de peito aberto

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— Você... não vai gostar. — recusou Ivo.

Sequer sabia o que fazia ali, após conhecer os amigos de sua amiga, aceitando o estranho convite tão tarde na semana seguinte, após o cinema. Mal conheciam-se. O filme que viram no computador havia encerrado também, e os lanches do delivery estavam no fim, por serem guardados ou descartados.

— Vou! Eu vou sim, não importa qual o... — contestou Adão agitado antes de acalmar-se, receoso de o assustar — Eu... acho que o amo. Então... amo você, você todo. Até você com esse medo bobo. — sorriu.

Não é bobo! — Ivo explodiu frustrado em não ser entendido ou fazer-se entender. — Não é quando... — sussurrou — é o único a ir de camisa para a piscina, ou à praia, ou... quando confiou em alguém que disse...

— Mentiras, certamente mentiras, foi o que disseram. — afirmou com seriedade ao notar a preocupação do outro, mesmo que não a compreendesse. — Vem, está tudo bem. — garantiu ao convidar novamente.

Ivo pegou a mão oferecida, e recostam-se à cabeceira da cama, com seus pensamentos não compartilhados. Não saberia dizer quando a mão de Adão lhe tomou os cabelos, mas estava ali, zelosa demais para quem conhecia a tão pouco tempo e distantemente. E deu-se conta que não estava em um lugar neutro, e sim na casa de quem mal conhecia. Então seria ele a sair do território inimigo e atravessar toda a cidade para voltar para sua casa, com toda a vergonha e desânimo que pudesse reunir para caminhar.

— E se fosse no escuro? — insistiu Adão.

Encarou aqueles olhos repentinamente surpresos que haviam levantado para o encarar.

— Se apagarmos as luzes, ainda seria estranho? — prosseguiu.

— Ta-talvez... — respondeu apreensivo.

Adão apagou as luzes, e fechou as cortinas para que nenhuma claridade se atrevesse a espiar, então subiu na cama, sem ver o rosto na escuridão tal como apenas sua silhueta e brilho dos seus olhos era visto, entre um piscar e outro. Ivo ainda parecia preocupado e tenso, e Adão esperava que pudesse ver seu sorriso, ou o ouvir quando tocou o seu rosto antes de afastar a franja cacheada e beijar o local, descendo pelos olhos até os lábios, e o pescoço e o queixo.

E novamente, mais apaixonado agora, no toque mais morno das línguas. Adão tirou a camisa ao levantar-se, buscando mais daquele toque em seguida e deixando que as mãos percorressem o outro corpo, pressionando a cintura oscilante da expectativa de Ivo.

Ivo queria entregar-se tanto quanto via o outro fazer, queria esquecer todos os julgamentos sofridos, todos os receios, e se novamente fosse o caso de existirem, gostaria de não importar-se. Puxou-o mais, em expectativa de o devorar como Adão esperava que o fizesse, no entanto moveu-se para escapar das mãos intrusas que tentavam invadir sua camisa.

Teve certeza do cuidado quando Adão retornou aos beijos apaixonados em seu rosto, e notou-se beijando sorrisos e dentes antes de ter sua bermuda desafivelada, porém não aberta, com o outro ainda cuidadoso com os passos de seu umbigo e descendo, sobre o tecido. Até o nome de Adão ser resgatado do fundo dos seus pensamentos confusos, e sussurrado.

De frente para o outro desafivelou o próprio cinto, expondo-se apenas de cueca ainda que não pudesse ser visto. Foi afastado repentinamente quando Ivo sentou-se mais e livrou-se completamente das roupas afrouxadas antes. Respiração contra respiração, sentiu a mão curiosa sobre o único tecido que ainda o cobria, e abraçou-o com dedicadas cócegas dos beijos no pescoço enquanto permitia a invasão antes de ser massageado. Tirou então a peça, expondo-se mais à escuridão. Buscou ar, e Ivo o entregou.

Tocou-o com delicadeza enquanto Adão lhe vestia o preservativo, ainda curiosos, e talvez também lhe amasse, o que lhe seria ainda mais doloroso ao partir. Ouviu seu nome, cada sílaba um sussurro diferente para terminar em um suspiro quando deitou-se sobre Adão, movendo-se. Enlaçou-o com um dos braços, o aproximando mais para entregar todos os beijos que havia recebido, o quadril fluído afastado o suficiente para que a massagem não cessasse, quando sentiu os dedos novamente na barra de sua camisa, exploradores.

Adão & IvoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora