Prólogo

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Enquanto deveria estar preparando minhas aulas, meu cérebro não respeita minha decisão, e as lembranças de como conheci a Pietra me invadem com toda força possível, em um misto de nostalgia e apreensão. Já estávamos juntas há algum tempo, cerca de cinco atrás para ser mais exato. Nunca havia me relacionado com mulheres, a Pietra foi a primeira e única. Conhecemo-nos em uma balada eletrônica onde ela era DJ, não demorou muito para que eu me sentisse atraída por aquela morena alta, de cabelos curtos e olhos azuis, com várias tatuagens e piercings, aquele ar dominador me atraiu no primeiro instante, não demorou para que rolasse nosso primeiro beijo, nosso primeiro sexo e irmos logo morar juntas. Depois pareceu fazer mais sentido quando o povo diz que sapatão namora e logo vai morar junto, tudo em menos de uma semana, foi exatamente o que aconteceu comigo.

--Terra chamando GIOVANNA! -acordei do meu transe com estalos de dedos na minha frente. -Para de viajar na maionese.

--O que você quer? -perguntei mal humorada.

--Nada. Apenas quero saber para onde o pensamento da minha querida irmãzinha está voando, aposto que está pensando na Pietra. -Renan respondeu zombeteiro.

--É isso mesmo. Tô tentando entender em qual momento o meu namoro se perdeu e como posso consertar as coisas. -disse sabendo que viria um sermão a seguir.

--Já te falei o que penso e sei que você não concorda, mesmo assim vou repetir pra ver se você cria algum juízo na sua cabeça. Você e a Pietra não se amam mais, na verdade acho que vocês nunca se amaram, o que rolou foi apenas atração física, paixão e fogo de palha, mas não um amor verdadeiro. Agora só não entendo o porquê de vocês não se separarem, mas ficam empurrando essa relação com a barriga.

--Não é bem assim maninho, nós apenas estamos passando por um momento ruim e...

--Giovanna Andrade, para quem você pensa que estar mentindo? Te conheço há vinte e sete anos. Diga na minha cara se você ama aquela imitação fajuta de Ruby Rose.

--Eu acho que não. -disse em dúvida se realmente amava ou não a Pietra, eu podia apenas estar magoada.

--Sabia que estava certo desde o principio.

--Também não é assim. Apenas acho que deixei de amá-la porque sei que ela está me traindo.

--Um amor verdadeiro não morre do dia pra noite. Você tem alguma prova de que realmente tá sendo corna minha querida irmã? -indagou me arrancando um sorriso tímido.

--Ela chega em casa quase sempre cheirando á um perfume floral e a minha intuição diz que não sou a única na vida dela, geralmente meu sexto sentido nunca falha.

--Realmente, isso é verdade. -meu irmão disse sentando do meu lado. -E o que te falta então pra terminar essa relação, criatura? Vocês duas parecem que estão acomodadas, não se amam, mas também não terminam.

--Não é bem assim Re, não tenho certeza absoluta se estou sendo traída. Talvez eu até ame a Pietra, mas nossos horários não coincidem.

--Jesus, Maria e José, deem-me paciência ou juro que esgano a minha irmã! Ou ama ou não ama, não existe meio termo. Nós vamos saber se ela está te traindo ou não.

--Mas como? -perguntei curiosa.

--Vamos tratar de pensar. Você não sai da minha casa antes que tenhamos uma ideia em mente.

XXXXXXXX

Apesar de o meu irmão achar que minha namorada e eu não nos amássemos, eu via as coisas de uma maneira diferente. Depois de cinco anos era perfeitamente normal que não tivéssemos mais o mesmo fogo e paixão do inicio, sem falar que nosso horário de trabalho era completamente incompatível. A Pietra trabalhava como DJ durante toda a madrugada enquanto eu lecionava português nas turmas de ensino fundamental de uma escola particular durante o dia, logo, quase não nos encontrávamos. Meu irmão também era professor na mesma escola, só que ele lecionava geografia.

Nosso Estranho AmorWhere stories live. Discover now