AFETO AFETA A FERA

Toda a dor desaparece num olhar

Silêncio é o teu nome.
Meu corpo agora dança sozinho.
Tenho as músicas e o meu maço de saudades.
Nada mais.

Não escuto o que disse,
Simplesmente me faça um convite.
E se conseguir, recite
Aquelas doces palavras que no final você pediu para que eu te excite.

Sinto o gosto da noite contigo enquanto fumamos.
Quatro pulmões queimam juntos.
Transas alucinantes.
Os quadros pendurados me lembravam o mar.
Meu único medo é me queimar demais.

Se quiser falar sobre desperdícios e solidões,
Olhe pela janela comigo.
Deixa que tudo atravesse o quarto, além do teu corpo que se vai andante.
Adiante pela sala, teus pés descalços me pisam.
Nos reconhecemos, um ao outro no prisma.
Mesmo com tantas luzes e os olhos cerrados,
Fuzilavamos a face do que queríamos sentir de perto.
De fato,
Nada muito abstrato.
Além dos desejos não reprimidos de um corpo abismado.
Tudo me dói, até que com o tempo, o corpo corrói.
Tudo o que eu quero é vibrar,
Como a tua meditação que te eleva. E te faz rasgar, mágoas passadas.
Quero me desfazer em milhões de mim e soterrar tudo o que me fere.
Se puder afogar suas dores com as minhas,
Tente nos deixar leve por um único dia que eu me vou, voando cansado de sentir tudo isso.

Enquanto todo o resto desaparece,
Te agradeço pela prece.
Em teus dedos celestes, em que me afundei tão rapidamente.
Repete.
Mãos que me deixaram encostar numa calmaria nunca antes vista.
Pelo teu doce toque, todo o resto não fazia mais sentido.
Alma de artista que me faz delirar.
Eu me dissolvo e me reconstruo
Ao te olhar diretamente
Enquanto bebo tranquilo mais uma dose de cachaça.
Nós dois sabemos que o amor é um dos melhores jogos e às vezes uma enorme trapaça.
E que perder ou ganhar,
É consequência de tentar.
Estar
Um pouco
Mais
Vivo.

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Instagram: meucorpoeumbalao

Autor: Lucas Alexandrio - sob pseudônimo de Ellai Ungle