o9| O VELHO CACHORRO DA FAMÍLIA HENRY-MORGAN

Începe de la început
                                    

O invasor sabe da minha presença ali, e não poupa esforços para me impor algum medo.

A mesma sensação de frio cortante que me invadiu no estranho episódio na floresta volta a recair sobre minha mente de forma visceral, rasgando as finas linhas de sanidade que ainda me mantinham vivo. Uma vontade absurda de gritar irrompe em meu peito, mas apenas a engulo e saio apressado do quarto.

Connor... Connor... Você sangrou hoje...

Olho para trás assustado e não vejo ninguém. Uma pressão esmagadora me domina de forma silenciosa e hostil. Meus pés não se movem e tampouco consigo falar algo.

Quem está falando comigo? Natalie?

Estou sentindo muito frio e de repente um cheiro podre entra com o vento quente pela janela. As cortinas se movimentam de forma suave, como se aquela brisa que passasse fosse algo puro e digno de uma manhã quente em Folks Village.

Em um último momento de desespero, olho paralisado para o final do corredor e meus olhos desesperados procuram aqueles murmúrios incessantes, mas apenas me deparo com a parede lisa.

Quando dou as costas e caminho de volta, os passos surgem de repente atrás de mim, vindo em minha direção com voracidade. Saco a pistola e me viro muito, disparando um tiro e caindo para trás. Olho abismado para o buraco na parede e o vão vazio do corredor, percebendo que não há como alguém sumir tão rápido dali como se fosse fumaça.

Natalie surge na escada, agitada e com o semblante exasperado, talvez preocupada com o som do tiro.

— O que diabos... — Ela para quando me vê no chão com a pistola empunhada. — Connor?

Não deixo que ela termine e me levanto rapidamente, agarrando seu braço e descendo a escada. Apesar de seus protestos exigindo uma explicação, me concentro em agarrar o machado e pedir que se apresse em pegar o que estava preparando na cozinha.

Olho uma última vez para o casarão antes de sair, me perguntando o que diabos acabou de acontecer. Entramos na picape e não demoro para dar partida.

Natalie me estende um odre com água gelada e agradeço em silêncio por não me encher de perguntas das quais tenho certeza de que não saberei responder. Alguns minutos se passam, e já estamos na estrada.

Estou mais calmo agora.

O calor faz Natalie prender os cabelos em um coque alto, revelando gotas de suor que descem de seu pescoço para a fenda entre os seios.

Dou mais alguns goles na água e tento me concentrar na estrada.

— Connor, o que aconteceu lá em cima? — pergunta, exibindo preocupação em seus olhos. — Estou preocupada com você. Quer me contar algo? Sabe que pode confiar em mim.

Hoje é o aniversário de Natalie e eu não quero estragar as coisas com ela. Aperto o volante com mais força e tento esboçar um sorriso falso quando a comichão no joelho volta a atacar.

— Não é nada. Só me assustei com alguma coisa — digo, virando a picape em um desvio. — Aonde quer ir?

— Tem certeza? — indaga, não convencida da minha desculpa. — Sabe que odeio mentiras.

— Não estou mentindo — ouso insistir. — Não se preocupe com isso. Hoje é o seu dia.

Ela esboça um sorriso doce, mas sei que não está convencida e nossa conversa ainda não acabou.

Por mais que tente lembrar, apenas algumas vagas lembranças do episódio na floresta passam por meus pensamentos, pequenos lapsos que perpassam entre o vasto esquecimento. Após esse evento, sinto meu corpo violado, dividindo espaço com uma força sufocante que me afoga em sua escuridão.

SUA TERRA É MINHAUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum