Ela me olhou sem falar uma palavra, apenas vasculhando meu rosto molhado. Sentia meu coração descontrolado, mas estranhamente calmo, como se, apenas aquela troca de olhares fosse o suficiente para me relaxar.

— E depois? – Indagou em voz baixa, com um sorriso que me pegou desprevenido. — Depois você ficou rebelde? Encontrou Stephan? – Suas palavras antigiram meu peito, me fazendo puxar o ar com força. — E depois você voltou para a cidade. Você me reencontrou. – Sustentei o brilho de seus olhos, não sabendo controlar meus músculos trêmulos. — Você ainda se sente solitário? – Indagou se levantando de meu colo. Encarei a menina que amarrava os cabelos, ela encarava o nada com determinação. — Vamos sair daqui. Você tem que acordar logo. – Ela chutou meu pé, fazendo um riso divertido escapar de meus lábios.

Mestra esticou a mão para me ajudar. Seu rosto sorridente ficava ainda mais lindo e atraente com a luz da lua, que parecia combinar perfeitamente com ela. Encarei a menina que tinha um coque mal feito, sendo roubado mais uma vez.

Segurei suas mãos macias, me levantando e ficando a sua frente. Nos encaramos em silêncio, fitando os olhos um do outro.

— Você também fica muito bonito chorando. – Murmurou dando um peteleco em minha testa e andando até o carro com passos firmes. A segui, com o coração perdido na melodia de talking to the moon. Lory entrou no carro, segurando o volante com força. Me sentei ao seu lado, não conseguindo entender como ela tinha feito aquilo.

As lágrimas tinham secado completamente, e eu não sentia vontade de chorar novamente.

— Ei, bonitão – Lory cutucou meu braço, me fazendo olhá-la e rir pelo apelido. – Quando der meia noite, é seu aniversário. – Revelou calmamente, acariciando meu ombro com carinho. Senti uma onda elétrica ser mandando por meu corpo. Me ajeitei no banco, tentando relaxar um pouco. Meu coração parecia prestes a explodir, cheio de adrenalina e coisas que pensei que nunca iria sentir há minutos atrás.  — Resumindo, não vamos voltar para casa hoje, não antes das duas da manhã. – Arregalei os olhos com suas palavras acompanhadas de um sorriso travesso. — Está pronto para um mega castigo? – Assenti sem pensar duas vezes. Ela molhou os lábios sem desviar o olhar, e então encarou a cidade abaixo de nós. — Não sei se estou pronta para lidar com Megan Thompson avançando em cima de mim, mas vamos lá. – Murmurou, parecendo fazer mais isso para si, do que para mim.

A felicidade de mais cedo voltou a me encher quando ela segurou minha mão com carinho.

— Mas fazer isso por você vale a pena. – Seu sorriso lindo, me fez questionar por que Lory Thompson tinha que ser tão intensa e cheia de tantas coisas.

— Como você pode me ter em suas mãos? – Indaguei, tonto. Me estiquei para alcançar seus lábios tão desejados por mim. Ela sorriu antes de nos beijarmos, e eu fui roubando pela décima vez naquela noite. Suas mãos mornas seguraram meus cabelos, e nos beijamos sem medo naquele carro.

Eu amo essa garota intensa, eu amo a loucura que ela é.

E ela ama o idiota que eu sou.

Duas crianças perdidamente apaixonadas, é assim desde o começo. E tenho certeza que nunca mudará.

                               ...*...*...

Lory.

— Se você me deixar cair, eu juro que bato em você. – Avisei segurando seus cabelos com força. Din continuava segurando minhas pernas com firmeza, e mesmo que ele não parasse de dizer que não me deixaria cair, eu não conseguia evitar de soltar um grito toda vez que ele se movia.

— Por que diabos você quer invadir a escola? – Indagou andando com passos lentos. Espremi os lábios para não gritar novamente, seus cabelos finos eram puxados com força por minhas mãos. Eu procurava a toda custo não cair de cara no asfalto.

Nós Crescemos [✓]Where stories live. Discover now