- E vai dar, mas se não der - dei de ombros - Mesmo assim tenho certeza que vai ser perfeito.

- Você é péssima em incentivar - Disse rindo -Está com fome?

- Sim, vamos tomar café da manhã.

Descemos as escadas conversando, a casa estava quase vazia. Eu não via sombra de ninguém, nem de Luísa, nem do pessoal que estava aqui ontem de noite. Maria Peterson estava fazendo algo no fogão, a mãe de Luck é incrivelmente generosa. Todos dessa família são.

assim que me viu abriu um sorriso grande. Antes que eu perceba, ao invés de café, ela me empurra uma cerveja.

- Servida?

- Mãe, são 10h da manhã!

- Tem gente que bebe cerveja as 10h da manhã - respondeu voltando sua atenção para o fogão

- Eu prefiro um café, obrigada - recuso a cerveja- Café me acorda.

- Se você quer acordar querida, deveria beber um copo cheio de álcool. Ou usar drogas.

- As vezes eu acho que sou adotada. - Catarina disse pegando uma maça e comendo

- Não se esquece que eu te conheci com um copo de vodka na mão - Falo pra ela

- Tinha acabado de fazer dezoito, estava louca para experimentar o mundo adulto. - Se defendeu

A mãe dela a encarou como quem não acredita. Os fios loiros igual ao dos filhos caindo no rosto.

- Você já havia bebido muitas vezes antes!

- Você está ficando louca, eu nunca ingeri uma gota de álcool antes dos dezoito!

- Acredita nela, Lily?

- Não - Catarina me encarou ofendida - Naquela noite você pareceu bem experimente.

- Aparências enganam.

- Claro. - Disse eu e sua mãe ao mesmo tempo. sorrio para ela, e bebo um pouco de café - Então... cadê as pessoas dessa casa?

- Bill e meu marido estão calvagando, Luke provavelmente está limpando os cavalos.

Assinto

- Quer ajuda?

- Não precisa, eu me viro - disse

- Não, eu ajudo. - levanto indo até a pia pronta para lavar a louça

- Vê o que eu te digo, Catarina? - questiona a filha que já sabe o que ela vai falar e não gosta - Essa é a única garota que já entrou nessa casa que é tão boa! A única escolha boa de Luke.

- Mãe, para.

- Sabe, Lily - virou para mim - Espero que não se sinta ofendida mas eu tenho que falar. Todos nós sentimos quando você foi embora. Você já era parte da família, demorou muito para aprender a viver sem você.

- Eu vou limpar o galinheiro - Catarina disse mal humorada. Quando ela saiu eu continuei a lavar a panela em minhas mãos tentando parecer o mais normal possível diante do assunto.

- Meu filho demorou muito para se erguer de novo.

- Foram só três meses. - Eu respondi focada na panela

- Três meses muito intensos. Olha ele aí, conhece essa Penélope a um ano e meio e nunca teve, nunca chegou perto do que ele teve com você em três meses.

- Eu não quero falar sobre isso.

- Eu vi todas as vezes que aqueles papéis chegaram, e eu aposto que se correspondência internacional não fosse cara, você teria enchido essa casa como no filme de Harry Potter.

Me mantive em silêncio, conheço Maria o suficiente para saber que quando está com algo preso na garganta ela tem que falar.

- Eu vou pedir o dinheiro de volta a seu filho - digo em uma tentativa falha de piada

- Entendemos a sua decisão, você tinha uma vida que não podia deixar para trás. Mas ainda sim, doeu. E sobre o tempo que tiveram juntos, tempo é só um detalhe.

Lavo a panela e coloco para escorrer indo para a próxima.

- Deixe a garota em paz - Seu marido e pai dos seus filhos chegou

- Quantas vezes vou dizer para não entrar na cozinha com botas de calvagar? - Ela perguntou brava

- Me desculpe, só achei que deveria salvar a menina. - Abaixou o chapéu para mim. Eu sorrio para ele.

- Já volto, Lily. Não precisa terminar essa louça se não quiser, vai visitar um pouco da praia.

Ela saiu da cozinha limpando as mãos e brigando com o marido por ser tão sujo. Eu continuei lavando a louça, prato por prato, e quando terminei sequei minhas mãos no pano ali perto e olhei pela janela.

Luke estava andando com um belo cavalo cor de areia, desculpe, sou péssima para relatar cor. Ele deu uma maçã para o mesmo que comeu com agilidade. Então ele sorriu para o mesmo e olhou para mim.

Não parecia surpreso. Provavelmente já havia me visto lavando louça de frente a janela. Ficou parado me encarando, eu sabia que estava pensando em alguma coisa. Luke deu meia volta com o cavalo e o deixou em alguma canto fora do meu ponto de vista. Então ele foi se aproximando da casa, calmo. Ao invés de entrar, Luke parou na janela, de frente a mim. Apenas uma parede nos separando e mesmo assim, me pareceu uma aproximação tentadora.

- Quer calvagar?

ergui uma sobrancelha esperando a risada, ele está falando sério? É claro que ele está falando, eu o conheço suficiente para saber quando está falando sério ou não.

- Você vai assinar os papéis?

- Não.

- Então a resposta é a mesma.

Ele ficou me encarando, observando todos os detalhes de meu rosto. Tocou seu chapéu em um aceno e deu meia volta.

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