— Eu amei. – Contei encarando o breu a nossa frente. Afundei meu rosto em seus cabelos, me permitindo relaxar com o cheiro suave que sua pele tem. — Eu estou com medo – Sussurrei para ela, sentindo medo de abrir os olhos e ver todas as pessoas mortas naquele lugar. — O-obrigado por estar aqui. – A apertei contra mim, meu coração batia com força contra o seu. Sentia várias coisas explodindo nele, de amor a luto.

Era difícil respirar o ar daquela noite.

— Não se preocupe, ninguém além de mim vai puxar seu pé, aniversariante. – Brincou deixando minha respiração mais leve. Ri contra sua pele, me afastando dela. O sorriso de Lory Thompson é a oitava maravilha do mundo.

— Eu sei – Ri me sentindo roubado por aquele menina. Tentando engolir meu medo, segurei sua mão com força.

Coragem, coragem.

Ela apertou minha mão de volta, pude ver em seus olhos o que ela queria dizer, mas seu toque já dizia tudo. "Eu estou aqui".

Me controlando para não abraçá-la forte ou beijá-la, murmurei um "eu te amo" que só ela pudesse escutar e ver, roubando um sorrisinho dela. Respirando fundo, entramos juntos naquele cemitério. A noite estava gelada e escura, tão escura que fez meu corpo tremer. Aquele lugar era macabro.

Tessa e Becca logo nos seguiram. Ficamos juntos, andando pelo aquele lugar com corpos em decomposição. Era triste pensar em quantas pessoas que viviam, agora apodrecem nesse lugar. É ainda pior pensar que esse será o fim de todos.

Tentando manter esses pensamentos profundos longe, segurei o quadro em minhas mãos com mais força. A lua continuava a nos banhar, a nos seguir.

— Você sabe onde é o túmulo? – A pergunta de Tessa fez meus olhos marejarem. Controlei minha respiração, eu não podia chorar. A fixa estava caindo, se dissipando como água.

— Sei – Murmurei, fraco. — É por aqui. – Lembrei das fotos que mamãe tinha me mostrado. Ela fotografou o caminho do portão até o túmulo de Stephan. Minha mãe esperou bastante por esse dia, ela queria que eu fizesse isso sozinho, mas estar com Lory aqui é melhor. Não sei se aguentaria entrar sem seu sorriso pra me guiar, e seu calor para me acalmar.

Me concentrei em suas mãos cobrindo as minhas, meu corpo recebeu uma onda de relaxamento com isso. Ela está aqui, comigo.

Caminhamos pelos caminhos sombrios daquele cemitério. A noite ficava mais fria e mais silenciosa, um silêncio ensurdecedor.

Quando a luz da lua banhou a lápide a nossa frente, meu corpo perdeu as forças. Tive que fazer esforço para não cair de joelhos no chão. Era sua foto, a quanto tempo eu não via seu rosto?

— Dilan – Tessa sussurrou meu nome sem forças. Sua voz se perdeu junto ao vento. — É aqui.

Encarei a lápide a nossa frente. Ela era branca, estava suja, não tinha flores nem nada do tipo. Mordi os lábios, impedindo que um grito saísse de minha boca. Respirei bruscamente, sentindo tudo dentro de mim quebrando.

Foi inevitável perder as forças. Cai de joelhos, tocando sua foto velha. — Steph – Murmurei vendo apenas o borrão. Era ele, era ele ali, mas ele estava morto. Ele não podia falar comigo, não podia rir nem cantar suas queridas músicas.

Aquilo doeu mais que o esperando. Eu estive me preparando para esse momento há um ano, mas nada podia me preparar para aquilo.

Soluços doloridos escapavam de meus lábios, enquanto mais lágrimas inundavam meus olhos. Eu estava me afogando, sentia tudo despedaçado.

A fixa era de vidro, ela caiu machucando, e no final me rasgou.

Logo senti as mãos de alguém em meus ombros, e logo depois seus braços me abraçando. Nada parecia fazer sentindo, era como o mundo tivesse girando rápido demais. Eu estava tentando respirar, mas o ar era tão pesado que ficava preso em minha garganta.

Nós Crescemos [✓]Where stories live. Discover now