Manter o foco ou quase isso.

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Depois que saio da sala, ando em direção a festa novamente, percorrendo todo os corredores que Lucas havia me mostrado, até que chego, ainda tem pessoas dançando no meio do pátio. Ando até o bar novamente, o garoto que está trabalha nele, sorri assim que me vê.
— O que uma mulher como você veio para num lugar como esse?
– Dou risada e sento em um dos bancos que ficam de frente para o balcão. — Eu levei um fora, na verdade não foi bem assim, mas foi quase. Me sinto até mesmo naqueles filmes onde os bêbados desabafam com o garçom. – O garoto se vira e serve alguma bebida para mim, quando cheiro percebo que é vinho com Vodca, viro na boca e bebo tudo que tinha no copo. — Eu não sei como posso falar isso sem parecer que estou dando em cima de você, mas esse garoto é burro, eu não faria isso. – Ele sorri e fica me encarando, sinto um pouco de incomodo, mas não falo nada já que ele mesmo afirmou que sua intenção não é dar em cima de mim.
— Obrigada. – Ele continua a me olhar e então eu começo a rir de nervosismo. — O que foi? Algum problema? – Pergunto sem entender. — Depende do ponto de vista, eu só não sei como vou te dizer isso. – O garoto responde e eu continuo a olha-lo ainda mais apreensiva que antes e então o mesmo pega um guardanapo e me entrega. — Sua boca.... Está toda borrada de batom. – Pego o guardanapo e limpo minha boca, começando a rir, eu estou morta de vergonha e não sei como reagir, ainda bem que ninguém mais me viu assim. — Ah....Muito obrigada, novamente... – Respiro fundo apertando o papel antes branco agora manchado de vermelho entre meus dedos. – Mas e então? Que tal outra bebida para esquecer? Dessa vez deixa eu escolher. – Ele sugere e eu afirmo com a cabeça aceitando, talvez o garoto percebeu minha falta de jeito com a situação, por dentro eu estou com tanta vergonha que mal consigo falar, pelo jeito eu não sei bem como disfarçar. O mesmo se vira para a estante enorme de bebidas, pega uma garrafa de Jack Daniel's e coloca uma dose dupla no meu copo, meus olhos chegam a brilhar, porém antes de me servir o copo é complementado com uma lata de Red Bull. — Aqui está. – Essa mistura não faz nada bem para meu coração, mas dessa vez eu realmente preciso de algo forte. Sorrio e pego o copo gelado, dando um gole, a bebida desce forte pela minha garganta, queima um pouco, mas não me incomodo.
— MELISSSAAAAAA!!! – Ouço a voz da Manuela e me viro, não sei o porquê, mas ela sempre me grita quando está perto e não tem necessidade. — Onde você estava? – Ela pergunta. Bebo mais um gole antes de responder. — Conhecendo a faculdade. – Ela semicerra os olhos e eu faço uma expressão de paisagem. — Sendo assim... – Ela parece se contentar com minha resposta, pelo menos agora não estou afim de contar o que acabou de acontecer — Você estava onde, garota? – Pergunto para ela com um tom intimidador. — Conhecendo a boca de um dos alunos da faculdade. – Balanço a cabeça em negação virando toda a bebida na boca, ela faz uma careta e o garoto do bar ri. Não sei por que ainda pergunto se a resposta é óbvia.
— Vamos embora? – Ela pergunta se aproximando de mim, como uma voz quase implorando. ­ — Vamos! – Eu não tenho mais motivos para ficar, e se ela quer ir embora não vou negar. Manu anda sozinha em direção ao portão, nem dá tempo para que eu apresente ela ao garçom, na verdade acho que ela nem olhou para ele. Deixo o copo no balcão e sorrio para o garoto. — Me chamo Arthur Schenyder.
– Ele diz se apresentando, estendo a mão para ele. — Me chamo Melissa Skarsgard. – Ele abaixa a cabeça e beija minha mão, dou um sorriso sem graça, ele solta minha mão. Não esperava essa atitude dele. — Belo nome. – Ele elogia. — O seu também. – Comento com um sorriso e saio em direção ao portão onde Manuela me espera.
— Foi esse garoto que mostrou a faculdade para você? - Balanço a cabeça negando. — Não, ele foi apenas o garoto que me serviu as doses de bebidas. - Ela começa a andar e eu acompanho. — Ele é bonitinho, eu pegaria. — Bom, quem você não pegaria, não é Manuela?! - Ela revira os olhos e ri. — Eu apenas aproveito as coisas boas da vida e isso inclui pegar garotos. — Muitos garotos você quer dizer. — Falo completando sua frase. A essa hora já não passa mais ônibus, então só nos restava ir a pé. Não é muito longe, pelo menos para mim não, já que estou com cachaça na mente, de ônibus é uns 10/20 minutos, a pé uns 30/40. Ando o caminho todo cantando várias músicas, enquanto Manuela não saí do celular. Eu decido não contar para ela sobre o Lucas por que nem eu mesma sei o que aconteceu, ainda estou tentando digerir, fiquei com um garoto que pareci querer ficar comigo e do nada ele me dá um fora, será que ele é virgem também? Tudo bem que eu não tinha intenção nenhuma de transar essa noite, mas ele simplesmente se incomodou quando o clima esquentou, será que ficou com Vergonha? Essas perguntas estão me intrigando cada vez mais, não sei o que pensar, é um pouco estranho tudo isso, Manuela vai rir de mim se eu contar com certeza, e eu não estou afim de escutar piadinhas a essa hora.
Depois dos minutos andados, chegamos em casa. Não é minha casa e também não é uma casa, é um apartamento dos parentes da Manuela, da parte rica da família dela, eles deixam a gente morar para estudar, já que ninguém morava. Subimos pelas escadas e assim entramos, tiro meu sapato e também a roupa, deixando meu celular me cima do criado mudo indo direto para o banheiro tomar um banho, Manuela deita na cama do jeito que está, sem ao menos tirar os sapatos, não tinha cheiro de bebida nem nada, deve ser só cansaço. Entro no banheiro e ligo o chuveiro, deixando a água cair no meu corpo nu, enquanto eu relembro os momentos na sala de testes com o Lucas, meu corpo arrepia, sinto uma sensação fria no estômago, pensando no momento que ele segurou forte em minhas coxas, enquanto sua boca beijava meu pescoço. Eu sou muito tola se pensar por um lado, ele deve ter pegado várias meninas hoje, eu só fui mais uma em sua lista, e aquele sorriso não me engana nem um pouco, mas por que isso tem tanta importância? Foi por causa do fora? Eu não sei, isso está mexendo comigo. Alguns minutos se passam e eu saio do banho, com uma toalha enrolada em meu corpo, visto meu pijama de caveirinhas e me deito na cama ao lado de Manuela, ela já está dormindo, levanto e ando até seus pés, tiro seus sapatos e me deito novamente.
Acordo no dia seguinte com Manuela falando no telefone, ela parece animada, olho para ela e pergunto quem é só movimentando a boca, sem sair som, ela faz um sinal com as mãos indicando que depois me fala. Volto a deitar novamente, pego meu celular e olho as horas, mas na verdade eu não quero ver as horas, estou com esperanças que Lucas me mandaria mensagem, mas como ele iria fazer isso se nem meu número ele pegou? Coloco novamente o celular no criado mudo e fecho os olhos para dormir de novo, porém Manuela pula em cima de mim, juro por Deus que senti duas costelas minhas entrar e sair do meu rim rapidamente, acho que as vezes ela pensa que sou feita de pano. — ELE ME LIGOU!! – Ela grita e eu a olho sem entender o motivo de tanta animação.
— Quem te ligou?
— O cara que peguei ontem.
— Defina pegar. – Falo esperando sua resposta, mas eu já imagino qual será.
— Transar amiga, eu transei com ele.
– Passo as mãos em meus olhos com uma expressão de paisagem, já que eu tinha acabado de acordar e meu cérebro nem havia se oxigenado ainda, acho que eu escutei errado.
— Você transou com ele? Quando você conheceu ele? – Ela ri e sai de cima de mim. — Ontem. – Ela diz convencida. Após escutar sua resposta, sento na cama e a olha sem dizer nada. — Qual foi Melissa? Não é por que você é virgem que todo mundo tem que ser. – Ela diz me afrontando, acho que tentando me magoar, mas não consegue, virgindade é um assunto que não me afeta em nada. — Não estou dizendo para você ser virgem a vida toda, ou para não transar com quem quiser, apenas não tem necessidade de você transar com um cara que acabou de conhecer, e outra coisa, a vida é sua, faça o que bem querer. – Falo dando de ombros, no fundo sinto que a garota não esperava pela minha reação seca, ela simplesmente se cala, eu levanto da cama e vou no banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Assim que termino saio do banheiro e Manuela não está mais em casa, tem café pronto, então apenas me sirvo e bebo.
Algumas horas se passam desde da hora que eu acordei, como não tem o que fazer, leio arquivos científicos e assisto um filme que passa na TV, de um filme eu assisto 2,3 e quando me dou conta já é noite, penso em sair ir beber algo, mas não quero ir sozinha, então resolvo ir dormir. Estou ansiosa com a segunda feira na faculdade, e como não tinha bebida em casa eu resolvo tomar um remédio para dormir, destaco 2 comprimidos da cartela e bebo, a ação veio rápido, não foi nem 10 minutos e vejo tudo ficar turvo, indicando que a sensação que eu quero foi alcançada, deito na cama e rapidamente durmo. Acordo no dia seguinte, ainda estou com sono devido ao remédio, Manu não está na cama e nem em casa, deve ter dormido fora, em meu celular não tem nenhuma mensagem dela, eu também não resolvo incomodar. O domingo se resumiu nisso, assistir serie e comer coisas gordurosas e doces. Quando deu oito horas da noite, alguém bate na porta, levanto do sofá e ando par abrir, quando abro a porta por completo vejo Manuela, ela pare está sob efeito de alguma coisa nada normal. — Olá garota. – Ela diz se abraçando a mim. –O que você tem? – Pergunto preocupada. — Hahaha não sei, só me sinto leve e feliz. – Fecho a porta e a levo até a cama. — Você bebeu? – Pergunto só para ter certeza, mas não parece apenas álcool, eu conheço bem uma pessoa bêbada. — Só um pouco. – Levo meus dedos até seus olhos e vejo sua retina dilatada. — Você usou oque? – Ela me olha sorrindo, parece uma maníaca. — Nada que eu não deveria. – Respiro fundo e tento manter a paciência para não dá um soco na sua cara, pois é a coisa que eu mais quero nesse momento. Tiro seus sapatos e sua roupa, a levanto, levando para o banheiro, a faço sentar no chão, perto do ralo, enquanto ligo o chuveiro, a agua fria cai em seu corpo, ela geme e tenta sair, a empurro novamente e ela começa a chorar.
— Desculpa.... Eu...eu não sei o que me deu.... – Ignoro seus pedidos de desculpas e continuo a jogar agua sobre seu corpo, ela não deve se sentir culpada, não agora no estado que está. Alguns minutos se passam e ela fica em estado catatônico sentada no mesmo lugar.
— Amanha conversamos. - Saio do banheiro e ando em direção ao quarto, deixo Manuela sozinha. Eu não estou com paciência, e ela no momento precisa de ajuda e não de julgamentos e eu não sou a pessoa apropriada para isso, não agora. Deito na cama e tento dormir. Acordo de manhã com meu celular tocando devido ao despertador. Olho para o lado e Manuela ainda continua dormindo. Levanto e ando em direção a cozinha, preparo um café forte e faço algumas torradas. Depois de pronto, eu como e começo me arrumar para mais um dia de faculdade, é segunda feira, hoje as coisas realmente começam a ficar tensas. Depois de um banho e de me vestir: Uma calça preta dessa vez sem rasgos e uma blusa preta de alça fina, no meu pé o mesmo All Star preto de sempre, meu cabelo está solto, os cachos bem definidos, pego minha bolsa, passo perfume e saio de casa. Manuela nem despertou do seu sono, eu não vou chama-la, ela precisa descansar e colocar seus pensamentos no eixo. O ônibus passa no ponto, eu entro, sento, ao decorrer da viagem, vou escutando músicas como sempre. Chega no ponto da faculdade e desço, ando até ela. Passo pelo portão e me dirijo até a sala que eu estudo. Agora as coisas estão mais serias, não tem mais festas, é focar nos estudos.
Assim que passo pela porta e a primeira pessoa que meus olhos encontram é o garoto da festa. Respiro fundo e não deixo transparecer nenhuma emoção, apenas sigo em frente, sentando no mesmo lugar dá aula passada. Ele me olha, como se quisesse sugar minha alma. Logo depois disso ele não olhou para mim nenhum momento, como sei disso? Por que eu olhei a maioria do tempo para ele. O tempo da aula se passou. Agora é o intervalo, eu vou aproveitar esse tempo para ir na sala de testes de novo, mas dessa vez para realmente ver as coisas. Levanto da cadeira, e ando pelos corredores, tendo leves Flashback da noite da festa. Ainda não entendo o verdadeiro motivo do garoto sair daquele jeito, até por que eu não sei ele, mas eu não estava afim de transar aquele dia, ainda mais com um garoto que só vi duas vezes na vida. Imagino que por ser de manhã a porta pode estar aberta, mas assim que coloco a mão na maçaneta e giro a porta está trancada, bufo pela boca e fico frustrada. — Por que não me chamou? Eu posso abrir para você. – Eu acabo me assustando com a voz do garoto, e com sua aproximação em minhas costas, posso sentir sua respiração no meu ouvido, seu sotaque me causa arrepios. Mesmo assustada eu não me viro, continuo com a mão na maçaneta e imóvel. — Queria conhecer a sala.... Sozinha.... – Ele ri como se não acreditasse. — No fundo eu sinto como se quisesse relembrar a noite que passou. – Ele dá um passo para trás, levando sua mão com a chave até a porta e a abre. — Você é muito convencido. — Talvez só um pouco. – Ele me empurra para dentro da sala e tranca a porta.
— O que você está querendo com tudo isso mesmo? – Pergunto o olhando com raiva. O garoto veste uma calça preta, uma blusa da mesma cor da banda Nirvana e sua bota coturno. — Você! – Lucas anda até mim, segura em meu cabelo, me puxa de encontro seu corpo, olha dentro dos meus olhos fixamente. — Vou terminar o que eu comecei sexta. – E assim ele inicia um beijo, demoro uns 3 segundos antes de retribuir, o beijo é a força e isso só me dá mais tesão. Retribui a ação, dando alguns passos para trás, até chegar na mesma mesa que a gente ficou pela primeira vez. Ele me segura pela cintura, me sentando nela, cruzo minhas pernas em sua cintura. O beijo está intenso, nossas línguas se encontram, ele morde meus lábios, enquanto sua mão percorre meu corpo e novamente eu faço o que fez ele separar o beijo da vez anterior. Seguro com força sua mão e coloco sobre meu peito e diferente da outra vez, ele aperta ainda mais com força, um gemido sai da minha boca, ele separa e começa a descer com mordidas pelo meu pescoço. Minha mão direita entra debaixo da sua blusa, arranhando seu abdômen. Lucas toma a iniciativa e tira sua camisa, eu fico particularmente surpresa, não esperava isso dele, mas não reclamo. Dou uma olhada fixa em seu corpo, agora dá para ver todas suas tatuagens, um dragão oriental em que se enrola no braço direito, no peitoral esquerdo uma adaga perfurando um coração, um bode no mesmo antebraço, e para finalizar uma rosa dos ventos no abdômen, todas tatuagens em preto e branco. Meu dedo indicador desliza pelo desenho de dragão, Lucas apenas observa com atenção, enquanto eu pareço uma criança brincando de desenhar em uma tela. — Gosto de tatuagens.
– Comento e o garoto sorri como resposta.
Paro de toca-lo e levo minha boca até seu pescoço, consigo sentir o cheiro do seu perfume, mordisco e chupo, sua pele arrepia, desço até chegar em seu peitoral. Eu quero que ele fique desestabilizado, mas no fim das contas eu que estou mais ofegante que ele. O garoto me segura forte pelo cabelo, me força a olhar para seus olhos, se aproxima de mim e passa sua língua entre meus lábios, como uma provocação, dou uma mordida nela, que sangra um pouco, ele sorri, segurando forte em meu queixo, não parece ficar bravo. Apenas passa novamente a língua agora sangrando em minha boca, sinto o gosto de seu sangue, foi a primeira vez que tive essa experiência, é bem excitante. A mão dele vai até a barra da minha blusa, e com um só movimento ele a tira, coloca sobre a mesa, meus seios apenas cobertos por um sutiã preto de renda. Para piorar minha situação ou não, dedo polegar desliza sobre meu ombro direito, parece que seu dedo tem brasa, queima e arde, ele desce mais um pouco, chegando até o meio que divide meus dois peitos, espero que faça algo, minha respiração esta pesada e forte, sinto meu coração sair pela boca. O garoto avança novamente, inicia outro beijo, agora sua mão segura com força minha cintura, me faz quase deitar sobre a mesa, mas o sinal da próxima aula toca, eu separo o beijo e levanto, ele ri e morde seu próprio lábio. — Temos que ir para ala. – Falo e pego minha blusa, ando em direção a porta. Lucas encosta na mesa, olha para sua barriga cheia de arranhões e depois volta a olhar para mim com uma expressão de malicia. — Eu poderia muito bem terminar o que comecei. – Sua voz sai em tom de ameaça, viro em sua direção e dou risada. — Isso seria estupro. – Respondo. — Bom, não é estupro se a vítima querer. — Vitima?! - Pergunto e rio com seu comentário, bem estranho aliás, ele nada mais responde, fica no mesmo lugar e me encara. Coloco minha blusa e levo a mão até a chave da porta, destranco, sem dizer nada saio da sala.  

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