedo para dormir então eu tentaria ler algum livro perdido pela cômoda que nunca finalizei.

O barulho do chuveiro ecoava pelo corredor. Desde a separação da casa ela não usava o banheiro social já que no nosso antigo quarto havia um, mas dessa vez ela estava lá, não sei por que.

Andando devagar para não fazer barulho me aproximei da porta que estava entreaberta, estranho ela ter esquecido de fechar. Coloquei a mão suavemente na maçaneta encostando meu rosto na madeira.

- Isso! - arregalei os olhos ao ouvir sua voz abafada murmurar, o barulho do chuveiro dificulta um pouco então abri devagar a porta um pouco e pus a cabeça para dentro tentando ver alguma coisa.

Sua silhueta obscurecida por todo vapor da água quente parecia somente um borrão através do vidro, ela estava de costas pra mim para o meu alívio.

- Nicole! - congelei ao ouvi-la murmurar meu nome em meio a um gemido. - Que gostoso! - engoli a seco sentindo um desconforto entre minhas pernas.

Não acredito que ela está se tocando enquanto pensa em mim. E o pior, eu estou aqui invadindo sua privacidade.

- N-Nicole! - ela gemeu batendo a mão contra a parede.

Se ela está me chamando é por que me quer lá, certo!?

Até que a morte nos separe (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now