D E C I S I O N S

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As coisas da vida são surpreendentes. Tem coisas que acontecem do nada e por nada mas que podem ferrar ou salvar sua vida

E creio eu, que para mim, não há mais o que ser salvo

Já vivi muitas coisas, cometi milhares de erros, ter nascido foi o menor deles, ter continuado a viver foi e é o maior erro de todos

Tenho noção que o ser humano é falho, e que erros podem ser redimidos, e espero eu conseguir ter ao menos o perdão de quem eu já ferir

Porque quem já me feriu, o único perdão com sentença que dou, é a morte

- Você sabe como vai ser, não é? - Treton encosta do meu lado na arquibancada já vazia. A Magrela foi para a casa da May e ficamos de nos encontrar todos no Annie's

- É, eu sei - Respondo olhando em volta pra observar todos saírem do campo - Sinceramente, não quero ir outra vez

- Ela sente sua falta, irmão - Ele toca no meu ombro - Você sabe disso, tem que parar de correr do passado

- Não estou correndo do passado, você sabe que tenho meus motivos - Abaixo a cabeça olhando para meus sapatos

- Todos temos motivos, mas isso não quer dizer que é fraqueza - Treton dá de ombros - Foi você quem me ensinou a não fugir de quem eu sou, então não fuja de quem você é

Me mantenho em silêncio. Treton levanta e segue para fora do campo, tem coisas que irão me perseguir feito fantasmas até o dia da minha morte

Queira eu ou não, está na hora de levantar e agir

Minutos se passam. Nesse exato momento estou tragando meu cigarro antes de entrar no Annie's, pela janela da pra ver que todos estão lá felizes e comemorando

Infelizmente não estou afim de estar com nenhum deles. Hoje não é dia de comemorar, logo terei que sumir de novo

Pra mais um dia no inferno, talvez, consiga recuperar minha alma por lá

Deixo o cigarro escorregar dos meus dedos indo direto ao chão, piso em cima apagando a única chama existente nele

Respiro fundo, com passos lentos enquanto ajeito meu isqueiro no bolso da minha velha jaqueta entro no Annie's

- Atrasado como sempre, garotão - A Magrela diz rindo - Pedi uma cerveja pra você

- Quero um whisky, sem gelo - Ela me encara e dá de ombros chamando o garçom

- Chegou putinho, a puta - Yan ri. Olho para o mesmo apontando meu dedo do meio

- Trevoso, está trevosinha, ui ui - Treton faz piadinhas como sempre. Fecho os olhos rapidamente colocando na minha cabeça que o único que não deveria estar ali sou eu

- Só não enche, porra - Respondo, a Magrela senta ao meu lado e beija meu rosto me fazendo ri da sua atitude, May diz algo que todos riem mas nem dou ousadia estou apenas focado na minha menina

- Aqui está, o seu whisky, rapaz - Uma garçonete com a aparência bonita me serve, Ruby arqueia a sobrancelha, é notável a liberdade da garota comigo mas não dou a mínima

Quando dou conta da situação o meu copo de whisky vai parar na cara da garota que acabou de me servir. Ruby está com o corpo inclinado na direção da garçonete

- Está servido pra você também, sua piranha - Diz a Magrela puta com a vida. O silêncio se instala em todos que olham pra mim continuo sentado sabendo que a minha menina não está errada

- Você é louca! Eu estou apenas trabalhando - Dispara a garçonete

- Ah, quer dizer que prostituição agora é um trabalho secundário seu? - Coloca a mão na cintura - Na boa, só não te arrebento inteira porque além de puta é burra, e não ouse mais sequer colocar seu número de contato para caras comprometidos que te garanto que eu mando pra sua família o número do necrotério aonde seu corpo ou o que sobrar dele vai estar por lá

- Me desculpa, eu não sabia... - Típico de garotas ousadas se fingindo de sonsa

Observo minha pequena leoa em ação, concordo com ela, a garota veio com liberdade, ciúmes é normal e bem realmente o contato da garota está na mesa mais precisamente no guardanapo

- Pode jogar seu contato aqui, bebê - Treton interrompe a mulher e aponta para si mesmo rindo, e recebe um olhar da morte da medusa Ruby

- Juro por Deus, que você também vai junto se não calar a boca, Treton - Diz ela sentando ao meu lado - Agora volta lá e trabalha garota, senão vou conversar com seu gerente

- Nem culpo ela tanto assim, sou gostoso demais, por isso ela veio pra cima - Provoco a Magrela esperando que ela me bata

- É eu sei, do mesmo jeito que sou gostosa e tem cara em cima - Dispara de volta - E olha viu, Trevoso, pense num deserto do Saara que sou pro teu caminhãozinho aguentar




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