- Não foi sua culpa. - Sussurrou me abraçando apertado. Fechei os olhos, tentando segurar a tristeza que enchia meu peito. - Não é sua culpa. - Neguei com a cabeça, sentindo minha garganta dolorida. - Ele não morreu por sua culpa, Din. - A afastei, me negando a olhá-la.

- Eu vou tomar banho. - Minha voz saiu mais fraca do que eu esperava. - Depois conversamos. - Forcei um sorriso, seguindo até a porta. - Obrigado... - Sussurrei, segurando a porta para ela passar. Tess bagunçou meus cabelos antes de sair sem falar nada.

Eu sei que ela estava mentindo, ela sabe que foi minha culpa.

Eu sei que foi minha culpa.

×××

Lory.

- Mãe, eu sei que você está aí. - Mordi minha torrada, observando a curva do corredor. Mamãe está ali desde que eu levantei, ela está me encarando e se escondendo, como se fosse uma stalker perseguidora.

- Ah - Murmurou saindo de seu "esconderijo". - Que vergonhoso ter sido pega assim... - Juntei as sobrancelhas, não acreditando em suas bochechas levemente vermelhas. - Desculpa, filha. Eu estava apenas observando seu comportamento. - Achei ainda mais estranho quando ela se sentou sorridente ao meu lado.

Que sorriso estranho.

- Por quê? - Me ajeitei no banco, apoiando os cotovelos na ilha da cozinha. Seu sorriso aumentou, e eu quase me esgasguei quando suas mãos foram parar em meus cabelos, os tirando do meu rosto. - Mãe, você está me dando medo. - Admiti, engolindo a torrada. Mamãe me olhou por alguns segundos e depois riu, uma risada estranha e baixa.

- Ontem eu vi quem veio te deixar aqui em casa. - Contou, deixando meus músculos tensos. - Eu vi quando ele saiu do carro e te abraçou, como ele te abraçou. - Desviei a atenção de seus olhos verdes, sentindo meu coração acelerado e meu rosto quente.

Ela não pode saber o que aconteceu.

- C-claro, ele é meu amigo - Mordi os lábios, fitando estrela que comia sua ração. Seu pelo preto está mais brilhante por causa do banho. - Não fique pensando nessas coisas, não aconteceu nada. - Respirei devagar, e então a fitei. Mamãe tinha os olhos semicerrados, como se estivesse observando meu rosto, tentando encontrar algum traço de mentira.

- Eu não acredito! - Bateu na ilha da mesa, fazendo eu me afastar e quase cair do banco. - Como você pode não ter feito nada? - Seu tom de voz voltou ao normal, mas seus glóbulos incrédulos continuavam os mesmos. - Não foi assim que eu te ensinei - Apontou, parecendo irritada.

Me levantei do banco, levando minha torrada junto comigo.

- Eu não sou uma tarada. - Mordi minha comida, indo em direção as escadas. - Papai me ensinou a não ser pervertida como a senhora. - Subi os degraus, rindo com sua expressão surpresa.

Entrei no meu quarto, observando a nova cor de parede. Acho que o azul bebê caiu melhor do que o branco. Me joguei na cama, relembrando toda a noite de ontem. É impossível não ficar com o coração descontrolado e com um sorriso no rosto ao lembrar de tudo.

Realmente aconteceu...

Mordi os lábios, encarando o teto e tentando segurar um sorriso idiota em meu rosto. Peguei o travesseiro ao meu lado e escondi minha face com ele. Eu podia sentir minhas bochechas quentes e meu peito latejando.

Esse sentimento é incrível.

Meu celular vibrou, me tirando dos meus queridos desvaneios. Me levantei ainda agitada, e peguei o aparelho, ficando paralisada ao ver as mensagens em minha tela.

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