trinta e sete

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Maitê Downey

Fiquei praticamente a festa toda observando o quanto Merlia estava feliz, meu pai não estava diferente, ele observava a menina com um olhar pensativo, e por mais que eu devesse sentir ciúmes afinal o pai é só meu, não me importo com Tony, eu não sentia, pelo contrário, eu quero que o papai de pra ela a felicidade que ela não sentiu presa todo esse tempo a uma mãe que nem gostar dela de verdade gosta.
- Você conversou com a mamãe? - Pergunto e ele concorda pensativo.
- É, conversei, ela não reagiu muito bem, mas eu já esperava.
- O que ela disse?
- Ela gritou, ela surtou, falou que eu deveria ter outros filhos espalhados por aí.
- O que não é mentira.
- Provavelmente não mesmo, mas depois eu contei pra ela como foi a vida da Merlia esses 18 anos, e ela gosta da menina, então querendo ou não ela está aceitando, ou se conformando aos poucos, vou dar o espaço que ela precisa, estou tão assustado quanto ela.
- Sabe o que mais me assusta? É como tudo aconteceu, eu não sei se existe destino mas estou começando a achar que sim, quando ela me encontrou papai, eu estava prestes a me suicidar, e ela me salvou, ficou comigo todo o tempo lá na sua casa na ilha, quase morreu comigo quando o Sebastian invadiu, virou uma das minhas melhores amigas, me ajuda demais com os gêmeos, sabe? Tudo que aconteceu, é insano.
- Ai, mais uma filha pra eu me preocupar. - Ele fala olhando pra ela que estava abraçada com Bill.
- É, ele pode ter parado de comer criancinhas e começado a comer adultas.
- Maitê... me poupe.
- Vamos conversar com ela?
- Eu estou com medo de como ela vai reagir, ainda mais de saber que a mãe dela, não quer nem ver mais a cara dela.
- A mãe dela é uma ordinária, que ódio eu tenho dessa mulher.
- Ela é viciada Maitê, totalmente viciada em cocaína, não sei como nenhuma das duas filhas dela saíram sem problemas de saúde.
- E o pai da outra? Ela nem tem mais contato né?
- Eu acho que não.
- Tenho dó dela também.
- Eu também, mas infelizmente não temos o que fazer.
- O que você comprou de presente pra ela?
- Uma passagem pra Alemanha, ela disse quando estava lá em casa que gostaria de conhecer.
- Vamos cantar parabéns? - Mamãe corta a conversa e da um olhar cúmplice pra mim que apenas sorrio, Merlia da um sorriso e vem toda alegre atrás da mesa colorida que eu fiz.
- Olha quanto doce.
- Se comer muitos vai ficar com dor de barriga. - Papai fala e ela ri colocando um na boca.
Começamos a cantar parabéns e ela cantou junto toda saltitante, fico feliz de saber que aos poucos ela esteja perdendo a vergonha de nós.
- Pra quem vai ser o primeiro pedaço? - Julieta pergunta olhando pra Bill maliciosa que apenas balança a cabeça negativamente.
- Não poderia ser pra outra pessoa a não ser pra Maitê. - Ela fala trazendo o bolo até mim, eu dou um abraço forte nela tentando controlar a emoção que eu estava sentido.
- Obrigada, eu amo você.
- Eu também amo você.

Aos poucos as pessoas foram indo embora, eu chamei Bill no canto e contei pra ele o que tinha descoberto, ele ficou tão surpreso quanto nós, e se mostrou preocupado com a reação da Merlia, assim que a casa foi esvaziando eu chamei ela de canto, ela me olhou assustada mas concordou, entramos na sala e eu vejo ela sentada olhando pra mim, papai e mamãe de forma curiosa.
- Eu fiz alguma coisa? - Ela pergunta e meu pai nega rapidamente.
- Claro que não Merlia, nós só precisamos conversar, sobre a sua mãe, e o seu pai.
- Sobre minha mãe eu até entendendo, ela pirou, mas sobre meu pai? O que ele tem a ver? Eu nem sei quem ele é.
- Ele também não sabia quem você era, mais precisamente, ele não sabia da sua existência
- Você conhece ele?
- Merlia, a sua mãe antigamente, e eu acredito que até atualmente, mas não posso falar sem ter absoluta certeza, ela era uma viciada em cocaína.
- Você conhece a minha mãe?
- Sim, afinal eu também era um.
- Eu já desconfiei, mas ela se mostrava tão boa e segura e correta que eu pensava que era coisa da minha cabeça, mas eu via ela alterada as vezes, e toda vez que isso acontecia ela não queria ver meu rosto.
- Eu conhecia a tua mãe a anos atrás, antes de conhecer a Susan, nós tivemos um caso. - Papai fala e ela abre a boca surpresa. - Eu conheci a Susan meses depois e me apaixonei por ela, sua mãe nunca aceitou mas em alguns meses eu não tinha notícia nenhuma do seu paradeiro, quando fiquei com Susan, nós casamos e alguns anos depois tivemos uma crise no nosso relacionamento, e eu aproveitei nesse meio tempo.
- Me poupe Robert. - Mamãe fala incomodada e nós sorrimos.
- Continuando, nesse meio tempo eu reencontrei a sua mãe, e nós dormimos juntos umas duas vezes, ela tinha mágoa de mim pois eu não queria sair com ela em lugares públicos pois eu nunca deixei de amar Susan, e não queria que ela visse, eu muitas vezes escondi ela, e não foi por mal, eu até privei ela dessa forma, mas eu acho que ela gostaria de aparecer.
- Então você conheceu meu pai? - Ela pergunta novamente e meu pai respira fundo com os olhos brilhando.
- Eu conheço ele mais do que você imagina, primeiro quero que você saiba que ele não é uma pessoa perfeita, mas se ele soubesse da sua existência ele nunca deixaria você desamparada, ele sente muito por você ter tido a infância que teve, e ele promete que daqui pra frente tudo será diferente, pois você merece, você é uma menina incrível, e ele se orgulha disso.
- Robert... como? - Ela fala soltando lágrimas da mesma forma que papai soltava, eu e mamãe nos abraçamos e ela sorriu, eu me sentia feliz por ela ter aceitado.
Papai levanta a manga da blusa mostrando a marquinha de nascença rosa que ele tinha, ele segura minha mão e me olha, eu levanto e faço o mesmo, ela olha para os nossos braços confusa, mas logo levanta a manga também, juntamos os nossos braços e esse momento foi o momento que eu sabia que nunca iria esquecer.
- A conexão que eu sempre tive com você, não era uma coisa boba. - Ela fala pra mim e eu nego com a cabeça.
- Eu sinto muito Merlia, por não ter descoberto, e ter te livrado daquele cativeiro que você vivia, eu não sou uma pessoa ruim como ela me descreve.
- Eu sei que não Robert, eu te admiro demais, e eu não consigo imaginar que isso seja real, é loucura demais.
- Nós fomos tirar satisfações com ela, quando eu juntei as peças do quebra cabeça, e ela simplesmente pirou, mas assumiu.
- Só tem um problema, eu pedi pro Mark ir até lá agora a pouco, e ele disse que ela fugiu com a tua irmã, e com tudo que tinha dentro da casa.
- Meu Deus, e minhas roupas?
- Acho que vamos ter que comprar novas, mas não se preocupe.
- Aonde eu irei ficar?
- Aqui é sua casa agora. - Susan fala e ela dá um suspiro aliviada.
- Minha mãe me deixou? - Lágrimas caem do seu rosto e papai a abraça, observo a cena com um sorriso no rosto e com o coração quentinho.
- Mas eu não vou te deixar, eu já perdi muito tempo, preciso recuperar. - Ele fala sem soltar ela do abraço.
- O que eu fiz pra ela? Pra ela ter me deixado trancada todos esses anos, de fato era um relacionamento abusivo, e eu só percebi isso agora.
- Você não fez nada, o único problema é você ser minha filha, isso ela nunca aceitou.
- Vamos lá pra casa, vou pegar algumas roupas minha pra você passar a noite e se arrumar amanhã, e então vamos comprar suas roupas.
- Eu não sei nem o que dizer, eu estou me tremendo toda.
- Não precisa dizer nada, eu sei que é muita coisa pra você absorver afinal ela é sua mãe, respeitamos o seu tempo, inclusive marquei uma consulta com a minha terapeuta, ela é uma senhora incrível. - Papai fala e eu seguro a risada.
- Terapeuta?
- Longa história Merlia, te conto no caminho, vamos? - Falo e ela me abraça, eu sorrio retribuindo o abraço.
- Eu tenho uma irmã mais velha, e ela é você.
- Sim você tem, e sou eu.
Nos separamos do abraço e eu passo meus dedos em seu rosto pra secar as lágrimas, sorrimos uma pra outra e caminhamos para o carro onde Tom nos esperava, o caminho foi em silêncio, sabia que ela estava pensativa e tentando assimilar tudo, sua vida mudaria totalmente e eu esperava do fundo do meu coração que ela conseguisse superar e seguir em frente, se fosse outra pessoa talvez eu estivesse preocupada, mas sendo a Merlia não, ela é boa demais.
- Peguei as roupas já, quer me ajudar a dar banho nos bebês? - Pergunto vendo ela com Grace no colo, ela precisava se distrair, e era incrível demais dar banho nos bebes.
- Quero. - Ela fala animada.
Subimos e foi bem divertido e mais rápido, afinal éramos duas.
- Meu Deus, agora que eu caí na real que eles são meus sobrinhos. - Ela fala com os olhinhos brilhando.
- Sim, Grace além de sua afilhada é sua sobrinha.
- Eu to começando a pensar que apesar de tudo, eu sou uma puta de uma sortuda.
- Sortudo somos nós por ter você Merlia. - A abraço mais uma vez naquela noite, e ela sorri me apertando ainda mais.

 - A abraço mais uma vez naquela noite, e ela sorri me apertando ainda mais

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@merliagonzales: titia ama

As pessoas nem imaginavam que ela era tia de verdade, observei a foto com um sorriso no rosto em observar como minhas crias estavam crescendo, e aliviada por tudo ter dado certo na medida do possível, eu estava feliz demais.




Gente os gêmeos estão ficando tão lindos que eu não aguento.
O que acharam da Merlia descobrindo? Achei tão fofo o que o Robert falou.
Espero que tenham gostado, não deixem de comentar e se inscrever no canal kkkkk
BEIJO!

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