Capítulo 8

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 Jaqueline

A impressão que eu tinha, era que a semana tinha se arrastado, com a ausência dos meus patrões, eu quase não tinha o que fazer. Meu tempo, foi praticamente todo gasto entre estudar, e ver filmes com Maria. O que não era de todo ruim, porque eu gostava muito dela, e de nossas conversas, ela tinha muitas histórias para contar. Uma pessoa que passou por muitas coisas, e ainda assim, seguiu em frente, uma lutadora, com uma história de vida incrível. Saber da sua luta, do seu sofrimento, e como ela conseguiu seguir adiante, sem esmorecer, é motivador. E mesmo com tudo o que passou, não se tornou uma pessoa amarga, ao contrário, Maria é alegre, tem sempre uma palavra amiga, de esperança e conforto.

Passar esse tempo com ela, me fez rever, e repensar muitas coisas, como nunca desistir dos meus sonhos. Que era algo que quase fiz, por medo do que Fábio poderia fazer comigo. Apesar de sua simplicidade, dá para ver que é feliz, e realizada. E isso que importa, porque não são bens matérias que nos fazem felizes; mas sim, ter alguém para amar e ser amada. E não digo apenas de homem ou mulher, eu falo de família, amigos, fazer o que se gosta, ter paz. Poder colocar a cabeça no travesseiro e dizer a si mesma, que sempre fez tudo o que pode, sem pisar em ninguém, sem perder sua identidade. É ser sincera com as pessoas, e principalmente, consigo mesma.

As aulas da faculdade também foram tranquilas, Fábio tinha me deixado em paz, desde o ocorrido, nunca mais o vi. Liguei para os meus pais todos os dias, e eles me informaram que os pais do meu ex, já estavam sabendo. O clima entre nossas famílias não estava nada bom. Meus irmãos ficaram furiosos, e disseram que se Fábio aparecesse por lá, o matariam. Eu não queria isso, tinha medo do que poderia acontecer. A única coisa certa, era que apesar de seu silêncio, eu ainda não estava totalmente tranquila.

— E aí meninas, resolveram se vão na boate amanhã? — era sexta feira, final de aula, Fernando já havia comentado sobre essa tal boate de seu amigo. Ele tinha ganhado 4 ingressos para o sábado, e nos chamou para ir junto.

— Sim, por mim tudo bem. Agora só falta a Jaqueline aceitar. — Joana falou.

— Tá, eu vou. — ela gritou eufórica, com minha resposta.

— E você Douglas, vai também? — ela quis saber.

— Claro, não perderia uma oportunidade dessas. — riu, e minha amiga abriu um sorriso largo de contentamento.

— Tudo bem, então eu vou mandar o endereço por mensagem para vocês, e nos encontramos na entrada da boate, eu vou chegar umas 10 horas da noite lá. — Fernando avisou. Depois de acertar alguns detalhes, nos despedimos.

Eu não era muito de sair para esses lugares, mas até que não seria uma má ideia. Precisava de um pouco de diversão. Todo o tempo em que namorei com Fábio, apenas íamos ao cinema ou na praça da cidade. Mas era de vez em quando, nunca saiamos muito, ficávamos sempre em casa. Ou seja, minha vida era uma droga, só agora consigo perceber isso.

No dia seguinte, comecei me arrumar as oito da noite, vesti uma saia um pouco acima do joelho, vermelha florida, um pouco rodada, e uma blusa regata branca. Não coloquei sandálias muito alta, não queria me cansar, já que iriamos para um lugar onde provavelmente dançaríamos, queria ficar o mais confortável possível. Joana foi me buscar, assim iriamos juntas, e depois ela disse que eu poderia dormir em sua casa, seria mais seguro, e também como estava morando no meu trabalho, não queria ficar chegando de madrugada. Apesar de que, não teria ninguém na casa, Maria saiu no sábado pela manhã e só voltaria na segunda feira.

Quando chegamos na tal boate, nem precisamos ficar na fila, Fernando tinha conhecimento com o dono, então o segurança logo nos colocou para dentro. O ambiente estava cheio, mas nada absurdo, podíamos circular tranquilamente. Os meninos foram até o bar comprar bebidas, enquanto ficamos esperando por eles, em uma mesa que foi reservada em uma área próxima à pista de dança. Eu não queria beber, não estava acostumada, mas acabei aceitando, me ajudaria a ficar um pouco mais solta. Depois da segunda dose de um Martini, eu já me sentia estranhamente leve e rindo à toa. Joana saiu me puxando para dançar. Os meninos ficaram na mesa observando; porém, não demorou muito para se juntarem a nós. Douglas estava bem diferente do que costumava ser na faculdade. Não sei dizer se era pelo fato de já ter bebido um pouco, ou se em outro ambiente ele era assim mesmo. Só sei que estava conversando muito, rindo, bem descontraindo.

Barreiras de um coração (Spin-off de Uma nova Chance ao amor)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora