Human

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Minha cabeça me passa uma sensação estranha, parece um looping infinito, onde eu tenho que reviver a mesma coisa várias vezes. Em um instante Lucas se mostra alguém frio e sem sentimentos, no outro se importa até mesmo com meus medos e dores, sua mudança de humor não me faz bem, eu nunca sei como reagir, e pior o efeito que ele tem em mim, é questionável, não é algo normal, parece que a qualquer momento eu faria qualquer coisa para tê-lo perto de mim, toda a segurança que ele me traz, como na piscina, mesmo com minha fobia eu consegui me sentir bem, só por que ele estava comigo. Eu tenho medo de que tudo que está acontecendo seja apenas algo da minha cabeça onde na cabeça dele é apenas uma brincadeira ou algo passageiro.
Me levanto do chão, rapidamente pego o vestido preto e visto, juntamente com meus sapatos, guardo a roupa do treino na mochila e sigo para fora do banheiro. Lucas e Arthur conversam, Lucas me olha e sorri, não me aproximo dos dois fico a uma distância considerável o esperando, porem dá para escutar Arthur dizer: "Seus olhos brilham ao ver ela." Não sei de quem ele fala, mas imagino que não seja eu e além disso não consigo me concentrar direito na conversa meu coração está mais acelerado que o normal, não consigo respirar, apesar de fazer forças pra isso, minha visão embaça, fico tonta e uma vontade imensa de vomitar, faz muito tempo que eu não sinto isso, solto a mochila e vou caindo no chão, Lucas vem em minha direção, me pega no colo, eu não consigo ouvir muita coisa, apenas ele me perguntando se eu estava bem...
Abro meus olhos com dificuldade, o ambiente não é o mesmo de onde eu me lembro que estava. É a minha casa, estou deitada na cama, olho ao redor e vejo Lucas encostado na parede que fica de frente a cama.
— P-porque estamos aqui? ­ – Falo e me levanto para sentar na cama, ele rapidamente sai de onde está e vem até mim. — Você desmaiou.
– Ele diz e me ajuda a sentar na cama, sentando ao meu lado.
— Desmaiei? Mas por que? — Você disse que era uma crise de ansiedade no caminho para sua casa, estava inconsciente mas disse algumas coisas. – Olho para ele percebo que ele está em minha casa, mas como? — Espera, como você entrou aqui em casa? — Chave na sua bolsa. — Mas minha bolsa está no meu carro. – Em sua mão ele balança a chave do carro. — Você as deixou no meu carro. – Ele diz sério, sua expressão não está normal, me aproximo mais, e ele fica na mesma posição. — O que está sentindo agora? — Meu coração está um pouco acelerado. – Seguro em sua mão direita e a coloco por cima do meu vestido, fazendo ele sentir meu peito propositalmente, segundos depois, enfio sua mão por dentro do decote do vestido, o faço aperta meu seio com força e assim o garoto faz, um gemido sai da minha boca e ele se transforma, me deita na cama e fica entre minhas pernas, com ferocidade começa a me beijar, sua língua quente, se encontra com a minha, seus dentes em meio ao beijo mordiscam meus lábios. Cruzo minhas pernas em sua cintura, encaixando nossos corpos e nesse momento ele nos separa, coloca cada um de seus braços de um lado do meu corpo e faz força para se levantar, me arrependo do movimento que fiz, talvez ele não tenha gostado.
— Sabe o que você me disse enquanto estava inconsciente? – Ele me pergunta visivelmente irritado. — Não. O que? — "Estou tendo uma crise de ansiedade, Lucas, faz anos que não fico assim, da última vez foi quando meu pai tentou matar minha mãe na minha frente, ficar com você me causa a mesma sensação daquela noite." – Quando essas palavras saem da boca dele, eu sinto meus olhos lacrimejarem, nunca havia contado isso para ninguém, e escutar isso da sua boca me deixa ainda pior. — Seu nariz estava sangrando. – Passo a mão pelo meu rosto. — Eu limpei. – O garoto se levanta e sai andando em direção a porta. Faço o mesmo porem antes de chegar perto dele, ele coloca sua mão em uma ação para que eu mantivesse distância e assim faço. — Eu estava te usando, mas percebi que é frágil demais para que eu continue. Então essa farsa toda acaba aqui. – As palavras do garoto são como uma facada em meu peito, acho que era a primeira vez que eu senti aquilo, eu sinto minha cabeça girar, meus olhos se enchem de lagrimas. — Mas como assim?! Hoje foi tudo tão perfeito, você acabou de me beijar e- — E que eu sei fingir tudo muito bem, eu havia enjoado da minha ficante atual, e te vi aquele dia na festa, tão inocente e diabólica, eu precisava saber quem você é, e então ficamos, queria transar com você, mas percebi que seria um erro terrível ter você loucamente apaixonada por mim, por isso eu sempre negava, eu sentia dó. – E novamente ele diz mais coisas que fodem meu coração, eu não consigo entender, os olhos dele estão cinzas e vazios, como um poço sem fim, eu me vejo perdida como se eu tivesse errado o caminho de casa, ou se o mundo perdesse a cor.
— Lucas, eu sou humana, eu sangro quando caio, eu me arrebento e desmonto, essas palavras em minha cabeça, são como facas no meu coração. Você me colocou lá em cima e depois eu caio. Eu posso fingir se você quiser, posso ligar e ser uma máquina, posso fingir sorrisos, posso fingir um sorriso, posso forçar uma risada, posso dançar e interpretar o papel, se é isso que você me pede, te dar tudo que sou, mas eu sou humana e só quero você, eu preciso de você.
– As lagrimas dos meus olhos descem, e eu começo a chorar, sua expressão não muda, pelo menos eu acho, não consigo focar minha visão, estou desestabilizada, meu peito falta o ar, estou tendo novamente uma crise. — Isso não é o bastante para mim. – Corro em sua direção, e ele me segura com em meus braços, seus olhos encaram os meus. — Você não é o bastante para mim. – Suas mãos me empurram para trás e eu caio sentada no chão, ele sai e bate à porta com bastante força, do mesmo jeito que caio, fico. — Por favor... Não me deixe. – Olho para minhas mãos e fico um tempo paralisada, sem entender o que aconteceu, é um sonho, eu ainda estou desmaiada, mas ai, eu olho meus pulsos roxos, e dali meus braços com cicatrizes de cortes que eu fazia quando tinha problemas com auto mutilação, por uma fração de segundos, minhas unhas já passam com bastante força sobre minha pele, rasgando a carne com toda a força e raiva que eu tenho, a única coisa que eu consigo sentir é alivio, a dor do meu coração por mais forte que seja, nesse momento para, mas depois volta e eu continuo a me rasgar, por um milésimo de segundos eu sinto vontade de estar morta, eu estou caindo, eu estou indo novamente para o abismo. O sangue desce pelo meu colo, molha o vestido preto e pinga no tapete branco que fica abaixo de mim, me levanto e ando até a cozinha pego uma garrafa de Whisky que fica dentro de uma cristaleira cheia de outras bebidas, tiro o lacre e viro a garrafa na boca, bebo parte do liquido, ando novamente para o lugar onde estava, passo pelo espelho que há no caminho e a visão é a pior possível, meus olhos borrados e vermelhos, meus braços pingam a sangue, sento no tapete novamente e bebo mais goles e goles daquela bebida que desce ardendo pela minha garganta. Como fui me deixar levar por sentimentos de novo, ele só queria me usar, mas por que não acredito em suas palavras, ele havia me beijado instantes antes de tudo aquilo, me deu um dia perfeito, e no final, por que? Ele mente tão bem assim a ponto de fingir felicidade e prazer, sobre meus gemidos, meu Deus como eu pude ser tão idiota e não percebi, desde aquele dia que ele estava com outra garota, ele até me bateu, mas mesmo com isso, se nesse instante ele entrasse por essa porta, eu o perdoaria...

Criminal LoveWhere stories live. Discover now