Capítulo 1

14 4 0
                                    


༄ 17 anos depois

A floresta estava escondida entre a neblina, tão convidativa para alguém curioso. Como se não bastasse, uma voz lhe chamava para que seguisse o caminho por entre as árvores. Não iria resistir a esse chamado, seguiu por a trilha tentando enxergar além da neblina cinzenta. Por alguns metros passados conseguira chegar a uma clareira, onde havia alguém o esperando.

Os olhos arregalaram diante da figura brilhante, que se virava lentamente. Era um homem de cabelos dourados e compridos, olhos roxos que brilhavam ao encontrá-lo. O meio sorriso foi o que apenas entregou ao curioso, antes de voltar a caminhar lentamente em direção dos arbustos.

As folhagens se mexiam com o vento, ao olhar para cima encontrou pequenos seres tentando se esconder. Ao mesmo tempo que se escondiam, pareciam interessadas em descobrir quem ele era. Ao esticar sua pequena mão na direção delas, a sensação quente entre os dedos quando encostou nas fadas fora o suficiente para que abrisse um sorriso satisfeito em ter descoberto algo novo.

Ao despertar do sono, o rapaz fitava o teto tentando manter em sua memória o sonho que tivera. Não era a primeira vez que sonhava com aquilo, porém queria mais detalhes de sua realidade. Sorria satisfeito em ainda ter a mão formigando de quentura, a mesma sensação que tivera ao tocar as pequenas fadas.

Não eram frutos de sua imaginação, mas sim resquícios de sua memória infantil. Quando pequenino, adentrou na floresta ao ter a sensação de que algo o chamava. Quando se deu conta, estava cercado de seres pequenos e curiosos, sedentos para tocá-lo, puxar suas bochechas e orelhas perguntando quem ele era.

Descobrir sobre o mundo que o cercava, foi a sensação mais prazerosa de sua vida. Abriu tantas portas, descobriu tantos segredos, que sua vida parecia ter mudado de cabeça para baixo de um jeito bom.

Sem querer perder um minuto deitado na cama, pulou de imediato para lavar o rosto e se trocar. Parando em frente ao espelho, ajeitou os cabelos castanhos e sorriu animado. Brevemente parou na janela para verificar o tempo e apreciar a visão de seu jardim. Pensou no que poderia colher, no que poderia plantar, o tempo que passaria cuidando de suas terras.

Ao finalmente deixar seu quarto e seguir para a cozinha, encontrou sua irmã e sua mãe tomando o café da manhã. Estalou um selar no rosto da mulher que não tirava os olhos do papel, que corou e abriu um sorriso materno para o filho caçula.

- Bom dia, meu querido.

- Bom dia mamãe – Olhando para a irmã, sorria do mesmo jeito – Alinys.

- Parece animado hoje.

- Dia ensolarado, grande possibilidade de chuva antes do entardecer. Não é um sinal dos deuses para que eu colha as frutas e leve até o vilarejo de Othea?

- Mas hoje começamos o plantio, logo será o festival do trigo e precisamos ter o trigo alto.

- Dará tempo – Respondia a mãe sorrindo ao servir o filho. - o festival do trigo irá demorar um pouco mais do que pensam.

- O tempo passa rápido, mamãe – Respondia a moça, com um leve bico nos lábios.

- Isso concordo, parece que foi ontem que os segurei em meus braços – Sorria nostálgica, entregando o prato de pão ao filho – os dois, aos berros, mas não me importei.

- Aposto que Cale foi o que mais chorou.

- Não tenho como me defender – Respondia o rapaz, rindo envergonhado – sou mais emocional que você, minha irmã.

Parado na porta, um homem de pele bronzeada e cabelos brancos sorria, acenando de longe quando ganha atenção da família.

- Bom dia, vejo que estão animados.

O trono de EreghastOnde as histórias ganham vida. Descobre agora