Jogatina de tronos, amores e poder

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O balançar da carruagem até poderia niná-la, mas a ansiedade não permitia que o sono chegasse. A guerra havia lhe tirado tudo: seus irmãos, seus pais e agora, o seu reino.

Para evitar que seus súditos fossem massacrados, ela aceitara a mão de Lucca em uma reunião repleta de guardas e testemunhas. Ela se casaria com o rei das terras vizinhas e em troca ganharia proteção, além de conquistar aliados a seu favor na guerra.

Elizabeth até tentara negociar parte das terras, serviços e até regalias de comercio, contudo, nada disso interessava ao Rei Lucca. O senhor do reinado mais prospero e poderoso não precisava de nada que ela tinha a oferecer, a não ser, uma esposa de sangue azul.

Encurralada e precisando de ajuda, aceitou a proposta. Agora, ali estava ela, em uma viagem de três dias até o castelo de seu noivo, levando consigo seus serviçais mais fiéis, roupas, joias, seu vestido de casamento e Armand.

Ao se lembrar do soldado de sua Guarda Real, sentiu o coração disparar. Quando o Senhor Comandante o designou para cuidar pessoalmente dela, precisou se lembrar de que era uma rainha e engoliu o grito de felicidade. Se não fosse por Armand, provavelmente já teria ido à loucura!

Quando seu pai e seus irmãos morreram em batalha e sua mãe se matou de infelicidade, Elizabeth quase sucumbiu à tentação de seguir os mesmo passos e partir daquele mundo. No entanto, quando estava ali, no parapeito da torre mais alta, ela o ouviu.

Aquela voz grossa a arrastou até ele. As palavras doces aqueceram seu coração. As mãos ásperas a trouxeram de volta à vida e quando percebeu, o estava seguindo até seus próprios aposentos reais.

Depois disso, ordenou que a visitasse todas as noites. No começo, apenas queria alguém com quem conversar. Ele a ouvia, a distraia, lhe dava conselhos... Depois de alguns meses, as visitas se tornaram mais intimas! Além das palavras, começaram a haver toques: um roçar de braços, uma caricia casual no rosto ou no pulso... E não demorou muito para que a inocência os deixasse e com ela, a sua virgindade.

Até pensou em se confessar para o pároco local, mas Armand a persuadiu a ficar quieta, pois se alguém soubesse do relacionamento dos dois, com certeza, ele seria executado e ela perderia o respeito de todos, algo que poderia levar o seu reino à ruina em tempos de guerra.

Além disso, o guarda a havia acalentado ao dizer que, se Deus é amor, então, o que havia acontecido entre eles não era pecado. E se fosse, Ele entenderia, já que o que ali existia era o mais puro dos amores! E assim, Elizabeth desistira da culpa e passara a viver em alegria e júbilo ao lado dele.

Contudo, a felicidade não durou muito e ela se viu obrigada a aceitar aquela barganha com o rei vizinho. Concedeu sua mão e cuidou de todos os tramites em tempo recorde. Nunca imaginou que doeria tanto deixar seu primo cuidando do castelo...

Antes de partirem, Armand dormiu ao seu lado, fazendo-lhe companhia naquela noite fria e insone, uma provável despedida amorosa dos dias tranquilos juntos.

E mesmo com o sono acumulado, durante toda a viagem ela apenas conseguia cochilar. Afinal, como poderia dormir? Como poderia descansar a mente e a alma? Estava preocupada demais com o seu futuro, com seu reino e com o seu amor.

Ela conhecia Lucca, seus pais foram amigos e – durante alguns verões – um visitava o reino do outro. Quando crianças, não se desgrudavam, corriam para todos os cantos, deixando as serventes desesperadas. E na puberdade, continuaram grudados, se desfazendo em juras de amor e promessas de casamento e felicidade.

No entanto, com o tempo, os reinos se distanciaram. Várias guerras aconteceram e várias doenças vieram. Os pais de Lucca faleceram vítimas de cólera e ele, muito jovem, foi obrigado a responsabilizar-se por centenas de vidas. E justamente por ser um homem de visão e cheio de ambições, traçou planos que tornaram o seu reinado um dos mais prósperos já vistos!

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