13. Meu Herói

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        Alice

        Era o inferno na terra como um homem podia sentir prazer ao deflorar uma mulher quando ela não quer? Dava para ler em seus olhos suas emoções de pura satisfação, um sorriso pavoroso para mim, mas que para ele era como o riso da vitoria estampado em demonstrar o quanto estava gostando do que fazia.

        Sem muito esforço ele me jogou no chão, seu corpo imundo e fétido logo estava em cima do meu. Mesmo me debatendo ele não se importava, seu desejo insano era maior.

― Não, por favor... ― choraminguei numa ultima suplica.

― Quando uma mulher diz não, na verdade ela quer dizer sim. Já ouviu isso lindinha? Não se faça de difícil, isso não vai te ajudar hoje. ― Abriu minhas penas com as suas ficando de joelhos por cima de mim.

        Eu não sei a que teoria ele se agarrava, mas eu estava dizendo “Não!” e o meu não, não queria dizer um sim. Com agilidade ele começou a abrir a calça e em seguida levantar ainda mais a minha saia. As lagrimas escorriam no meu rosto como cascatas. Eram lagrimas de medo, de nojo, vergonha e humilhação. Minha castidade e pureza seriam tiradas a força.

        Aqui estava eu, quase sendo estuprada. Não tinha sido assim que tinha imaginado a minha primeira vez. Fechei meus olhos com força, eu não queria ver, eu não queria sentir suas mãos ásperas e insistentes passarem pelo meu corpo sem meu consentimento, eu não merecia estar passando por isso. E acima de tudo eu queria menos era morrer.

― Larga ela. ― a voz rosnou em exigência.

        Abri os olhos, mas as lagrimas me impediram de enxergar com clareza, mas independente de quem fosse eu já agradecia a Deus por ter mandado quem quer que fosse para me ajudar. Limpei as lagrimas dos olhos com as mãos, o home em cima de mim olhou para trás assustado se levantando e tirando seu peso de cima de mim.

        Levantei apressada, ajeitando a roupa como pude, cobrindo minha nudez da parte superior me envolvendo com os braços e mãos. As luzes piscavam e eu não conseguia ver nada direito por causa das lagrimas que não paravam de cair dos meus olhos.

― Alice você está bem? ― quem quer que fosse sabia o meu nome. O pavor era tanto que meus sentidos pareciam ter sido extintos. Não reconheci a voz.

― É a sua namoradinha? ― o agressor ousou perguntar. Não parecia amedrontado. ― Acho que não, você é muito velho pra ela. ― riu com escárnio.

        Dois homens, ou era alucinação ou os dois se juntariam para consumar o ato. A silhueta irrompeu vindo em minha direção e dei passos apressados para trás na intenção de fugir, mas me choquei em algo duro e solido atrás de mim.

― Calma querida, sou eu Ethan. ― suas mãos pousaram em meus ombros e senti um enorme alivio em ouvir seu nome.

        Numa súbita pressa eu o abracei forte, chorando ainda mais não por estar com medo, mas por me sentir segura e saber que ele me protegeria.

― Calma meu anjo, eu estou aqui. ― me apertou em seus braços.

― Que cena tocante. ― aquela voz eu nunca esqueceria. A voz espessa e pigarreada deferiu e abri meus olhos apressadamente, vendo-o vir em nossa direção com algo na mão. ― Pena que vou ter que matar os dois. ― o riso de satisfação que eu temeria para sempre se formou em meus lábios.

        Uma faca! Ele tinha uma faca nas mãos e se não corrêssemos ele nos mataria sem dor nem piedade, esse era seu instinto. Ser um assassino de sangue frio.

― Ele tem uma faca Ethan. ― choraminguei em seu ouvido.

        Ethan se virou ficando na minha frente como um escudo, mas ele não era de ferro.

― Vai ficar tudo bem Alice. ― disse com tanta calma que me fez ter certeza. ― vai pra dentro do carro e tranca as postas.

        Sai de perto de Ethan temerosa, os olhos do maníaco me seguiu por um momento.

― Logo logo vamos terminar o que começamos vadiazinha. ― lambeu os lábios. ― só vou terminar aqui com o seu pai primeiro.

        Aquele home parecia ter saído de um filme de horror. Corri o curto espaço que me separou do carro e entrei fechando a porta a trancando.

― Você é muito petulante não é seu bandidinho de merda? ― ouvi Ethan cuspir as palavras. ― Você acha que vai ferir alguém com essa faquinha de cortar pão?

― Já matei muitos com ela, e você será o próximo seu velhote. ― o sorriso diabólico voltou a surgir.

        Com uma rapidez por parte do agressor ele foi para cima de Ethan empunhando a faca para acerta-lo. Eu temi que algo acontecesse com Ethan e ele voltasse para cumprir a promessa, mas Ethan também era ágil e se esquivou.

― Acho que subestimei você velhote. ― disse logo que se virou se preparando para atacar novamente. ― esse eu não vou errar. ― disse alto-confiante.

        Ethan era um cara treinado, mas estava desarmado e essa era sua desvantagem. Enquanto ele lutava para sobreviver lá fora. Encontrei uma blusa de Ethan e vesti para cobrir minha nudez. Em seguida procurei por algo dentro do carro para ajuda-lo lá fora, eu tinha que fazer alguma coisa. Ao abrir o porta luvas o reluzir cromado chamou minha atenção despertando minha curiosidade.

        Esticando o braço e envolvendo minha mão empunhei a arma com receio, mas determinada. Era pesada, mas eu aguentaria. Eu tinha que fazer alguma coisa, nem que fosse matar aquele desgraçado que estava lá fora.

        Sai do carro confiante, ainda estava amedrontada, mas não tanto como antes. Era pra isso que armas serviam; para defesa, não somente para defender, mas hoje o seu propósito seria o de nos defender. Ethan já tinha me visto de relance, mas o agressor não.

― Larga essa faca. ― falei firme.

        Ele se virou e ficou surpreso a me ver com uma arma nas mãos.

― Eu já mandei. ― gritei.

        E foi quando ele estava distraído que Ethan o imobilizou, tirando a faca de sua mão a jogando para longe. Foi nessa hora que me vi livre de todo aquele pesadelo. Cai de joelhos no chão, a arma entre minhas pernas frouxa em meus dedos. Olhei para frente e o cara estava inconsciente, Ethan vinha em minha direção apressado.

― Você está bem? ― perguntou aflito se ajoelhando a minha frente.

        Murmurei um sim e o abracei fortemente, as lagrimas voltaram a cair dos meus olhos.

― Tem certeza Alice? ― me segurou pelos ombros se certificando de que eu não estava machucada.

― Se você não tivesse chagado naquele momento, acho que agora eu estaria morta. ― o abracei novamente. Ele transmitia a segurança que eu tanto precisava.

― Eu não sei o que seria de mim se também tivesse que perder você. ― Me abraçou e beijou o topo da minha cabeça com ternura.

        As palavras proferidas em um sussurro me confortaram fazendo meu coração se acalentar a cada batida dada. Meu herói. Um riso terno se formou em meus lábios.


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