"Isso é guerra"

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P.O.V Waverly

Eu daria o mundo por você.

Dois anos de casamento.
Talvez não pareça muito, talvez sejam considerados os melhores, mas para mim, aqueles dois anos ao lado da Nicole me fizeram pensar o contrário disso e a cada manhã eu passei a me perguntar:

"Por que diabos me casei com esta mulher?"

Eu não cometeria outro erro trágico novamente, por isso, encarando o teto do meu quarto respirei fundo tomando coragem para passar mais um dia sem ceder as suas provocações.

Eu poderia me divorciar, cada uma para o seu canto, mas isso significaria que eu fracassei quando na verdade ela que resolveu ser estúpida o bastante para fazer uma besteira, então eu mereço ficar com a casa e os carros, já ela.. que aprenda a viver sem mim.

Levantei da cama uma hora mais cedo, por ser segunda   feira eu sabia que ao sair para trabalhar ela passaria pelo meu corredor então eu tinha que estar com meu ar de vitoriosa toda produzida as 07:00 para que ela sentisse seu coração afundar ao me ver linda não ligando nem um pouco com sua presença.

Deixei os cabelos soltos exatamente como ela amava, passei batom vermelho nos lábios pois eu sabia que ela babaria um pouco vendo minha boca marcante sem poder beijar, coloquei um vestido justo realçando meus seios, eram pequenos mas ela sempre disse que eram perfeitos daquele modo, e então pegando meu celular fui até meu lado da cozinha e sentei esperando ela passar.

Observei algumas mensagens do Jeremy respondendo-a com um largo sorriso, mesmo que ele só estivesse dizendo que perdeu a cueca na festa em que estava ontem, eu tinha que parecer totalmente feliz.

- Waverly, estou indo trabalhar. - um vulto ruivo perfumado trajando o uniforme policial passou por mim, meu sorriso morreu ao ver que ela sequer olhou pra mim.

- Idiota. - bufei alto assim que ela bateu a porta da cozinha que dava na garagem. - Para onde ela pensa que vai tão perfumada assim?  - levantei da cadeira indo até a minha parte da geladeira buscar algo para comer.

Deixando meus olhos cair na parte da Nicole, avistei um bolo de chocolate com morango, ignorando o bilhete escrito 'não pegue' apanhei uma faca e retirei uma fatia tomando o cuidado de deixá-lo com aspecto de intocável, limpei os farelos da prateleira e enfiando tudo na boca saboreei aquela delícia, fechei a porta da geladeira não resistindo a gemer de felicidade.

- Você não toma jeito. - travei no lugar não querendo olhar diretamente nos olhos da ruiva parada na porta, talvez se eu engolisse rapidamente ela não notaria. - Sei que tá comendo o meu bolo. - me praguejei mentalmente por não ter esperado ouvir o barulho do carro saindo para fazer isto.

- Não é o que você está pensando. - murmurei de boca cheia cuspindo alguns farelos. - Tá bem, eu comi.

- Tudo bem. - ela sorriu parecendo amigável. - Só voltei para avisar que trarei alguns amigos aqui depois do trabalho. - assenti que tudo bem apesar dela não ter pedido minha opinião.

Depois que dividimos a casa em duas partes para evitarmos esbarramentos e discussões bobas a Nicole começou a parecer mais amigável, e mesmo sendo desnecessário me comunicar tudo que fazia, seu hábito persistia e eu, bom, não ligo de ser informada das coisas.

- Não coma todo meu bolo por favor, prometi a Poppy um pedaço disto. - eu abriria a boca em choque mas ainda não havia engolido o bolo.

Como ela ousa trazer o inimigo para nossa casa?

- Você não se atreveria a trazê-la aqui! - cuspi as palavras como se fossem um palavrão, seu olhar queimou sob minha pele e em seus lábios surgiu um sorriso em desafio. - Não a quero aqui!

- Acontece que, eu posso trazer quem eu bem entender para a minha parte da casa querida ex-esposa. - senti meu sangue ferver e a vontade de arrancar aquele sorriso no tapa cresceu, mas ela tinha razão em segundo ponto.

Não era mais da minha conta o que ela fazia e com quem fazia.

- Vou considerar seu silêncio como algo bom. - ela soltou um beijo no ar e foi embora rebolando naquelas calças apertadinhas.

Essa mulher definitivamente me tira do sério, mas isso não ficará assim.

Apanhei meu celular e procurei na lista de contatos o número da minha irmã, lhe digitei uma mensagem rapidamente sem pensar muito nas consequências.

"Arranje uma mulher gostosa para mim, que comece a temporada de caça."

Se Nicole pensava que poderia me provocar e ficar por isso mesmo estava muito enganada, se bem que ter a Poppy por perto é uma oportunidade para que ela viole nosso acordo.

- Mas se ela beijar alguém eu a mato! - apertei meu celular contra a palma da mão em pura raiva.

- Sabia que tê-la deixado cair da cama quando éramos crianças ia te deixar doida. - me assustei assim que ouvi a voz da Wynonna reparando que ela havia entrado sem avisar pela porta do fundo. - Eu te..

- Não me venha com eu te avisei! - interrompi sua frase revirando os olhos, ela pôs sua arma sobre a mesa e sentou em uma cadeira distante de mim. - Ela que está tentando me deixar louca.

- Você já era, não a culpe por isso. - Wynonna comentou rindo dando de ombros. - Morar juntas só vai terminar em banho de sangue, e que história é essa de achar uma mulher pra você?

- É só para provocar a Nicole. - expliquei em poucas palavras meu plano repentino. - Ela vai trazer a Poppy aqui só para me fazer ciúmes.

- E já está dando certo. - ela murmurou apontando para mim como se fosse algo óbvio, bufei alto me recusando a admitir que eu estava morrendo de ciúmes. - Você está deixando claro que fica irritada com as ações dela, a ruiva é esperta e sabe exatamente como desestabilizar você, se conseguir isso você desistirá depois de tanta raiva. - abri a boca incrédula com aquela revelação.

- Não acredito no que vou dizer mas, você tem razão Wynonna. - ela sorriu convencida assentindo com a cabeça.

- Você não pode se envolver com ninguém senão será traição, você quebrará o acordo e perderá os direitos sobre a casa. - fiz um som nasalado em concordância. - Eu não concordo com o que estão fazendo e nem entendo mas posso ajudar.

- Como? - sussurrei esperançosa.

- A deixe louca. - ela falou pausadamente. - A seduza inocentemente, depois finja que não fez nada, a provoque, desperte os sentimentos dela, depois seja fria, volte a ser como é agora, ela desistirá da casa quando perceber que não pode viver com você pois não tem mais controle sobre o que sente. - franzi o cenho tentando entender tudo aquilo.

- Quer que eu a enlouqueça? - ela apenas concordou com a cabeça. - Você esqueceu o detalhe de que a Nicole sabe controlar suas emoções e não vai ficar seduzida por mim do nada.

- Você que se engana. - ela levantou da cadeira e se aproximou de mim me segurando pelos braços. - Seja sutil, doce, provocante, exatamente tudo o que você é pois foi isso que fez ela se encantar por você.

- Eu jurava que era porque eu tinha ficado presa ao tentar tirar a blusa, mas isso parece ser mais coerente. - Wynonna revirou os olhos me dando um tapa de leve no braço. - Eu pensarei nisso enquanto trabalho.

- Não entendo como trabalha com crianças depois do que aconteceu, mas tudo bem. - ela beijou minha testa suavemente e foi embora levando sua arma de cano longo.

- Nem eu sei. - murmurei em um suspiro apenas para mim mesma.

Acho que estar concentrada nesta guerra me impede de pensar naqueles olhos castanhos, naquela pequena mãozinha que nunca se agarrou ao meu dedo, naquela boca que nunca me chamou de mãe, naquele ser dentro do manto que respirou pela última vez dentro dos meus braços e o da Nicole.

Eu venceria isso facilmente, só preciso aprender a seduzir e ser provocante, ou seja, estou ferrada.

Até que a morte nos separe (DEGUSTAÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora