"a medida que eu ia fumando, ela me parecia mais impossivel ainda."

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As vezes eu acho tão engraçado, como eu tenho dificuldade em falar sobre os meus sentimentos. Porém tenho a maior facilidade em escreve-los. Com todos meus poréns, mas e vias de fato. Não só sentimentos, como todas minhas ideias revolucionárias, planos de futuros, paixões, medos de impresvistos e etc. Organizar os pensamentos na cabeça e depois escreve-los deveria ser uma espécie de terapia. Ao meu ver é uma forma de escancarar aquilo que você está sentindo com toda a licença poetica. Sem ninguém cagar regras. Porém, nem sempre temos um bloco de anotações quando mais precisamos.
Eu olhando pra ela, um dia desses, senti a necessidade de expor minhas opiniões mas percebi que não convinha com a situação ali, vivida por nos naquele momento. Um cenário de amor, com a cama e os cabelos bagunçados, um cheiro de corpo suado pelo espaço, e o cheiro de sexo nas narinas. Acho que isso me calou.

_ Ei, o que você esta pensando _ disse ela, fumando um cigarro depois de alguns longos minutos transando _ não está com uma cara boa.

_ Não sei, tendo problemas com minhas decisões. Inseguranças. _ precisava escrever.

_ Ei gato, sei que as coisas estão ruins. Mas tudo passa é tudo passageiro._ ela me abraçou e eu senti como se aquele abraço fosse o ultimo abraço que eu iria sentir na vida.

 
                             ***

Acordamos de manhã cedo, ambos com esperanças de um dia melhor que ontem. Fiquei a olhando, o olhar era tão recíproco. Não sabia meus reais sentimentos por aquela garota, e nem ela sabia o que ela estava fazendo, aliás era uma loucura. Nos beijamos com o halito de uma noite turbulenta.
Sonhei que viajei pra um lugar distante, em que a felicidade não existia. Via minha mãe morrendo em algum lugar que parecia ser a minha casa. Vi ela partir para os braços dele novamente. Por fim, desesperançoso
eu me vi morrendo não sei por que, e nem por quem. Eu acordei triste, por que o sonho poderia ter sido real, eu gostaria que fosse real.
Ciara colocou suas pernas sobre o meu pau, ja imaginei que coisa boa não vinha daquela situação. De manhã eu acordo com extremo tesão e pelo que parece ela também.
Nossas fodas nunca são rapidas, as de manhã nunca começa com preliminares. Eu a deixo gozar primeiro, antes de ter o meu êxtase, pois para o homem o quanto mais demorado for, mais tesão ele vai sentir e mais jatos ele vai jorrar.
_ Você transa muito bem _ disse ela depois de um longo beijo após gozo.
_ Você é maravilhosa.
_ Lêal, precisamos nos resolver.
_ Ciara, você precisa se resolver.
_ Eu estou extremamente afim de você. Isso não poderia acontecer. As vezes me dói. Destratei o que foi conversado com ele.
_ Você acha que quando estavamos transando não fiquei pensando nisso? Aliás, ele é amigo também.
_ Eu vou terminar, juro.
_ Baby, nos parece meio impossivel. Nos dois juntos, minha amizade com ele.
_ Mas, eu to sentindo Leal, eu te quero.
Ela reposou sua cabeça em meu peito. E me abraçou, tão forte. Nāo queria que aquilo acabasse. Por mais que eu esteja escondendo meus sentimentos. Eu queria ela também.

Eu a acompanhei até a estação de trem. Dei um longo beijo nela, sabendo que aquele poderia ser o último. Mas não era, não era pra ser.
Quando cheguei em casa, parece que os turbilhões de sentimentos vieram a tona. Sentei no meu colchão e bolei um baseado. A medida que eu ia fumando, ela me parecia mais impossivel ainda.
_ Leal _ Ouvi um grito de minha mãe.
Fui até ela pra ver o que ela queria. Mesmo eu sabendo o que ela queria.
_ Quem estava ai com você?
_ Ciara, mãe.
_ O que você quer com essa garota, menino? Você acha que ela é futuro pra você? Nem trabalho ela tem! Realmente ela é feita pra você. Dois vagabundos, fracassados que não querem nada com a vida...

Eu conheço minha mãe o suficiente pra saber que aquilo que ela estava fazendo era pra causar alguma discussão, ou na pior das possibilidades pra me dar um choque de realidade.
Mas que choque de realidade que eu precisava, aliás, em todos meus surtos nos últimos tempos era o que mais ocorria, choques de realidades.
Alguns menos piores era o que tudo que minha mãe me dizia era absolutamente verdade. Outros eram eu me confirmando ser o pior tipo de pessoa, sobre eu ser futil, um corpo morto.  Que faltava apenas a morte da consciência.
Subi pro meu quarto, estava sem paciência para ouvi-la. Decidi escrever. Algo que seja apenas um poema, ou um texto de 10 paginas. Pra mim era tão prazeroso estar escrevendo aquilo, estar escrevendo qualquer coisa na realidade. Peguei meu caderno, e algumas canetas.
Nassa tarde saiu algums fragmentos de poema, todos sobre a Ciara. Ela não saia da minha cabeça. Após alguns cigarros queimados, e com a minha ansiedade prestes a começar a atacar. Decidi ir pra rua pra pensar um pouquinho sobre tudo o que estava acontecendo. Quando sai do portão, vi que o dia estava meio nublado mas estava um ar muito gostoso. Do tipicos ar festivo ou comemorativo. Mas eu não tinha nada pra comemorar. Comecei a andar meio que sem destino, assim como a minha vida andava.
Sei que pareço um pouco pessimista, talvez eu seja.
Fui até a casa do Gustavo, meu melhor amigo. Quando fui atendido pela sua avó, e disse que ele não estava em casa, pois tinha ido trabalhar.
_ Ah, achei que ele ja tinha chegado. Obrigado, dona Ana. _ e sai. Sem um caminho, resolvi voltar pra casa.
Meu quarto sempre estava desarrumado, com o colchão sujo de cinzas, alguns ziplocks espalhado pelo chão junto com garrafas de bebida. Na última noite, antes de Ciara chegar e desfazer o pacto que tinha feito com ele, antes de deixarmos os cheiro de nossos corpos suados pelo espaço, alguns amigos meus vieram aqui em casa, para comemorar o incomensurável, tudo. Mas sempre tinhamos assuntos para conversar, gente para zoar, músicas para escutar, bebida para beber, e maconha pra gente fumar. Era o que precisavamos. Um grupo de jovens, fodidos da vida, e sem perspectiva de futuro. Alguns mais velhos no caso de Pedro. Que tinha seus 29 anos era o único que não fumava maconha. Porém tinha Lucas, que com 20 anos fumava mais maconha que todo mundo junto. Eu e gustavo tinhamos 21 anos. Estudamos juntos, e ele que apresentou o nosso grupo de amigos. Algumas vezes meu irmão, Erick, participava. O que deixava minha mãe muito brava, ele era mais velho do que eu, conheceu o nosso pai mais que eu. Ele entre as pessoas ao meu redor, era o que mais me entendia, mas não sei se eu entendia ele. Erick tinha uma filha, chamada Ester e vivia fodido da vida por causa das pensões não pagas, quem geralmente pagava era nossa mãe, pois nunca parava em um emprego.
Decidi levantar, e tirar as garrafas de bebidas do meu quarto, e dar uma varrida nas cinzas. Eu percebi que quando a cabeça está desorganizada, o quarto reflete.

A noite foi densa,     
Como os machucados que você deixa              em meu corpo.                                
         A noite foi louca                        como a confusao que você faz em minha cabeça.                           
          A noite foi calorosa         
como os nossos corpos juntos suados...

Como se fosse o ultimo abraço que eu iria sentir na minha vida.Where stories live. Discover now