A DAMA E O CONQUISTADOR III

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– Logo depois da minha coroação, meu padrasto já começou a me amolar sobre casamento, herdeiros, esse tipo de coisa. Disse que eu deveria escolher uma nobre da nossa própria corte. Eu pedi tempo para pensar. Logo depois você veio morar conosco, nós nos aproximamos e então eu disse aos meus conselheiros que ou me casaria com você ou não me casaria com ninguém.

Aquilo faz meu coração ir parar na minha garganta. Mas claro que isso jamais seria possível. Claro que um rei jamais se casaria com a filha de um mercador.

– E eles disseram que tudo bem. Qualquer coisa para me manter aqui, qualquer coisa para me fazer criar raízes sobre aquele trono.

Sinto as lágrimas se formando sob meus olhos e penso como nossa vida poderia ter sido diferente. Como o destino de Conquistador poderia ter sido diferente com Hércules no trono. O reino voltaria a ser grandioso e próspero. E nós estaríamos juntos. Teríamos filhos. Mas eu me lembro das palavras de Hércules de antes, de como ele estava infeliz aqui, como permanecer como rei iria matá-lo por dentro. E então eu entendo que aquilo não teria dado certo. Que no fundo nós não teríamos sido felizes. Com o tempo Hércules começaria a se ressentir de mim, pois eu consegui segurá-lo aqui. E nosso amor se tornaria azedo, como amor de Vitório e Andrômaca.

Limpo uma lágrima que escorre pelo meu rosto e me sinto agradecida pela escuridão que não deixa Hércules ver que eu estava chorando. Mudo de assunto, querendo enterrar aquela história no fundo da minha mente.

– E como é o mundo lá fora?

Mesmo no escuro, vejo seu rosto se iluminar em um sorriso.

– É incrível. E tão vasto. O mundo é tão maior que Adamina e seus nove reinos, Elena. Há lugares inóspitos, lugares selvagens, lugares acolhedores. E tantos povos diferentes. Pessoas que vivem em cabanas, outras em enormes casas de madeiras, há até uma cidade inteira sob o topo das árvores. E rios e mares e cachoeiras! Desertos, florestas, tantas paisagens, tantas pessoas.

Ele pega em minha mão e eu não me esquivo.

– Existe um lugar, bem ao sul, onde os dias são quentes e as noites geladas. E onde as pessoas vivem a beira de um mar de água cristalina em uma praia de areia dourada. Todos convivem em paz, todos trabalham juntos. A vida é simples, mas é tão alegre, tão... leve. É para lá que eu quero voltar, para lá que eu gostaria de te levar... se você quisesse.

Então sou eu quem faz o primeiro movimento. Sou eu quem o beija primeiro. E sentir seus lábios, depois de tantos anos, é como estar de novo em casa. É como voltar para o momento mais feliz da minha vida. Aquele sentimento é tão intenso, que tenho vontade de chorar de novo. Ainda não sei se estou livre de toda a raiva e a mágoa que senti, mas naquele instante só sei que estou inundada de amor.

– Elena... – Hércules diz, sem me soltar – Se um dia nós sairmos daqui, eu juro que passarei o resto da minha vida te compensando por todos os meus erros idiotas.

– Talvez Flor faça a rainha Bruna mudar de ideia. Talvez ele convença Beneti e Donzela a nos apoiarem. Assim quem sabe não teremos uma chance?

Mas o rosto de Hércules se torna sombrio, tão diferente do príncipe que me fez juras de amor a poucos segundos.

– Flor não vira. Ele está do lado dela agora.

Aquilo me causa um espanto tão grande que demoro a entender o que ele quer dizer.

– Do lado de Leona?

– Como você acha que Corso apareceu em Dourada, sem passar por Conquistador ou Nova Nanuque?

Dourada era um reino cercado por enormes montanhas intransponíveis. A única forma de chegar até lá, vindo de Zambembe, seria pelo mar. A melhor forma seria atracando em Conquistador e subindo por Diamantina. Mas havia um terceiro reino com saído para o mar, mais ao norte e não muito distante de Dourada.

Beneti.

– Flor deixou os homens de Corso passarem por Beneti, a caminho de atacar Dourada? – eu pergunto, sem conseguir acreditar.

– Enquanto nós tememos Leona, nós nos esquecemos que não foi só para a rainha de Zambembe que demos às costas. Berlina foi julgada e condenada pelos próprios amigos e ninguém tentou recorrer da armação de Zoé. E Flor tinha um desprezo todo especial por Aurélia, que votou contra Berlina.

– E por Fernando, que obrigou Irene a se casar com outro – eu falo, estupefata.

Apoio minha cabeça sobre o ombro de Hércules e não digo mais nada. Fico apenas refletindo em silêncio e tentando me lembrar de um tempo em que todos eram amigos, um tempo de festas e alegria, que não voltaria nunca mais.

***

Quem aí ficou feliz com esse capítulo? Aposto que todo mundo, né? Mas a pergunta que não quer calar: será que esse momento romântico dura?

Pra quem quer ver esse casal acontecer, deixe seu voto. Pra quem quer ver mais cabeças rolando, deixe um comentário! Hehehe

PRÓXIMO CAPÍTULO: 28 DE NOVEMBRO (PENÚLTIMO CAPÍTULO! SOCORRO!)

Já aproveita que estamos terminando Herdeiros Malditos e vem conhecer PRINCESA DE DOIS REINOS. Um ficção adolescente da realeza cheia de romance e drama! E se você já leu, conta aqui o que você achou!

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um beijo e um queijo!

Andrea Romão

www.andrearomao.com

Herdeiros Malditos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora