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|━━✦ UmTempestade ✦━━|

|━━✦ Um ▪ Tempestade ✦━━|

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11/07/201720 hrsOrfanato para Meninas de Saint Petersburg,Portland,Oregon,EUA

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11/07/2017
20 hrs
Orfanato para Meninas de Saint Petersburg,
Portland,Oregon,EUA.

AQUELE ERA UM DIA MEMORÁVEL,DE FATO,E A TEMPESTADE NÃO CESSAVA nem ao cair da noite ou ao amanhecer brilhante do verão.

Na opinião de Ártemis,o céu iria desabar naquela noite. Os raios cortavam o céu em uma nota afiada e retumbante,o trovão quase utópico ameaçava derrubar as nuvens que ficavam no caminho de sua ira. Mas mesmo assim,o sol pela manhã saía tímido e hesitante antes de revelar seu esplendor; a tempestade, por outro lado,permanecia.

Ela sorria,no entanto.

A chuva e a noite lhe era um anestésico aos seu problemas; Ao dia,sua fama de problemática e fora-da-lei se exibiam,mas à noite,era sagrado. Um momento dela,e apenas dela,em que sentava-se na pequena cômoda ao lado da cama de solteiro de seu minúsculo quarto e debruçava sobre a portinhola desgastada próximo ao teto; era ali onde observava a lua erguer-se imponente nos céus,inalcançável,e admirava sua aura prateada.

Ela achava muito irônico. Ou talvez uma piada da vida.

Ártemis,da mitologia grega,era a Deusa da caça e da Lua. E a jovem Lancaster não sabia o que mais amar além da orbe prata nos céus noturnos.

Realmente,hilário.

Ártemis aproveitava a madrugada,em que poderia estar dormindo tranquilamente,para observar a noite estrelada todas as sextas.

Dias em que o orfanato liberava as folgas para as garotas e estas podiam se ver libertas dos olhares e ameaças da rígida e megera Inspetora Amedora Vercain. Ártemis admirava aquele dia como um evento sagrado.

Embora não fosse religiosa,a Lancaster não rejeitava uma boa reza antes de dormir,nem seus exagerados – e,por vezes,sarcásticos – clamores por alguma ajuda divina no meio da miséria que era sua vida de órfã indomável. Ela cria em forças divinas,em Deus. Nunca fora de visitar igrejas,dizer um amém que não saísse visivelmente debochado,muito menos de lamuriar por qual quer que fosse sua difícil situação, na verdade,ela tem o péssimo hábito de ignorar o problema até que ele desapareça ou se torne menos complicado ou,ao menos,estapeá-la até que ele se torne maior. Isso a deixava furiosa.

Acreditava também no tempo,ou pelo menos fingia. Pensava que ele fosse capaz de curar tudo,seja suas mãos parcialmente dilaceradas pelos açoites das supervisoras,pelo histórico quase sem fim de crimes que cometera durante seus poucos dezessete – quase dezoito – anos,a falta que lhe fazia um lar,pais e lugar fixo.

Ártemis só desejava partir.

Sair do orfanato. Ir para a Europa,talvez. Ou Seattle.

E,diferente das outras jovens do orfanato,ela não queria descobrir suas origens. Ela acabara num orfanato,lugares como aquele mostram a realidade na cara dura. Duas opções: Seus pais morreram ou não se importaram o bastante para a abandonar. Talvez os dois,ou, talvez,tudo isso e mais um pouco,ela não saberia dizer.
Seu principal ponto turístico após sair do orfanato seria a Europa,mais especificamente,a região da Europa Ocidental,em alguma cidade da França ou da Alemanha,talvez na Europa Meridional,na Grécia talvez. Mas antes de tudo,ela teria que arranjar dinheiro,é claro,e com certeza seu emprego de ajudante de veterinário não a ajudaria nesse quesito.

Faziam dois anos e três meses que Ártemis trabalhava com a Dra. Emilly Huther na veterinária do fim da rua e,por mais que fosse um emprego temporário de verão,ela fora preguiçosa e despreocupada o suficiente para não enviar fichas para empregos mais rendáveis.

Ela se remexou,desconfortável pelo rumo em que seus pensamentos fluíam.

Em um reflexo primitivo de sua parte,Ártemis olhou por seus ombros o dormitório,verificando se alguma garota estava acordada naquela hora,mas seus rostos estavam serenos em sonos profundos e nenhum som sobrepujava o do ronco alto de Ayana e Gillian no topo das camas beliche.

E então,só então,se permitiu relaxar.

Pensava em tudo e nada ao mesmo tempo,confusão reinava em sua cabeça,com fragmentos embaralhados de pontas de preocupações e sonhos,cada tópico brilhando mais forte em tons fosforescentes com carência de atenção.

Mas nenhum realmente lhe dava o alívio de sua paciência ou mínimo zelo.

Qualquer um poderia dizer que Ártemis Lancaster era uma pessoa solitária e intolerante. Duas verdades que ninguém estava com coragem para bater de frente com a garota. Alguns diriam que ela é violenta e rígida como um metal. Sim,mas outros,aqueles filósofos observadores que todos insistem em chamar de nerds,diziam que ela era austera e uma rebelde,mas fria e quente ao mesmo tempo,como uma queimadura de brasa em ouro puro,fria como gelo,só para depois queimar como fogo do inferno. Um calafrio inquieto em uma noite calma. Ela era uma exceção e um todo,tudo junto.

Mas,na verdade,Ártemis Dâmaris Lancaster,era uma confusão.
Ela era o sinônimo e o antônimo.
O fogo e o gelo.
O dourado e o prata.
O amor e o ódio.
O civilizado e o selvagem.
O universo e o buraco negro.
O tudo e o nada.

Entretanto,acima de tudo isso,a única certeza de todo o seu destino e sua existência,é que Ártemis não era humana.

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⏰ Last updated: Nov 26, 2019 ⏰

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