Batendo sua testa na minha.

Pisquei por causa da pancada, enquanto Dilan murmurava de dor. Quando ele abriu os olhos, atordoado, o fitei seriamente. — Repita isso mais uma vez e será mais em baixo. — Falei firmemente. Eu não estava mentindo. — Você é a pessoa mais gentil e solidária que eu conheço. Você sempre foi assim, então não fale algo desse tipo. – Separei nossas testas, deixando seu colo e calor. — Entendeu? – Estiquei as pernas que formigavam. Din piscou, sorrindo e assentindo.

— Obrigado. – Sussurrou fitando a grama em nossos pés. — Eu precisava disso, e você é a única que faz coisas tão doidas assim – Seus olhos fisgaram os meus. Me perguntei como suas íris podiam brilhar tanto, ou como podiam fazer meu coração acelerar a esse ponto.

Dei dois passos para trás quando ele levantou em um pulo. Admirei o sorriso discreto em seus lábios, ele parecia diferente. Um diferente tão mais claro, mais leve.

Eu gostei disso.

— Eu quero mergulhar de verdade agora – Sua atenção se voltou para mim. Fiquei confusa com suas palavras confiantes e cheias de desejos escondidos. — Não me importo de me afogar, vou fazer isso sem medo. – Concordei, não entendo o que ele queria dizer. Dilan andou calmamente até o lago e então pulou. Ele estava falando disso?

Sorri, deixando isso de lado. Corri até o lago. O vento forte junto a maresia salgada, bateram em meu rosto, me fazendo sorrir. Quando pulei, todos os sentimentos prederam em minha garganta, e eu gritei. Bati contra a água gelada, indo parar no fundo daquele lago. Submersa a água, senti todos meus músculos relaxarem. Agora eu sabia o que estava acontecendo, o que seus olhos escondiam de mim. Eu irei ajudá-lo.

Subi para cima, puxando o ar com força. Dilan me olhou sorridente, retribui o gesto involuntariamente. — Como minha mãe sabia? – Perguntei nadando até ele. Din engoliu em seco, me fazendo parar.

— Ela é minha psicóloga – O sol quente banhou minha pele molhada, meu coração batia rápido. Ele desviou o olhar, e então mergulhou. Puxei o ar, prendendo a respiração e indo atrás dele naquela água cristalina.

Abri os globos, encarando sua figura com os fios castanhos claros sendo banhados pelos raios solares. Seus cabelos balançavam junto a correnteza tranquila da água. Debaixo daquela água gelada, meu coração disparou.

Nadei até ele, segurando seus ombros com força. Sua pele ainda queimava, mesmo debaixo d'água. Ficamos nos encarando por longos segundos, até que voltamos a superfície sem fôlego. — Por que você nunca me disse isso? – Indaguei com dificuldade.

— Eu não podia. – Suas mãos tocaram as minhas sobre seus ombros. — Eu estava me afogando em arrependimentos, eu não podia fazer você passar por isso também. – Mordi os lábios, sentindo meu sangue ferver. — Você tentaria me ajudar, eu sei disso. – Toquei seus cabelos encharcados, minhas roupas estavam pesados por causa da água.

Puxei seus fios sem delicadeza.

— Óbvio que eu faria isso. Eu farei isso – Afirmei não desviando o olhar. — Pare de querer ser o menino forte que sofre sozinho. Eu estou aqui para te ajudar, e se você se negar a isso, eu te forçarei a aceitar minha ajuda. – Falei firmemente o observando.

Não acredito que mamãe sabia. Por isso ela falou aquilo tudo.

Agora tudo faz sentido.

Din fechou os olhos com força, tirando minhas mãos de seus cabelos. O observei com a respiração acelerada. Esse jeito dele me irrita. Querer sofrer calado. — Eu, Lory Thompson, não vou deixar você sofrer sozinho. Entendeu? – O fitei intensamente. Dilan engoliu em seco, puxando o ar e assentindo.

Nós Crescemos [✓]Where stories live. Discover now