Capítulo XXXVI

Depuis le début
                                    

- Ele era tão bonito, Elizabeth. – ela falou. – Eu amava aqueles olhos azuis.

- Como o fundo do mar. – concordei.

- Eu nunca mais vou conseguir olhar para ele, admirar a beleza dele, beijá-lo, tocá-lo, falar que o amo, nem nada disso. – sua voz era quase um sussurro agora. – Isso é o que mais dói.

Só de pensar em perder Jonathan, uma dor horrível invadia meu coração. Não conseguia sequer imaginar como Natally estava se sentindo por ter perdido o amor da vida dela.

- Vou explicar tudo para Jonathan. – tranquilizei-a. – Ninguém nunca vai saber disso, a não ser que você queira contar.

- Obrigada. – ela agradeceu. – As pessoas com certeza me culpariam, e não preciso de mais sofrimento do que já estou enfrentando.

- Não vamos contar. – garanti.

Ela me lançou um pequeno sorriso, o que, vindo de Natally, era um grande gesto.


Assim que ela saiu da minha casa, passei uns minutos tentando absorver todas as informações e pensando em maneiras de contar tudo para Jonathan. Finalmente, disquei o número dele.

- Lizzy? – meu namorado atendeu.

- Preciso falar com você. Urgente.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou, preocupado.

- Natally veio aqui e explicou o que aconteceu. – contei. – Queria que viesse aqui para falarmos sobre isso.

- Agora? – pude ouvir o barulho de alguma coisa caindo do outro lado da linha.

- É uma hora ruim? – quis saber. – Posso ligar...

- Não, não é isso. – ele disse.

Havia preocupação em sua voz e aquilo me deixou inquieta. Insistiu que estava tudo bem e que em breve chegaria na minha casa.

A primeira coisa que notei quando se aproximou foi a atadura no rosto. Geralmente, era cuidadosamente feita, mas hoje parecia que uma criança tinha colocado aquele curativo ali.

- O que aconteceu? – perguntei, surpresa.

- Depois. – ele sentou no sofá. – O que Natally disse?

Tentei não parecer magoada por ele ter falado de maneira tão cortante, então comecei a contar sobre a conversa que tive com Natally. Enquanto eu falava, Jonathan me encarava com olhos atentos.

No fim, chegamos ao consenso de que havia sido um acidente e não tínhamos motivos para contar nada para ninguém.

- Lizzy. – ele iniciou um novo assunto. – Preciso te mostrar uma coisa, mas não sei como.

Aguardei que ele continuasse, quando isso não aconteceu, segurei sua mão.

- O que é? – perguntei, preocupada.

- Tirei as ataduras há pouco... – seu tom de voz mostrava que estava ansioso, embora tentasse disfarçar. – E não tive coragem de sair sem elas, por isso as refiz.

Ah, isso explicava porque pareciam feitas por uma criança. JoJo não era exatamente habilidoso para esse tipo de coisa.

- Por quê? – quis saber. – Você não deveria estar feliz por melhorar?

- Eu estou horrível. – ele disse. – Horrendo. Meu Deus, você não vai querer ver...

- Eu quero. – tentei tocar o rosto dele, mas Jonathan desviou, receoso.

- É muito ruim. Estou ainda pior do que antes.

- Você é lindo. – falei. Nunca entendi como um cara bonito como JoJo poderia se achar feio.

Novamente, tentei tocar seu rosto. Dessa vez, ele permitiu. Fechou os olhos enquanto eu retirava os curativos com todo o cuidado do mundo. Embaixo das ataduras, havia arranhões e machucados cicatrizando, mas essa não era a preocupação dele. Quando vi a enorme cicatriz, entendi seu receio. Ela começava no canto da boca, terminava na orelha e ainda parecia um pouco inflamada.

- Posso tocar? – a curiosidade me venceu.

Ele arqueou as sobrancelhas, então concordou com a cabeça. Delicadamente, passei a mão pela cicatriz, sentindo-a com os dedos.

- Dói? – perguntei.

- Não mais.

Continuei encarando Jonathan. A cicatriz era um detalhe chocante, mas eu conseguiria me acostumar, afinal, ele continuava tão lindo quanto antes.

- E aí? – ele me olhava cheio de expectativa.

- Não vou sair correndo, se é o que está se perguntando. – ri.

Seus ombros relaxaram imediatamente. Sem as ataduras, ele conseguia me lançar aquele sorriso bobo que eu tanto amava.

- Isso não vai mudar nada entre a gente, então?

- É claro que não, Jonathan. – segurei sua mão. – Eu te amo e não é uma cicatriz que vai mudar isso.

- Ama?

- Mais do que você pode imaginar.

Puxei-o para um abraço.

- Talvez me alistar tenha realmente sido uma má ideia, no fim das contas. – ele falou.

- Ah, você acha? – revirei os olhos.

Deitei a cabeça no peito de JoJo e fechei os olhos. Nenhum de nós falou nada durante um tempão, mas não era o tipo de silencio incômodo, apenas estávamos felizes por estarmos juntos. Isso era tudo o que importava agora.

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