Jimin (parte 2)

Depuis le début
                                    

E ele fica paradinho, provavelmente processando, antes de se irritar:

— Park Jimin, seu Bandido! — grita, como havia previsto, e não consigo não rir. Sempre inventando apelidos para mim, por mais que me julgasse por fazer o mesmo. — Eu não estava esperando nada, tá bom? Eu não tô nem aí, tá me ouvindo?

Eu só consigo rir. Ia ficando mais claro que, se Jungkook não me afastasse, só continuaria me aproximando mais e mais. Por mais que fôssemos opostos em muitas coisas, nenhuma delas nos fazia mal, e essa parecia ser a energia atrativa entre nós.

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Durante aquele jogo, me lembro de estar mais preocupado com Jungkook indo jogar de óculos do que qualquer coisa, mas ele se deu bem na primeira partida. O que realmente não saiu da minha cabeça foram as atitudes dele. Eu segurava sua mão suavemente, sem protestos de sua parte e, quando alguém jogou uma garrafinha em sua direção, ele a abriu para beber, voltando a segurar minha mão assim que o fez, com naturalidade. Isso me deixou completamente sem rumo por um instante. Por que ele segurou minha mão de novo?

— Para de me encarar, é desconcertante — fala baixinho e, então, volto à realidade, notando que, de fato, eu o estava encarando demais de novo, para variar.

Claro, alguma coisa tinha que dar errado. Eu fico possesso quando o acertam de propósito com a bola e ficam rindo, quando o veem cair na quadra.

— Yoongi, cuide dele, por favor — peço, me levantando, vendo os idiotas dando soquinhos na mão de quem havia chutado a bola, rindo disfarçadamente. Assinto, indo ao vestiário para esperar por eles. Tive exatos cinco minutos para me controlar, antes que entrassem pela porta, tirando aquelas camisas nojentas e conversando alto. Paro bem na entrada, de braços cruzados, aguardando que viessem.

Eles esperam que eu saia do caminho, mas nem me movo.

— Que foi, cara? — questiona. Era hora de me aproveitar dos rumores sobre mim, pela última vez. Era isso ou partir cada um deles em dois, indo para a cadeia. Não queria repetir o mesmo erro de antes, porque sabia da gravidade disso. Se eu queria ser policial, já deveria ter a postura de um. Mas ninguém poderia me prender por blefar.

— Já ouviu falar de gangues japonesas? — questiono, ainda parado no mesmo lugar. — Eu venho de lá.

O mais alto encara os outros, parecendo confuso, mas impaciente para passar logo.

— Cara, que porra é essa?

— Vou te dar uma breve lição gratuita de quem eles são — começo. — Bandidos, bandidos japoneses. Como vocês gostam de falar... máfia. E sabe uma das tradições que mais é comum? Enviar partes do corpo dos reféns pra família deles. Pode ser qualquer coisa: braço, dedo... A cabeça.

Ele me encara como se eu fosse maluco, e eu, de fato, poderia ser considerado um. Estava blefando um monte, mas era a única forma de extravasar a raiva que sentia, sem encostar um dedo naqueles caras. Jungkook não fez nada para merecer aquilo, inclusive eles que começaram tudo.

— Mano, do que você tá falando? Bebeu?

— Estou falando que, se encostar um dedo naquele garoto da quadra ou respirar o mesmo ar que ele ou qualquer um de seus amigos, a cabeça de vocês vai parar nos Correios.

Ele fecha a expressão, cruzando os braços também, tentando parecer ameaçador.

— Escuta aqui, seu merdinha... — começa, mas corto, levantando a camisa e mostrando a tatuagem em japonês.

Watashi wa mangō ga kiraidesu.

Ele arregala os olhos, dando um passo para trás e, com isso, saio dali, sem dizer mais nenhuma palavra, pensando se ele realmente havia sentido algum medo. Espero apenas que não saiba como se diz "eu não gosto de mangas" em japonês.

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOù les histoires vivent. Découvrez maintenant