Chegamos ao lago cerca de quinze minutos depois. Para a minha surpresa, e felicidade, admito, não há ninguém além de nós na área. Deixo minha bicicleta a sombra de uma árvore e, então, saio a caminhar lado ao lado com Gaya. Quando vê sua bola em minha mão, ela se agita.

— Quer brincar, menina? — pergunto sorrindo, com o meu jeito todo especial de falar com ela. Com jeito especial, lê-se "voz de bebê". Pode parecer ridículo, mas ela adora. Diante da minha fala, Gaya começa a latir e a dar pequenos saltos, me rodeando. Isso me anima também. — Tudo bem, meu amor. Pegue a bolinha! Vai! — e jogo o brinquedo ao longe.

Ela sai correndo em alta velocidade, o que me faz sorrir. É exatamente como antes... A diferença é que mamãe não está aqui agora.

Minha adorável mascote me traz a bola várias vezes antes de se cansar e sair correndo para nadar no lago, uma das coisas que mais gosta de fazer. Assisto sua diversão por um tempo, maravilhada com as habilidades da cadela. Então uma ideia me ocorre: por que não me junto a ela? O biquíni seria útil, afinal.

Depois de tal pensamento, levo menos de dois minutos para tirar a roupa e mergulhar também. Meu corpo se arrepia devido ao contato com a água fria, mas sei que é questão de segundos até me acostumar a temperatura. Gaya nada até mim, como se quisesse verificar se estou bem, o que acho a coisa mais fofa do mundo e acabamos nadando juntas. Ficamos assim por alguns minutos, para logo depois retornarmos à margem.

Enquanto a cadela se sacode, a fim de secar o pêlo, pego a toalha que se encontra na cesta da bicicleta, à sombra da árvore. Seco meu corpo primeiro e, em seguida, tiro o excesso de água dos cabelos, que agora estão soltos. Depois me dirijo a um lugar ensolarado, onde me sento, para que meu biquíni possa perder mais da sua umidade. Assim minhas roupas não ficariam tão molhadas quando eu as vestisse novamente.

Gaya se posiciona ao meu lado e deita no chão, claramente na intenção de descansar um pouco. Eu a compreendo e fico acariciando seu pêlo macio enquanto o sol aquece minha pele.

— Sabe, Gaya, estou feliz por estarmos aqui. — falo pra ela. — Não é a mesma coisa sem a mamãe, mas acho que conseguimos nos divertir um pouquinho, certo? — então ela late, como se estivesse me dando uma resposta. Dou risada. Às vezes ela parece compreender exatamente o que eu digo.

Estou prestes a prosseguir meu "monólogo" com Gaya quando sinto algo estranho, como se estivéssemos sendo observadas. Olho em volta imediatamente, mas não vejo ninguém. Ainda estamos sozinhas. Contudo, a sensação não me deixa. Percebo que Gaya também nota, pois começa a latir incessantemente em direção a uma moita qualquer. Isso me assusta um pouco, então decido que é hora de ir embora.

Visto minhas roupas apressadamente logo depois de colocar o brinquedo de Gaya e a toalha de volta na cesta. Então monto sobre a bicicleta e saio pedalando pelo bosque, sendo acompanhada pela cadela, que vem logo atrás. Em meio ao percurso ela continua inquieta, latindo com frequência, aparentemente sem motivo. Isso me deixa confusa e alerta ao mesmo tempo. Será que ela está vendo algo que meus olhos não podem ver?

De repente os latidos se tornam mais altos, tanto que mesmo guiando a bicicleta, viro a cabeça pra trás, em busca de algo que justificasse tal comportamento. Vejo apenas a cadela, ainda me acompanhando. Que estranho! No entanto, ao olhar novamente para a frente tenho uma surpresa. Um garoto surge, sabe-se Deus de onde, justamente em meu caminho. Para não colidir com ele, viro o guidão, mas acabo me desequilibrando e caindo no chão.

— Droga! — reclamo ao sentir dor. Meus joelhos e as palmas das mãos estão ardendo devido ao impacto. Gaya vem com tudo ao meu encontro. Ela lambe meu rosto, parecendo mais calma agora. — Essa não é uma boa hora, garota. — impeço que ela continue babando em mim.

Touching Paradise • BeauanyDove le storie prendono vita. Scoprilo ora