Capítulo 02 - A solução para os problemas

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— Pedro, porra! Espera aí...

— Qual é? Já estou atrasado.

— É só um minuto, deixa de ser ruim.

— Um, dois, três, quatro...

— O que está fazendo?

— Contando os segundos para acabar com seu minuto. Seis, sete...

— Ladrão de uma figa!

As lâmpadas da nossa rua estavam queimadas e de presente havíamos ganhado alguns ladrõezinhos. Como os meninos assaltavam moças desacompanhadas, Manuela havia me pedido para irmos juntos para a faculdade, embora eu tenha quase certeza de que ela não é moça.

O problema de chegarmos e sairmos juntos é que causavam especulações. Tinha uma garota que eu sabia que não falava mal de mim, ao que parecia, ela até me achava fofo! Mas, como ela acreditava que eu estava em um relacionamento sério com Manuela, ela não se aproximava de mim. Isso acontecia também no mercado, lanchonete, pizzaria — pedíamos muita pizza nos fins de semana — e no ônibus quando acabávamos por sair ao mesmo tempo para o trabalho.

— Opa! Enfim os pombinhos chegaram — gritou Xavier passando um braço em meus ombros.

Manuela o olhou torto e se afastou indo em direção ao seu pavilhão. Me chamem de desligado, mas eu não fazia ideia sobre que curso ela estudava. Eu só tinha certeza que era da área de Humanas & Biológicas, a final, aquele pavilhão era para isso.

A nossa faculdade havia sido particular um dia, mas o governo precisava de um lugar espaçoso para a nova federal e como o dono da universidade já estava falindo, resolveu vender o prédio. Colocaram cursos diversos que iam de Artes até Biológicas & Humanas. Era a maior do Estado com um incrível pátio cheio de verde e algumas árvores espalhadas por toda a extensão.

A lanchonete ficava no meio desse pátio em uma área coberta por um grande toldo que também cobria os pequenos corredores abertos responsáveis por interligar os pavilhões até à cantina.

— O que deu nela? TPM? — perguntou Xavier apontando para Manuela com o queixo.

— Ela fica irritada quando falam que a gente está junto — comecei a andar.

— E não estão?

— Claro que não! — fiz careta. Quem teria coragem de namorar aquele troço?

— E que mal tem isso? Ah, Qual é! — fez cara de incrédulo enquanto ria ao mesmo tempo. — Não me diga que você nunca... nunquinha? — O olhei sério, ele desfez o sorriso. — Sério? Que mina careta!

— Careta?

— É ué! Ela deve estar esperando ter certeza de que você é o cara da vida dela. No mínimo, esperando oficializar o casório.

— Porra, Xavier! Eu já disse que não rola nada entre nós dois. A gente só divide o AP.

— Pô... Não precisa ficar irritado.

— É só que eu não entendo essa necessidade de continuar falando nisso.

Eu me soltei e comecei a andar até o meu pavilhão. Mas antes pude ouvir Tomás perguntar para Xavier e deduzi que ele nos observava de longe.

— Ele discutiu com a Manu de novo?

— Sei lá, deve ter sido.

Xavier e Tomás moravam na República em que eu morei e foi lá que nos conhecemos. Xavier fazia o tipo de jogador de futebol americano que as garotas adoram, mas como aqui não tem isso, ele só tinha o charme e músculo. Já Tomás era mais baixo do que eu, com cabelos encaracolados e armados.

[DEGUSTAÇÃO] Segredos de um namoro fajutoWhere stories live. Discover now