Capítulo 6 - Adeus

21 2 0
                                    

As coisas ficaram diferentes depois do acidente, com o auxilio do governo por causa do interesse na experiência que me trouxe de volta, nós consertamos a cozinha, mas Kevin estava diferente. Ele era frio, não mais tão carinhoso, quando surgia alguma situação tensa ou desconfortável em vez de fazer suas costumeiras brincadeiras para aliviar o clima ele apenas se calava. Ah! E ele nunca mais esqueceu que eu não precisava comer ou dormir, as vezes ele até me perguntava se eu precisava de água e ou de recarga durante o dia.

Com o passar dos dias não só isso que mudou, Kevin passou a não mais me procurar a noite e sempre que fazíamos, ele me perguntava se eu queria parar já que "eu não sentia mais nada". Ele então começou a não tomar mais o café da manhã comigo, não que eu comesse algo, mais era pela companhia mesmo, ele disse que pegava muito trânsito e não queria se atrasar, ele também voltou com o despertador, disse para eu "carregar tranquilamente" e que eu deixava ele ficar tempo demais na cama, sendo que eu deixava no máximo uns 5 minutos. Logo Kevin passou a chegar tarde em casa, eu nunca fui do tipo namorado ciumento, mas comecei a me preocupar, ele nunca me deu motivos nem quando eu estava "morto" ele viu alguém e ele não me trairia, mas a desconfiança não é algo racional e eu sendo uma pessoa ainda, tinha minhas preocupações.

Há uns três dias Kevin além de chegar tarde começou a chegar bêbado, eu me preocupava por ele dirigir nesse estado e sugeri que ele deixasse o carro e viesse de táxi ou outro meio, ele me respondeu "não se preocupe eu não sou tão imprudente e quem é ruim de volante aqui não sou eu, você tem um acidente pra provar isso" ele falou num tom debochado, e eu quis acreditar que ele quis brincar que por estar bêbado errou o tom e errou feio, aquilo doeu, ele claramente fez menção ao meu acidente.

Desde que eu cheguei eu sinto que não tinha mais voz, tudo o que eu queria era gritar, mas eu não podia, ninguém podia saber da minha existência e os poucos que sabiam eu não me sentia confortável para falar certas coisas. Eu sentia muita falta dos meus pais, mas sabia que mesmo se eu pudesse eu não iria vê-los, era remexer numa ferida muito profunda, sentia falta dos meus amigos, mas eles tinham seguido em frente, sentia falta do Billy, eu sempre via ele com a senhora Morris e o Lord e me dava um aperto no peito e principalmente eu sentia falta do Kevin, que dia após dia eu o sentia cada vez mais distante. Hoje eu não aguentei, ao esperar Kevin vir tarde e provavelmente bêbado resolvi questioná-lo, mas e se ele não mais me amasse? O que eu faria? Ele era "responsável" por mim. Ele me abandonaria no hospital? Não! Kevin me ama, ele sofreu por mim! Era só uma confusão passageira. Eu ouço passos conhecidos tropeçando no corredor e me preparo.

-Boa noite! - ele fala meio enrolado e com um semblante infeliz, claramente embriagado.

-Oi Kevin! - eu falo meio bravo e ele nem liga indo em direção a sofá e se esparramando nele- Kevin! Precisamos conversar.

-Ah! Pelo amor de Deus! DR!? Sério!? Agora!? - ele fala jogando a cabeça para trás no encosto do sofá e eu por estar e pé olho com firmeza.

-Não é DR, só uma conversa de adultos- eu falo e ele resmunga-Eu venho adiando isso a tempo demais.

-Então, você não se importaria em adiar mais um dia né!?- ele fala olhando para mim finalmente, mas com uma expressão de tédio.

-Não! Tem que ser hoje- eu bato o pé, de hoje não passava.

-Ah! Joshua, qual é! Eu to cansado, bebi umas a mais...- ele fala se levantado meio cambaleante e indo em direção ao quarto, mas eu seguro o seu braço fazendo-o virar e me encarar.

-Exatamente! Eu nunca vejo você! Você sai correndo de manhã não toma mais café comigo...

-Eu já disse o porque e você nem come- ele fala baixinho se justificando com desdém, eu ouço e ignoro continuando a falar.

AliveWhere stories live. Discover now