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 2 de Janeiro

Ano novo vida nova muitos diriam, sim realmente é uma vida nova, para Louis, que esta a acabar de colocar na sua pequena, pequeníssima mala as poucas coisas que o exercito lhe permitiu levar, eu mantenho a distância de segurança pois após a noite de natal o rapaz bruto e mau que Louis era reapareceu, ele voltou a bater-me por apenas espirrar.

E o motivo? Bem eu não faço a mínima ideia, cheguei a pensar que fosse apenas para eu me habituar à ideia de que ele não iria estar lá presente nos próximos meses, mas não acho que ele se fosse preocupar tanto assim para ser bruto comigo apenas num ato de carinho.

Isso nem sequer faz sentido – a deusa interior que tinha andado desaparecida falou enquanto mascava pastilha com as pernas todas abertas quase com um sinal a dizer "fodam-me".

' Erm, Lou? ' Chamei a medo.

' Que queres?'  Cuspiu parando o que estava a fazer para olhar para mim.

' É amanhã que vais certo? ' questionei.

'Sabes bem que sim porque raio continuas a questionar caralho?'

Comecei a ficar mal disposta e praticamente sentia que a qualquer momento iria vomitar na sua cara na qual estava plantada uma expressão de impaciência e confusão.

' Eu. Sabe... desculpa é que eu não sei como vai ser a minha vida depois de ires '

' Desemerda-te ' cuspiu soltando uma pequena gargalhada e todo o meu corpo estremeceu.

' C-como assim? ' Questionei ainda sentindo a comida que não tinha comido nas últimas 48 horas a andar à volta no meu estômago embora eu não tivesse mesmo nada no mesmo.

' Miúda eu não vou estar cá vou estar a sofrer, a morrer de fome a levar pancada e ouvir berros e ordens, acordar a horas obscenas nas quais o sol ainda está longe de atingir o céu apenas para conseguir comer algo de jeito, e tu achas que eu estou preocupado onde raio é que tu ficas? Podes ficar com o Harry e satisfaze-lo" meio que berrou e eu senti-me culpada mas ao mesmo tempo injustiçada, eu não tenho culpa.

' Mas tu sempre disseste que o Harry não gostou de mim por isso é que tu ficaste comigo' murmurei de cabeça baixa agarrando a minha barriga com dores a contínua vontade de expelir alimento ou neste caso bílis.

' Para ele tanto lhe faz, ou podes sempre ir vender o cú e pagares uma renda, eu estou-me a lixar para ti, entende uma coisa'

Ele disse aproximando-se de mim e puxando o meu rosto para cima com o indicador fazendo-me ficar a uns meros centímetros da sua cara.

' Tu serviste para sexo, e NADA Mais.' Afirmou ' agora vai para o teu quarto e deixa-me empacotar as coisas em pás.'

Eu corri o mais rápido de pude até ao meu quarto e tranquei-me lá dentro certificando-me de que não batia com a porta para não arranjar problemas.

Era tão estranha, tão confusa e tão repentina esta mudança de humor rápida de Louis.

Que fiz eu? O que disse eu'

Estava tudo tão bem, porque fui eu pensar que um dia poderíamos ser felizes, não digo como em casa, longe disso e pelo contrário.

Mas tudo parecia saber melhor quando eu estava encostada a ele a ver um filme que a mim me fazia chorar e a ele dormir.

Mas porquê? Porquê?

Por vezes temos questões e não há maneira de obtermos as respostas.

Por vezes arrependemo-nos tarde de mais do que gostamos, por vezes não estimamos e depois quando perdemos sentimo-nos sozinho, como se estivéssemos no vácuo, no espaço infinito, e por mais que gritemos ninguém nos ouvirá.

Eu sou apenas uma adolescente ainda nem aos 18 eu cheguei, ainda estou a idade em que devia fazer maluqueira como entrar em discotecas sem poder, beber até cair para o lado, curtir com um gajo qualquer na casa de banho.

Apanhar uma ralha dos meus pais no dia seguinte por ter saído sem a sua permição.

Ou ir parar à esquadra da polícia por ter andando a fazer estupidezes, ter uma tatuagem no meu corpo, sem qualquer sentido que grita.

' Sou uma adolescente que está a descobrir o mundo, quem és tu para me julgar?'

Devia estar a estudar para passar de ano e conseguir ir para uma boa faculdade.

Mas não

Aqui estou eu, apanhei a bebedeira, mas foi para esquecer o quão solitária sou, tenho uma tatuagem forçada com as iniciais de um homem que me bate.

Se for parar à esquadra será por ser vítima de maus tratos.

E os castigos, os castigos passam por não comer, por apanhar ou ficar algemada na cama a sofrer, com um pano de um homem que tem problemas de auto controlo.

Mas tudo parecia tudo parecia estar a tomar o caminho certo para uma vida boa.

O que raio se passaria na cabeça dele.

Não consegui pensar mais por mim, acho que as minhas pernas haviam ganho vida própria e levaram-me até à casa de banho.

Os meus braços tomaram por si mesmos o caminho até à tampa da sanita erguendo-a, os meus joelhos cederam e caíram no chão gelado coberto por azulejos brancos sujos e velhos.

Tonturas ivadiram a minha cabeça assim como todas as piores, as mais horríveis e mais dolorosas memórias de Louis começaram a passar como flashes.

Dores

Dores de barriga e de coração, por mais que eu tentassem amaciar toda essa dor mais aguda ficava, memórias de chicotes e palavras cruéis e duras e ouvir.

Flash Back on:

'Cabra de merda' chicoteia.

' Puta ' belisca.

' Morre engasgada com o meu amiguinho'

Flash Back off.

E de repente saiu, vómito, comida , bílis , agua e tudo resto saiu.

Assim como lágrimas.

Lágrimas imensas e dolorosas como sangue.

Espera eu estava a chorar sangue?

Levantei-me rapidamente e lavei a cara e os dentes e corri até à sala para pedir desesperadamente que louis me levasse ao hospital.

Mas não consegui.

Louis chorava

Como um cãozinho abandonado.

' Lou?' chamei e ele olhou para mim aproximando-se a alta velocidade.

'Beija-me' pediu e os meus olhos abriram em espanto.

' Não posso'

' por favor'

'Lou'

'BEIJA-ME DIANA ,EU PRECISO' berrou enquanto as lágrimas escorregavam pelo seu rosto pálido.

tan tan tan tan

o que acharam?

Submissa | L.TOnde as histórias ganham vida. Descobre agora