Capítulo 01 - Rotina de um fracassado

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— Quem é a morena mais gostosa desse mundo? Quem?

Vi Tiago fazer cara de palhaço abobado enquanto uma moça se aproximava rindo. Ela o abraçou de forma preguiçosa e depois o soltou começando a ir embora, seguindo seu caminho.

Geralmente, a gente pula anos após o prólogo, mas vamos fingir que isso não é uma novela mexicana e vamos apenas pular umas cinco ou seis horas.

— Espera dona, preciso te perguntar uma coisa — Ele a puxou de volta e a fez o encarar apertando suas bochechas. Eu tive a impressão de que, ou ela estava com muito sono, ou ela não queria falar com ele, pois além de estar com o corpo bem mole, mal conseguia manter seus olhos fixos nele. — Já arranjou alguém para dividir as despesas?

— Não. A Flávia me fez o favor de espantar todas as meninas que podiam me ajudar.

— Então eu tenho a solução da sua vida! — Ele ergueu os braços como um idiota comemorando a vitória de alguém, e depois passou um braço em volta dos ombros dela. A fez se virar e olhar para mim. — Pense em um cara gente boa que não faria mal nem para uma barata! Pensou? Isso mesmo, é esse aí que está na sua frente.

— Hum... E? — Era engraçado como ela sequer fixou o olhar em mim. Tá que o dia estava uma merda e eu parecia ter sido atropelado, e eu estava de pernas bambas achando que o plano não daria certo, e que... bem, resumindo, precisava fingir que não existo?

— Acontece que ele está precisando de um lugar para ficar. Rolou umas paradas chatas entre ele e um cara da república e agora ele está saindo de lá.

— Hum... Ele é gay?

— Não! — respondi rápido e surpreso com a pergunta. Fui traído... será que a Anne também pensava isso de mim?

— Então não rola. Ou mulher ou gay.

— Qual é! Dá uma chance pro cara! — resmungou Tiago.

— Nem pensar! Isso é roubada.

Ela retomou seu caminho, mas Tiago a puxou pela mão fazendo-a voltar.

— Qual é, dá uma forcinha! Se ele te atacar no meio da noite você pode me ligar que eu mesmo o parto ao meio — Fiz careta com a possibilidade. Tiago sempre perdia quando brigava comigo. — Pô, ele está precisando de um lugar para ficar... Ajuda môzinho! Eu sei que se você não arranjar alguém logo vai ter que voltar para a casa dos seus pais.

Ela cruzou os braços resmungando e pronunciando alguns palavrões que não ouvi direito. Depois soltou os braços e suspirou cansada.

— Beleza, mas nada de mulher lá — E finalmente me olhou, mas não nos olhos, e apontou o dedo para mim. — Quando for transar com alguém, dê um jeito de pagar um motel. Também não rola festa por lá, o sindico é um porre. Som alto só quando eu não estiver dormindo e tem que se virar nos trinta para pagar a sua parte em dia.

Eu sorri e concordei instantaneamente apenas com um movimento de cabeça. Tiago havia me alertado de levar metade do aluguel para a faculdade e entregar a ela. Sabe como é, passar uma imagem boa. Por isso, abri a carteira e a olhei todo feliz como se estivesse mandando em alguma coisa.

— Quero me mudar hoje, qual é a minha parte do aluguel?

— Hoje? Mas porque essa pressa toda?

— Ah... É que na república eu durmo em frente ao quarto do cara que... bem... Posso me mudar hoje?

— Hum... Tem certeza que não é gay? — Ela me olhou desconfiada e Tiago riu a abraçando.

— Môzinho, no momento acredite no que te faz feliz — Ela suspirou e pegou o chaveiro no bolso detrás da calça.

[DEGUSTAÇÃO] Segredos de um namoro fajutoWhere stories live. Discover now