Capítulo 1

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Cinco anos depois

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Cinco anos depois

Hampshire, 20 de junho de 1819.

Três semanas haviam se passado desde o casamento de lorde Henry Blackburn com a senhorita Annelise Clarke. A família havia permanecido em Londres, na sua residência em Mayfair, Blackburn Hall, por mais algum tempo, a fim de permitir aos recém-casados um pouco de privacidade no campo, antes de retomarem a rotina habitual.

Lady Valerie fora a que mais pestanejara a respeito de sua estadia em Londres. Adorava sua casa do campo e, apesar de gostar dos holofotes da capital e da nobreza, ansiava por um tempo de tranquilidade em Hampshire. Em uma das tardes de chá na propriedade urbana, não aguentara mais e acabara desabafando com as filhas.

— É simplesmente um absurdo ter que sair de minha própria casa para dar privacidade a um rebento e sua esposa!

— Ora, mamãe! — Mary dissera, de modo travesso. — A casa será deles em breve, quando se tornarem conde e condessa de Ashworth.

— Exatamente. — Valerie havia cortado sua fala. — Quando se tornarem! Seu pai ainda se encontra bem vivo, não vejo a senhorita Clarke tomando meu lugar tão cedo.

— Lady Blackburn, mamãe — Natalie a corrigira. — Ou se esqueceu de que somos uma família agora?

Era óbvio que seriam uma família dali em diante, mas isso não significava que a condessa tornaria as coisas fáceis para ninguém. Natalie sabia o quanto a mãe sabia ser ferina e evitava momentos em particular com ela, a fim de fugir de sua persistência sem igual.

Era por isso que a dama estava escondida no sótão de Beaumont Abbey, com um pincel em mãos e uma tela a sua disposição. Odiava qualquer cômodo da casa de campo, mas ali, cercada por suas pinturas e pela imensa luz que adentrava a janela pequena da torre, ela se sentia tranquila.

Tinha apenas dezesseis anos quando lorde Frederick dissera ter uma surpresa para a filha, que se tornara tão reservada e melancólica. A jovem mal pudera acreditar em seus olhos quando, após subir quarenta degraus, encontrara em uma das torres da mansão um cômodo circular, pequeno e completamente aconchegante.

— Ora, papai, o que é tudo isso? — ela perguntara ao homem que respirava ofegante enquanto segurava-se em uma das paredes do cômodo.

— Sei o quanto gosta de pintar — ele dissera, tentando regular a respiração. — E imaginei que um ambiente particular seria exatamente o que você precisava...

A jovem sentiu os olhos marejarem e abraçou o pai, tomando cuidado para não apertá-lo demais. Não estava tão velho na época, mas sua saúde já se encontrava debilitada. Desde aquela tarde de verão, em que o pai lhe dera um dos melhores presentes que poderia ganhar em toda sua vida, Natalie passava horas e horas naquele cômodo.

Estava absorta em sua mais nova pintura, quando ouviu passos ecoarem da escadaria que levava até seu ambiente privado e colocou-se em alerta. Seu coração acelerou-se, e os pelos de seu corpo se eriçaram. Estava prestes a procurar algo para se defender, quando viu os cabelos escuros da irmã aparecerem lentamente na porta de entrada.

O Mistério de Lady Natalie | Irmãos Blackburn 2  [APENAS DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora